[ANÁLISE] Call of Duty: Black Ops 6 é um jogo quase perfeito da franquia!

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Com a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, o público olhava para Call of Duty: Black Ops 6 com um certo receio por ser o primeiro título como first party do Xbox e também por Modern Warfare III (2023) ter decepcionado a comunidade com uma campanha questionável.

Nascida em novembro de 2010, a linha Black Ops da franquia Call of Duty rendeu uma série de títulos memoráveis, considerados por muitos os melhores jogos da franquia. Além da narrativa repleta de espionagem e teorias da conspiração, o multiplayer da série é um dos mais populares.

Call of Duty: Black Ops 6 chega com a promessa de retornar às raízes e oferecer uma das experiências mais completas da série com a campanha tradicional que encanta os jogadores há mais de uma década, novidades no multiplayer e também o clássico modo zumbis. Será que a Treyarch consegue entregar um pacote completo? Confira em nossa análise!

Chapéu de alumínio

As campanhas da série Black Ops são muito populares por abraçarem o absurdo para entregar uma experiência cinematográfica. Basicamente, pegam acontecimentos e figuras históricas, mas adicionam grupos terroristas infiltrados no governo e armas biológicas que deixariam os Vingadores preocupados.

Call of Duty: Black Ops 6 ocorre em 1991, durante a Guerra do Golfo. Aqui, você assume o papel do agente da CIA William “Case” Calderon, aliado de Troy Marshall e do lendário Frank Woods.

Após a equipe ser suspensa pelo diretor da agência, os agentes viram inimigos dos Estados Unidos e precisam resgatar Russel Adler para enfrentar a misteriosa organização terrorista Panteão, que se infiltrou na CIA e possui uma arma biológica chamada Berço.

Call of Duty: Black Ops 6

Eu não me divertia tanto com uma campanha de Black Ops desde o segundo jogo da série em 2012. Ao contrário de Modern Warfare III, a Treyarch focou em trazer o elemento cinematográfico que consagrou a série em missões repletas de ação absurda, espionagem e até mesmo algumas experimentações interessantes.

A campanha pode ser terminada por volta de 7 horas, uma duração alinhada com a maioria dos jogos da série. Agora, há uma base chamada Torre em que o jogador poderá realizar aprimoramentos e desbloqueios para o multiplayer com o dinheiro encontrado nas missões, o que dá um fator replay positivo.

Call of Duty: Black Ops 6 retorna à ação clássica com novidades

De Modern Warfare (2019) para cá, Call of Duty passou por algumas experimentações. Algumas, como a corrida tática, deram certa e foram mantidas, mas algumas deram errado e foram descartadas, como a tentativa de mudar a jogabilidade clássica para algo mais tático e mais lento.

Black Ops 6 acerta em pegar tudo o que deu certo dos últimos lançamentos e focar no que os jogadores querem no multiplayer: ação intensa e velocidade. Justamente por isso, o game passa aquela sensação de algo familiar, mas ainda abre espaço para novidades.

A principal novidade do jogo é a movimentação omnidirecional. Basicamente, ela permite que os jogadores corram, deslizem e mergulhem em qualquer direção, o que dá novo gás aos tiroteios e mais maneiras para desviar dos tiros.

Call of Duty: Black Ops 6

A mecânica encaixa como uma luva ao estilo de Call of Duty, sem trazer uma mudança que afete a essência do jogo, como outras novidades que não deram certo nos jogos anteriores. Inclusive, deve virar um padrão para o futuro.

Em termos de conteúdo, os jogadores encontrarão um game recheado de mapas e modos. Há 16 cenários bem construídos que priorizam o confronto direto

Entretanto, o multiplayer também herda o maior problema dos últimos Call of Duty: o SBBM (Skill-Based Matchmaking). Basicamente, ele tem a proposta de equilibrar as partidas colocando os jogadores de níveis de habilidade parecidos nas partidas, mas não é isso o que acontece na prática.

Call of Duty: Black Ops 6

Basta jogar bem duas ou três partidas, no máximo, que você será colocado em uma disputa com jogadores que parecem estar competindo o campeonato mundial de Call of Duty. Em algumas delas, você não conseguirá dar dois passos sem ser abatido. E isso vai persistir por mais algumas partidas, até sua taxa de Baixas/Mortes ser muito reduzida.

Na prática, o SBMM pune os jogadores que desejam passar horas com Black Ops 6, já que a funcionalidade que deveria trazer equilíbrio se torna uma ferramenta de punição para quem quer apenas diversão. A Treyarch precisa realizar refinamentos se deseja manter sua comunidade engajada no multiplayer por bastante tempo.

Outro problema são os respawns, algo que virou tradição em todo lançamento de Call of Duty. Apesar não tão problemáticos quanto em jogos anteriores, continuam frustrantes. Não é comum você morrer e reaparecer na frente do inimigo, principalmente nos mapas menores.

Call of Duty: Black Ops 6 e as hordas famintas

Ao longo dos últimos anos, é impossível falar em Black Ops sem o tradicional modo Zumbis, que também sofreu alterações ao longo dos anos. Seguindo o lema dos outros modos, a Treyarch buscou construir uma experiência próxima dos jogos antigos, mas com o retorno de algumas mecânicas e boas melhorias.

Black Ops 6 traz o retorno do modo por turnos e traz dois mapas: Liberty Falls e Terminus. O primeiro, é uma pequena cidade americana, enquanto o segundo é uma prisão misteriosa em uma ilha. Ambos trazem possibilidades interessantes de confrontos, com boas doses de desafios e surpresas.

Basicamente, o jogador precisará sobreviver às hordas de zumbis enquanto ganham pontos para desbloquear armas, novas áreas e podem comprar vantagens que mudam o combate. A cada rodada, as coisas vão ficando mais difíceis e novos inimigos surgem.

Desde sua concepção, o modo Zumbis foi criado para ser jogado em modo cooperativo, mas há uma boa parcela do público que deseja encarar o desafio sozinho. Pensando nisso, a Treyarch implementou uma mecânica que permite salvar as partidas e retornar de onde parou.

No geral, os jogadores que buscam a experiência clássica encontrarão tudo o que esperam em Zumbis de Black Ops 6. Com mais conteúdo gratuito chegando em breve, o modo promete ser um dos mais populares do game por um bom tempo.

Hora do salto?

Ao longo dos anos, Call of Duty trouxe gráficos decentes, mas os jogadores sempre pediam por melhorias e uma nova engine. Black Ops 6 não é um jogo feio, mas é notório como a geração passada impede a Treyarch de aproveitar o potencial do PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Claro, há uma base de jogadores imensa que não pode ser abandonada, mas fica evidente que a decisão começa a pesar nos visuais. Na campanha, Black Ops 6 possui alguns bugs gráficos nas cutscenes que incomodam, mas não são tão frequentes.

Em desempenho, o título entrega uma experiência consistente de 60 FPS ou 120 FPS. Entretanto, o multiplayer sofre com lag em algumas partidas, mas não cheguei a experienciar nenhuma desconexão, algo que era frequente em outros títulos no lançamento.

Como outros títulos da série, há localização e dublagem para português brasileiro. As vozes combinam e o trabalho é bem feito. A trilha sonora com faixas épicas ajuda a embalar os momentos dramáticos da campanha, contribuindo para a imersão.

Devo investir em Call of Duty: Black Ops 6?

Após diversos tropeços e decisões questionáveis em títulos anteriores, Call of Duty retorna com um lançamento quase perfeito. Black Ops 6 reúne uma das melhores campanhas dos últimos anos, multiplayer viciante e modo Zumbis que não esquece a sua essência para entregar muita diversão.

Entretanto, é notório que a geração passada virou uma âncora que impede a franquia de navegar mais longe e aproveitar o potencial do PlayStation 5 e Xbox Series X|S, algo perceptível em seus gráficos que não impressionam. Além disso, o SBBM testa a paciência de quem quer se divertir casualmente e precisa ser revisto.

No geral, o saldo total de Black Ops 6 é bem positivo e os fãs de Call of Duty têm em suas mãos um dos melhores lançamentos da saga dos últimos anos.

Call of Duty Black Ops 6 está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, PC e pelo Game Pass para assinantes do Game Pass Ultimate e PC Game Pass.

*O Cromossomo Nerd agradece a Theo Games e Activision por nos ceder uma cópia do jogo no PS5 para esta análise.