Em dezembro de 2020, a Marvel publicou o novo título da E.S.P.A.D.A. (S.W.O.R.D), com uma equipe criativa de peso formada por Al Ewing (Immortal Hulk) no roteiro, Valério Schiti (Empyre) na ilustração e Marte Gracia (House of X) nas cores. Essa equipe por si só já era o bastante para imaginarmos que teríamos uma obra de arte e foi exatamente isso o que aconteceu!
A primeira edição é bem objetiva, nos apresentando a nova organização, novos membros e novo comando da E.S.P.A.D.A.. No que diz à equipe, eu gostaria de destacar que todos os personagens que compõem a “linha de frente” do gibi são rostos que não vemos há algum tempo e nem conseguiríamos imaginar em uma história desse tipo, o que é genial.
Ewing mostra um jeito único de desenvolver personagens e lhes empregar um cargo com algumas poucas páginas ou até mesmo painéis. Um forte exemplo disso é Eden Fesi (Dobra), que foi criado por Jonathan Hickman lá em Guerreiros Secretos de 2009, aproveitado em Vingadores de 2013, utilizado em pelo Coates no título do Pantera Negra, mas nunca tão bem usado quanto nessa nova história de Ewing.
Após uma belíssima demonstração de poderes na edição #1, o personagem ganhou uma edição SÓ para ele, onde recebeu uma repaginada e um novo status, onde seus poderes vão bem mais além do que apenas teleportar.
Em termos de assuntos delicados, não há papa na língua. Ewing aborda o relacionamento dos mutantes numa era espacial, sendo que eles têm assuntos mal resolvidos com a Feiticeira Escarlate, já que ela é apenas a sogra de um dos imperadores mais influentes da galáxia, aquele que conseguiu unir os impérios Kree e Skrull numa aliança surpreendente.
Além é claro o conflito estilo Guerra Fria da comandante Abigail Brand com o Magneto, já que Magneto mostra um interesse gigantesco na E.S.P.A.D.A. ser um motivo de orgulho para Krakoa, ao mesmo tempo que Brand, apesar de mutante, deseja falar por toda a Terra e já deixou claro que pra ela mutantes e humanos são a mesma coisa. É fogo, não?
Ewing também acertou em cheio quando replicou o conceito dos 5 mutantes que cuidam da ressurreição Krakoa, representados pelos 6 mutantes que, combinando seus poderes, puderam ir até o que parece ser “o coração” do universo e obter um objeto de função não revelada ainda, mas o momento foi muito parecido com as páginas iniciais de Guerras Secretas (2015), onde o Doutor Destino rouba o poder dos Beyonders.
Curiosamente, o Doutor Destino cita ao final do gibi que, diferente da E.S.P.A.D.A., ele usou “luvas” quando furtou a chama do paraíso. O que será que isso quer dizer? Bem, nos resta esperar mesmo, pois aqui o título E.S.P.A.D.A sofre com seu primeiro e único defeito: Ser lançado as vésperas do evento King in Black.
Apesar do evento ter tudo a ver com a proposta do gibi e mostrar toda a equipe em ação, eu não acho ideal que um gibi se torne tie-in de um importante evento na sua segunda edição, eu esperava ver um pouco mais da rotina da agência espacial antes dela ser jogada nesse evento. Não é ruim, não tem queda de qualidade, serve, porém não é ideal.
Esse novo gibi, além de tudo é pontual. Ele chegou no exato momento em que a S.W.O.R.D era introduzida no MCU. E vamos reparar em algo curioso: em WandaVision, somos introduzidos à esta agência tão importante. Na mesma série, temos a apresentação de Billy Kaplan, que é marido do Imperador Kree-Skrull e tão importante para os quadrinhos da E.S.P.A.D.A.. Nick Fury estava trabalhando com Skrulls na E.S.P.A.D.A, logo, poderíamos esperar uma influência dessa nova fase para introdução dos mutantes? Embora não seja fã de teorias a respeito disso, devemos lembrar que os Inumanos foram introduzidos em uma grande agência (S.H.I.E.L.D). Olhos atentos, meus caros.
No que diz respeito à arte, esta é impecável. Valério Schiti criou novos designs para os personagens e todos combinaram com a sua função dentro da equipe. As cores de Marte Gracia complementam muito bem as ilustrações de Schiti e isso funcionou como um verdadeiro casamento.
Concluindo, não sei como essa revista não é tão discutida, ela consegue ser incrível e manter isso no decorrer das edições. Não é como revistas que se mostram grandes e prometem coisas que não vão cumprir. Essa revista flerta com as expectativas do leitor e preenche todas elas.
Esse é definitivamente o gibi que você vai querer ler depois de um dia cansativo e e engajar em uma discussão sobre as grandes coisas que ocorreram nele com seus amigos. É como se fosse um Star Wars, só que bom. O Ewing é sempre excelente construindo tramas cósmicas e, dessa vez, não foi diferente. Sem dúvidas essa revista está no mesmo nível que House of X e Powers of X, vale a pena conferir!