[ANÁLISE] Diablo IV | Vale a pena comprar?

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Praticamente 10 anos após o lançamento de Diablo 3, finalmente retornamos para Santuário, e temos continuidade na história da franquia tão querida por muitos. Com o aguardadíssimo Diablo IV, a Blizzard tenta corrigir os “erros” do título anterior, seja no tom dado ao jogo ou em sua jogabilidade, mecânicas, e até mesmo visuais.

O capítulo anterior foi muito criticado pelos fãs mais antigos por sua mudança brusca, seja em dificuldade ou exploração, se diferenciando demais dos títulos anteriores (Diablo 1 e 2), pois estes envolviam muito mais os temas pesados e bizarros que foram o que estabeleceram a franquia, explorando bem o tema dark fantasy com o action RPG.

Diablo IV chega para resgatar de forma primorosa o espírito original da franquia, que nunca deveria ter sido esquecido, explorando bastante o terror que um mundo cheio de demônios pode proporcionar a seus habitantes, seja em batalhas ou sequelas das mesmas, possessões, loucura, e fanatismo religioso.

Veja também:

A história de Diablo IV

A história do quarto jogo da saga se passa décadas após os eventos do anterior, mas também nos dá a chance de finalmente entender mais sobre a criação desse mundo que estamos defendendo a tantos anos.

A criação de Santuário

Sempre houve uma guerra entre o paraíso celestial e as hordas do inferno, durante anos e anos, sem trégua, até que um anjo chamado Inarius, cansado disso tudo, junta-se com a demônia Lilith, que é filha de um dos males supremos mais antigos: Mephisto, O Senhor do Ódio, e é daí que vem seu nome, Filha do Ódio. Ambos cansados dessa guerra sem fim, decidem roubar um artefato chamado e chamado de a Pedra do Mundo, que é capaz tanto de criar como destruir mundos, permitindo que aquele que o controlasse mudasse o rumo do confronto.

Com a ajuda de seus seguidores, formados tanto por anjos como demônios renegados, ambos pretendiam usar esse poder para criar um mundo totalmente novo sem o conhecimento de nenhum dos lados da guerra, o tão conhecido Santuário, servindo como um refúgio.

Uma nova ameaça

Com o passar dos anos, e com a convivência entre anjos e demônios, Lilith e Inarius acabam se relacionando e dando origem a uma nova raça, os Nefalém, que acabaram não só herdando como também superando o poder de seus genitores, o que causou extrema preocupação e conflito, além de uma divisão entre certos anjos e demônios que tinham medo do poder daqueles novos seres, pois caso os mesmos se rebelassem, nem um dos lados poderia lidar com tal poder, mas ainda existiam aqueles que queriam preservar a vida dos Nefalém, pois os mesmos eram seus filhos.

Alimentados pelo medo da nova raça, um grupo seleto de anjos e demônios decidem que eles eram perigosos demais para continuarem vivos, e começam a planejar um expurgo. Ao saber disso, Lilith fica furiosa e assassina todos os envolvidos.

Após o massacre feito por sua companheira, sem escolha alguma, Inarius se vê obrigado a banir Lilith para sempre de Santuário, pois ele não era capaz de matá-la, já que ainda a amava, mas não poderia perdoá-la por ter matado seus semelhantes. Após jogar Lilith no vazio, o anjo decide que seus filhos realmente seriam perigosos demais com todo esse poder interno, e decide modular a pedra do mundo, para que o poder dessas criaturas fosse drenado ao longo dos anos, deixando-os mais fracos à cada nova geração, até que se tornem apenas humanos, dando origem aos habitantes de Santuário que conhecemos desde o primeiro jogo.

Mexendo com forças ocultas

Durante anos, Lilith continuou banida, e a criação de Santuário escondida da guerra, mas em algum momento, um clã formado pelos descendentes dos Nefalém, chamados Vjrei, começaram a estudar e invocar espíritos, e em uma dessas tentativas de contato com o desconhecido, acabaram invocando um demônio, e foi a partir disso que os males supremos do inferno descobriam o novo mundo, partindo em busca de conseguir seguidores para usar na guerra contra o paraíso celestial.

Foi nesse momento que se iniciou a criação do Templo do Triuno, usado como fachada por Lucion, filho de Mephisto, para espalhar a influência dos males primordiais pelo Santuário. Depois de ter ficado ausente por um bom tempo, Inarius, percebendo a presença demoníaca se aproximando de Santuário, decide criar a própria religião, a Catedral da Luz, para combater o Triuno, desencadeando assim o evento que seria chamado de Guerra do Pecado.

Acontece que para engrossar esse caldo ainda mais, uma terceira via chamada de Edyrem, surgiu para demonstrar os poderes latentes dos humanos Nefalém, ajudando a derrotar o Triuno em conjunto com a Catedral da Luz, mas isso também fez com que as forças celestiais ficassem cientes do Santuário, fazendo assim com que mais uma batalha épica entre anjos e demônios se iniciasse.

Diversos combates foram levados até o local, fazendo com que muitos humanos fossem sacrificados em meio à briga de anjos e demônios. Tendo em vista que tal combate nunca cessaria, foi selado um acordo, onde tanto anjos como demônios jamais deveriam invadir Santuário, e este deveria ser deixado por conta própria, mas parte desse acordo inclui a entrega de Inarius a Mephisto como um prisioneiro. Sendo assim, o tratado foi feito, e o anjo foi entregue para ser torturado por toda a eternidade, nas profundezas do inferno.

A paz nunca dura

Depois de um tempo de calmaria, surge uma possível nova tentativa de invasão infernal ao Santuário, fazendo com que um arcanjo, que em sua compaixão, decida ajudar a raça dos homens, pois os anjos se omitiam de ajudar os mortais desde o acordo feito com os senhores do inferno. Cansado de ver o quanto a humanidade estava abandonada, o Arcanjo Tyrael, o anjo que era a justiça encarnada (este que está presente desde o segundo jogo da série), decide formar os Horadrins, uma ordem criada pelo próprio anjo, para treinar e ensinar um grupo seleto de homens a lidar contra os males do inferno ardente, o que muitas vezes foi o que impediu a total ruína de Santuário.

Com o passar dos anos, a ordem foi se desfazendo, e restando poucos membros para passar seus ensinamentos, criando assim um momento perfeito para uma invasão, que é o que ocorre no primeiro jogo.

Após enfrentarmos os males supremos diversas vezes, acabamos com todos no terceiro jogo da série, deixando assim o mundo dos demônios à deriva e sem uma liderança.

Com isso, através de um ritual acidental, Lilith acaba sendo invocada de volta ao mundo que criou, permitindo que ela “liberte” seus filhos, além de encarar um Inarius que, após fugir das torturas do inferno, retorna a Santuário e se passa por um mártir e pai de todos, formando uma religião de seguidores e adoradores. Ao saber do retorno de sua antiga parceira, todo o Santuário será arrastado para a briga deles, que não visa benefício alguma a raça humana, sendo apenas mais uma batalha de egos.

A jogabilidade de Diablo IV

Tendo jogado todos os títulos da série já lançados, posso afirmar que a jogabilidade de Diablo IV se aproveitou de cada parte boa das versões passadas, fazendo assim uma mescla: seja no combate, implementando novas mecânicas como a esquiva, e o modo que as habilidades são combinadas com diversos tipos de armas para cada classe, o que deve agradar tanto fãs antigos quanto novos.

O sistema de árvore de habilidades está de volta, algo que foi muito criticado no game passado, pois o mesmo não tinha tal recurso, o que fazia com que diversas builds fossem bastante semelhantes. Em Diablo IV, as combinações e combos estão muito mais variadas, tornando cada build bem mais única e pessoal.

A exploração do mundo de Santuário se torna a melhor já vista na franquia, aproveitando bastante de seu mundo aberto, seja libertando vilas, visitando lugares amaldiçoados, caçando tesouros ou perseguindo Lilith. O mundo ficou bastante vivo e imersivo, com a presença de vários NPCs, a maioria com um ótimo background, diversas missões secundárias, que mesmo não fazendo parte da história principal trazem enredo incrível, e faz você se afeiçoar e se sentir ainda mais imerso nesse universo tão incrível.

O jogo cumpre muito bem sua função, prometendo um late game extremamente divertido e evitando ficar repetitivo, mesmo após terminar os eventos da campanha principal, seja contra as hordas do inferno, ou contra outros jogadores.

A performance de Diablo IV

O jogo foi testado e jogado por horas em uma RTX 3060 com 12GB de VRAM, junto de um processador Intel Core i5 10400F com 6 núcleos e 12 threads, além de 16GB de memória ram.

O game se comportou muito bem, rodando sempre acima de 100 fps, sem nem precisar recorrer a tecnologias como DLSS, e usando muito bem o total potencial da GPU utilizada nos testes, mantendo uma jogatina bastante fluida, sem travamentos e muito menos crashes em momento algum durante o tempo em que foi jogado. As temperaturas dos componentes também foram todas monitoradas, não chegando a passar nunca dos 68° cCelsius, o que é uma ótima temperatura, podendo ser considerada bastante fria.

Foi muito bom ver que Diablo IV não fez parte dos péssimos lançamentos do ano em termos de otimização.

Como está a trilha sonora de Diablo IV?

É importante destacarmos bem a trilha sonora de Diablo IV, pois o time responsável se esforçou bastante em entregar uma OST que se torna marcante em diversos momentos, desde o menu até as batalhas mais ferozes, como também nos momentos mais tristes do jogo.

A trilha sonora original do jogo conta com 47 músicas que enriquecem os diversos cenários espalhados pelo jogo. Era praticamente um senso comum em Diablo 3 os jogadores ouvirem as mais variadas músicas durante suas gameplays frenéticas em dungeons/eventos, mas, pelo menos eu, preferi ouvir a trilha sonora do jogo em todos os momentos! Até tentei experimentar, mas ao longo da campanha estive satisfeito em ouvir o que o jogo oferece!

Efeitos sonoros da habilidades

Inicialmente, para essa crítica, eu joguei com a classe Bárbaro e devo dizer que fora toda a porradaria sem limites proporcionada por um grande arsenal de armas, a cereja do bolo são os efeitos sonoros dos impactos e habilidades.

Os efeitos sonoros das habilidades e dos ataques do bárbaro são um verdadeiro ASMR! Você praticamente consegue sentir o peso de cada ataque desferido contra seus inimigos ou de cada shout em habilidades de defesa. E vai por mim, não há nada mais satisfatório no jogo do que esmagar seus inimigos igual frágeis baratas! É insanamente divertido.

A imersão presente na história de Diablo IV

Fora a trilha sonora, algo que me deixou impressionado com o Diablo IV foi a imersão presente no game. A quantidade de conteúdo que vai te manter preso por horas é absurdamente grande. Nunca fui um fã assíduo da série Diablo, mas foi surreal me ver na tentativa de ir para alguma missão da campanha principal e, durante esse trajeto, perceber que eu passei 3 horas jogando apenas eventos aleatórios que surgem no mapa ou missões secundárias que variam bastante. Bom, e quanto a missão da campanha? Ela pode esperar!

As missões secundárias de Diablo 4 são ótimas e possuem histórias que são 8 ou 80. Em um momento você está em uma quest em que um NPC te pede para entregar uma mensagem para a taverna favorita dizendo que vai pagar a dívida, enquanto em um outro momento, muitas vezes durante esse caminhar para o final de uma quest, você encontra outra em que precisa visitar um templo para matar o espírito do filho de um homem que o atormenta incessantemente. Bem variado, não? Esses são os dois extremos de Diablo IV!

Mas isso tudo não significa que a campanha principal é fraca, muito pelo contrário. A cada momento, com o passar das missões principais, o mundo a nossa volta continua a ficar cada vez mais sombrio e destruído. Plot atrás de plot, perdas e mais perdas, é o que cada missão oferece para fazer você se sentir ligado com os personagens. É uma experiência única.

Os gráficos de Diablo IV

Como já dito anteriormente, nunca fui o maior dos fãs de Diablo, e apesar de não me importar muito com gráficos, os de Diablo 3, que se assemelhava muitas vezes com um MU Online em níveis mais altos, me incomodava e tirava toda vontade que tinha de jogar o jogo. Já em Diablo IV, temos um salto bastante considerável no quesito gráfico. Mesmo em batalhas com diversos inimigos na tela, o jogo ainda é lindo e rico em detalhes. Podemos facilmente assumir que, se Diablo IV se manter por tanto tempo quanto o seu antecessor, o tempo será generoso com ele. 

O level design do jogo é muito interessante graças aos gráficos evoluídos e o título se aproveita bem disso na hora de criar um cenário que vai te deixar de boca aberta! Seja ele um lugar coberto de neve, um pântano sujo, um deserto escaldante ou até mesmo uma dungeon repleta de lava e fogo infernal.

Menção honrosa também para as cutscenes em que cada frame é um print diferente, pois o jogo se transforma em uma verdadeira obra de arte ao mostrar Lilith e Inarius, os dois extremos das forças ocultas, mas que possuem poucas diferenças entre si, até mesmo em suas poses e trejeitos. 

Vale a pena?

Depois dessa análise minuciosa, fica difícil dizer que o investimento não é válido, seja para quem já é fã de longa data ou para quem quer começar sua jornada pelo Santuário agora.

Trazendo um verdadeiro leque de pontos positivos, Diablo IV se consagra como um dos títulos mais icônicos da franquia e mostra que a Blizzard “fez o dever de casa”, entregando um título que garante dezenas de horas de diversão.

*Gostaríamos de agradecer a Blizzard Brasil por terem nos cedido uma cópia do jogo para esta análise. 

*Análise feita em colaboração com Yan Farias