[ANÁLISE] Metaphor: ReFantazio é o meu GOTY

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Recentemente, tive a oportunidade de jogar Metaphor: ReFantazio, o mais novo RPG da Atlus. O título explora novos caminhos e vai na direção oposta ao que a empresa tem feito com Persona nos últimos anos. Mesmo assim, ele mantém fielmente muitos elementos que a Atlus desenvolveu ao longo dos anos em jogos como Persona e Shin Megami Tensei.

Metaphor: ReFantazio traz um universo de fantasia medieval que lembra os antigos Final Fantasy. Ao mesmo tempo, ele apresenta aspectos familiares dos projetos mais recentes da Atlus. Embora se inspire em elementos de jogos passados, Metaphor se destaca por ser único em tudo o que tenta, seja na história, gameplay ou nos personagens.

Sem mais delongas, vamos direto ao que interessa. Vamos comentar sobre as partes técnicas do jogo e como Metaphor: ReFantazio executa um trabalho primoroso nessa área.

A história de Metaphor: ReFantazio mistura a realidade e a fantasia

Um dos principais pontos fortes de Metaphor: ReFantazio é sua história e narrativa. Isso foi o que me prendeu profundamente. Diferente de outros RPGs que nos transportam para mundos de fantasia convencionais, o jogo traz conflitos políticos e religiosos dignos de Game of Thrones. Ao mesmo tempo, incorpora elementos de fantasia comparáveis aos de O Senhor dos Anéis.

Desde o início, o jogo nos surpreende. Ele pede que escolhamos um nome para quem narra a história, mas não se trata do protagonista — esse nome aparece depois. O jogo estabelece de imediato que estamos tanto em um mundo de fantasia quanto na realidade.

Enquanto o universo de magias e dragões existe de fato, o protagonista sonha com uma realidade semelhante à nossa, com carros, pessoas sem poderes mágicos e governos que “buscam por igualdade”.

Metaphor: ReFantazio

Outro tema marcante envolve a identidade do protagonista. Ao contrário dos “elfos” e outras criaturas do mundo, ele é apenas um ser “sem chifres ou orelhas longas”. Basicamente, é um humano normal na nossa concepção, o que, naquele universo, representa quase uma maldição.

Em resumo, e sem entrar em muitos detalhes, o protagonista precisa competir com outros para se tornar o novo rei após a morte do antigo monarca. O responsável pelo assassinato é o antagonista, Louis. A história, no entanto, merece ser apreciada em todos os seus mínimos detalhes.

O incrível vilão do jogo

Vamos comentar rapidamente sobre o antagonista da obra, responsável pelo caos inicial e pela corrida pela coroa. Louis é um dos vilões mais carismáticos dos JRPGs atuais. Ele é maligno e conta com ajudantes igualmente cruéis, mas sua visão de mundo se assemelha bastante à do protagonista.

Metaphor: ReFantazio

No entanto, o arquimago poderoso está longe de ter em seu dicionário as palavras compaixão e sentimento, características que o herói possui em abundância. O protagonista se destaca pelas virtudes, elementos fundamentais para a gameplay, que reforçam seu papel como verdadeiro herói.

A jogabilidade de Metaphor é vasta e impressiona em tudo

Quem jogou Persona e Shin Megami Tensei vai perceber como esses títulos influenciaram o desenvolvimento de Metaphor: ReFantazio. Mesmo com essas inspirações, o jogo é único. Ele combina combate tático por turno com ação em tempo real, permitindo evitar confrontos desnecessários e ganhar a EXP necessária.

Quando enfrenta inimigos mais fortes, o jogador pode atacá-los em tempo real, mas isso não os elimina de imediato. O ideal é usar o dano em tempo real para criar uma abertura e iniciar o modo tático. O combate é envolvente e dinâmico, mantendo o interesse do jogador.

O sistema tático traz opções familiares, como defesa, uso de itens e ataques físicos. Além disso, apresenta os “personas” deste mundo de fantasia: os arquétipos. Diferente de Persona e Shin Megami Tensei, Metaphor traz classes clássicas de RPG, representadas por espíritos heroicos que ajudam nas batalhas.

Durante a jornada, o jogador libera diferentes arquétipos, como Guerreiro, Cavaleiro, Comerciante e Ladrão. Cada um tem especialidades únicas e alguns combinam bem desde o início. Mesmo sem a mesma variedade dos personas, a gameplay oferece muitas opções estratégicas e personalizáveis. O jogador pode trocar os arquétipos usados pelo grupo, garantindo variedade e especializações para cada membro.

Fora do combate, o jogo dedica bastante tempo às interações, como em Persona. Mas, em vez de uma vida de adolescente comum, aqui é preciso se aventurar para melhorar virtudes. Esses traços são essenciais para desbloquear novas opções e fortalecer relacionamentos. Apesar de não haver romances como em outros jogos, melhorar seu “social link” é fundamental para avançar na história.

Metaphor: ReFantazio não tem gráficos surreais, mas conta com uma direção de arte impecável

Infelizmente, comparado com Persona 3 Reload e Persona 5 Royal, Metaphor não impressiona tanto nos gráficos. Em vários momentos, eles ficam abaixo do esperado, com problemas de textura perceptíveis em detalhes como vegetação e alguns NPCs. Além disso, há serrilhados que podem incomodar jogadores mais atentos a esse tipo de detalhe.

Metaphor: ReFantazio

 

Por outro lado, a direção de arte compensa essas falhas. Ela apresenta cenários únicos e visuais cativantes ao redor do mundo. O design dos personagens e das construções transforma o jogo em um espetáculo visual em muitos momentos.

A trilha sonora é um deleite para os ouvidos

Metaphor: ReFantazio se inspira fortemente no esperanto e apresenta uma trilha sonora original única. Ao contrário do jazz ou das músicas frenéticas típicas dos RPGs da Atlus, aqui encontramos algo verdadeiramente fantasioso. A trilha sonora nos proporciona momentos de conforto, como em uma visita à Akademia, e intensifica a adrenalina durante as batalhas.

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O trabalho de composição é simplesmente perfeito. Nenhuma outra trilha sonora lançada este ano supera essa. Portanto, sem querer exagerar, mas já exagerando: essa trilha definitivamente merece vencer o prêmio de Melhor Trilha Sonora no TGA deste ano.

Metaphor entrega imersão do começo ao fim

Como mencionei antes, a história de Metaphor te imerge por horas. Essa imersão ocorre tanto pela perspectiva do protagonista, que vive nesse mundo fantasioso, quanto a do jogador, que vive a verdadeira fantasia que os personagens do jogo tanto sonham em ver.

Toda interação com os personagens te faz sentir como se realmente fosse o protagonista. Ser um herói querido por um povo que clama por um salvador faz você vivenciar uma verdadeira aventura de RPG no estilo clássico.

Metaphor: ReFantazio e sua otimização

Metaphor: ReFantazio não apresenta gráficos espantosos ou ultrarrealistas. Por isso, o jogo roda facilmente em computadores mais fracos, e sua performance nos consoles é boa. No entanto, o jogo teve problemas iniciais de stuttering e quedas de FPS em áreas mais populosas. Embora isso ocorra com frequência, ainda pode causar estranheza.

O veredito

Metaphor: ReFantazio é, sem dúvida, meu jogo favorito do ano e meu GOTY 2024. Não importa o resultado da The Game Awards em dezembro, uma coisa é certa: esse jogo merece ser o vencedor. Mesmo que você não seja fã de JRPGs e de batalhas por turno, tente dar uma chance, pois você encontrará uma das narrativas mais cativantes e interessantes dos RPGs.