A história de Metaphor: ReFantazio mistura a realidade e a fantasia
Um dos principais pontos fortes de Metaphor: ReFantazio é sua história e narrativa. Isso foi o que me prendeu profundamente. Diferente de outros RPGs que nos transportam para mundos de fantasia convencionais, o jogo traz conflitos políticos e religiosos dignos de Game of Thrones. Ao mesmo tempo, incorpora elementos de fantasia comparáveis aos de O Senhor dos Anéis.
Desde o início, o jogo nos surpreende. Ele pede que escolhamos um nome para quem narra a história, mas não se trata do protagonista — esse nome aparece depois. O jogo estabelece de imediato que estamos tanto em um mundo de fantasia quanto na realidade.
Enquanto o universo de magias e dragões existe de fato, o protagonista sonha com uma realidade semelhante à nossa, com carros, pessoas sem poderes mágicos e governos que “buscam por igualdade”.
Outro tema marcante envolve a identidade do protagonista. Ao contrário dos “elfos” e outras criaturas do mundo, ele é apenas um ser “sem chifres ou orelhas longas”. Basicamente, é um humano normal na nossa concepção, o que, naquele universo, representa quase uma maldição.
Em resumo, e sem entrar em muitos detalhes, o protagonista precisa competir com outros para se tornar o novo rei após a morte do antigo monarca. O responsável pelo assassinato é o antagonista, Louis. A história, no entanto, merece ser apreciada em todos os seus mínimos detalhes.
O incrível vilão do jogo
Vamos comentar rapidamente sobre o antagonista da obra, responsável pelo caos inicial e pela corrida pela coroa. Louis é um dos vilões mais carismáticos dos JRPGs atuais. Ele é maligno e conta com ajudantes igualmente cruéis, mas sua visão de mundo se assemelha bastante à do protagonista.
No entanto, o arquimago poderoso está longe de ter em seu dicionário as palavras compaixão e sentimento, características que o herói possui em abundância. O protagonista se destaca pelas virtudes, elementos fundamentais para a gameplay, que reforçam seu papel como verdadeiro herói.
A jogabilidade de Metaphor é vasta e impressiona em tudo
Quem jogou Persona e Shin Megami Tensei vai perceber como esses títulos influenciaram o desenvolvimento de Metaphor: ReFantazio. Mesmo com essas inspirações, o jogo é único. Ele combina combate tático por turno com ação em tempo real, permitindo evitar confrontos desnecessários e ganhar a EXP necessária.
Quando enfrenta inimigos mais fortes, o jogador pode atacá-los em tempo real, mas isso não os elimina de imediato. O ideal é usar o dano em tempo real para criar uma abertura e iniciar o modo tático. O combate é envolvente e dinâmico, mantendo o interesse do jogador.
O sistema tático traz opções familiares, como defesa, uso de itens e ataques físicos. Além disso, apresenta os “personas” deste mundo de fantasia: os arquétipos. Diferente de Persona e Shin Megami Tensei, Metaphor traz classes clássicas de RPG, representadas por espíritos heroicos que ajudam nas batalhas.
Durante a jornada, o jogador libera diferentes arquétipos, como Guerreiro, Cavaleiro, Comerciante e Ladrão. Cada um tem especialidades únicas e alguns combinam bem desde o início. Mesmo sem a mesma variedade dos personas, a gameplay oferece muitas opções estratégicas e personalizáveis. O jogador pode trocar os arquétipos usados pelo grupo, garantindo variedade e especializações para cada membro.
Fora do combate, o jogo dedica bastante tempo às interações, como em Persona. Mas, em vez de uma vida de adolescente comum, aqui é preciso se aventurar para melhorar virtudes. Esses traços são essenciais para desbloquear novas opções e fortalecer relacionamentos. Apesar de não haver romances como em outros jogos, melhorar seu “social link” é fundamental para avançar na história.
Metaphor: ReFantazio não tem gráficos surreais, mas conta com uma direção de arte impecável
Infelizmente, comparado com Persona 3 Reload e Persona 5 Royal, Metaphor não impressiona tanto nos gráficos. Em vários momentos, eles ficam abaixo do esperado, com problemas de textura perceptíveis em detalhes como vegetação e alguns NPCs. Além disso, há serrilhados que podem incomodar jogadores mais atentos a esse tipo de detalhe.
Por outro lado, a direção de arte compensa essas falhas. Ela apresenta cenários únicos e visuais cativantes ao redor do mundo. O design dos personagens e das construções transforma o jogo em um espetáculo visual em muitos momentos.
A trilha sonora é um deleite para os ouvidos
Metaphor: ReFantazio se inspira fortemente no esperanto e apresenta uma trilha sonora original única. Ao contrário do jazz ou das músicas frenéticas típicas dos RPGs da Atlus, aqui encontramos algo verdadeiramente fantasioso. A trilha sonora nos proporciona momentos de conforto, como em uma visita à Akademia, e intensifica a adrenalina durante as batalhas.
O trabalho de composição é simplesmente perfeito. Nenhuma outra trilha sonora lançada este ano supera essa. Portanto, sem querer exagerar, mas já exagerando: essa trilha definitivamente merece vencer o prêmio de Melhor Trilha Sonora no TGA deste ano.
Metaphor entrega imersão do começo ao fim
Como mencionei antes, a história de Metaphor te imerge por horas. Essa imersão ocorre tanto pela perspectiva do protagonista, que vive nesse mundo fantasioso, quanto a do jogador, que vive a verdadeira fantasia que os personagens do jogo tanto sonham em ver.
Toda interação com os personagens te faz sentir como se realmente fosse o protagonista. Ser um herói querido por um povo que clama por um salvador faz você vivenciar uma verdadeira aventura de RPG no estilo clássico.
Metaphor: ReFantazio e sua otimização
Metaphor: ReFantazio não apresenta gráficos espantosos ou ultrarrealistas. Por isso, o jogo roda facilmente em computadores mais fracos, e sua performance nos consoles é boa. No entanto, o jogo teve problemas iniciais de stuttering e quedas de FPS em áreas mais populosas. Embora isso ocorra com frequência, ainda pode causar estranheza.
O veredito
Metaphor: ReFantazio é, sem dúvida, meu jogo favorito do ano e meu GOTY 2024. Não importa o resultado da The Game Awards em dezembro, uma coisa é certa: esse jogo merece ser o vencedor. Mesmo que você não seja fã de JRPGs e de batalhas por turno, tente dar uma chance, pois você encontrará uma das narrativas mais cativantes e interessantes dos RPGs.