Dragon’s Dogma 2 chega após 12 anos do lançamento original trazendo um refinamento de mecânicas, assim como novas classes, habilidades e uma expansão do universo da franquia. Será que a Capcom conseguiu atender as expectativas dos fãs e atingir uma nova gama de jogadores com o lançamento? Confira em nossa análise.
Ainda que a franquia tenha chegado de forma tímida, ela conseguiu cativar os amantes de RPG e conseguiu sua consagração com o lançamento da expansão Dark Arisen, em 2013. O RPG ficou conhecido pelo seu cenário Dark Fantasy e também pela dificuldade elevada em seu combate, além da complexidade de monstros e possibilidades para cada combate.
Mesmo não sendo conhecido pelo publico mainstream, Dragon’s Dogma possui uma legião de fãs fieis que sempre pediram uma continuação do game, principalmente pelo fato de que o projeto original do diretor Hideaki Itsuno era muito ambicioso para época e o escopo do game teve que ser reduzido.
O sucesso da franquia garantiu o lançamento de um anime na Netflix e uma pequena adaptação em mangá, antes que a sequência fosse confirmada em 2022.
História simples e direta
Caso você não tenha se aventurado por Gransys em Dark Arisen, Dragon’s Dogma 2 ainda mantém a premissa do primeiro jogo, só que em um universo completamente paralelo. O jogo conta a história do Nascen, um guerreiro que teve seu coração roubado por um dragão e deve embarcar em uma jornada épica para destruir o dragão e entender as consequências de seus atos.
Apesar da premissa simples, a Capcom decidiu dar uma encorpada na história, colocando um conflito politico entre entre as nações de Vermund e Battahl. Vermund é um reino humano governado por uma linhagem real de Nascen, que mantém seu poder no trono derrotando o Dragão a cada geração. Já os Leoterians, são uma nova raça de aparência bestial que habitam Battahl, com sua própria cultura e tradições únicas.
No incio de nossa jornada, descobrimos que é possível existir somente um Nascen e que o atual Nascen proclamado pela nação de Vermund provavelmente é um impostor, então além de derrotar o dragão que roubou seu coração, você ainda deve resolver um conflito politico entre nações e o mistério do falso Nascen no trono real.
Apesar do game ter múltiplos finais, durante a jornada, os personagens e conflitos políticos não são tão bem desenvolvidos e dificilmente você irá realmente se importar com algum personagem.
Nossas ações no mundo do jogo têm um certo impacto, mas nada tão marcante como em outros RPGs bem conceituados em sua narrativa, como por exemplo Baldur’s Gate 3, onde realmente toda escolha tem um impacto narrativo no desfecho da história. Aqui, algumas missões secundárias são fundamentais para certos desfechos mais para o final do game, principalmente as que envolvem personagens secundários importantes.
Mas ainda a sensação que fica é que tudo foi um grande pretexto para você sair e se aventurar pelo universo atrás de batalhas épicas contra chefões, algo parecido com o primeiro jogo.
Peões, seus melhores amigos!
Uma mecânica que foi aprimorada é o sistema de companheiros, conhecidos como Peões. Como um Nascen, você tem o poder de controlar os peões, que basicamente são criaturas humanoides místicas que servem e ajudam o Nascen.
Após o processo de criação do seu personagem você irá criar seu primeiro Peão, que irá te acompanhar na sua jornada até o final do game. O jogo permite também contratar Peões criados por outros Nascen. O interessante aqui é que todo conhecimento que seu Peão obteve se aventurando em outro mundo é transmitido para o seu jogo atual.
Com isso, caso alguém invoque seu Peão e acabe descobrindo um segredo ou até mesmo realize uma missão que você ainda não realizou no seu mundo, ele irá te guiar através do mapa e dar dicas de como conseguir concluir o seu objetivo.
Por conta disso, recomendo a jogabilidade online, mesmo sendo um jogo completamente single player, pois essa dinâmica entre os pawns e as interações deles com o cenário fazem com que o jogo pareça ser ser mais vivo que o normal, trazendo uma sensação de descoberta com seus amigos mesmo sem jogar diretamente com eles.
Gameplay polido e classes únicas
O ponto mais alto de Dragon’s Dogma 2 está em seu combate, que apesar de simples, é bem complexo e preciso. Hideaki Itsuno ficou conhecido por trabalhar e dirigir os principais jogos da franquia Devil May Cry (2,3,4,5) e também de ter participado do desenvolvimento de Street Fighter Alpha e outros jogos importantes da Capcom, então era de se esperar um combate robusto e preciso.
Não temos um mapa cheio de pontinhos e objetivos, além de montaria e viagem rápida diferentes do que conhecemos. Deseja entender melhor o local de uma missão? Converse com o NPC e entenda as coordenadas. Quer viajar rapidamente pelo mundo? Alugue uma carroça para te levar entre as cidades ou encontre as escassas pedra-barca para conseguir se teleportar rapidamente pelo mundo.
O combate é uma ótima mistura entre Hack’n Slash com a precisão e timing de um Monster Hunter. Não importa seu nível ou sua classe, você sempre vai precisar se adaptar ao seu inimigo e principalmente conhecer suas fraquezas para conseguir realmente dar um dano relevante.
Fora conhecer o seu inimigo, é de extrema importância conhecer também sua classe e estar com uma composição boa no seu time, pois dependendo do inimigo, a magia pode não ser a resposta, assim como existem inimigos com resistência a dano físico.
Apesar do foco do game ser em matar monstros, logo no começo você sente que está sempre lutando contra os mesmos inimigos e infelizmente isso só acaba mudando no final do jogo, onde é apresentado com uma variedade de monstros diferentes.
O game possui um total de 10 classes: Combatente, Arqueiro, Ladrão, Mago, Feiticeiro, Guerreiro, Arqueiro Magico, Lanceiro Místico, Ilusionista e Chefe de Guerra, tendo como exclusivo do player as 4 últimas delas, não podendo equipar nem mesmo no seu pawn principal. Essas classes o jogador podem ser liberadas opcionalmente através de missões secundárias.
Em minha jogatina, consegui masterizar 4 das classes, onde a mais divertida de se jogar até então foi a classe do Ladrão, que se torna extremamente versátil e poderosa por conta de suas armadilhas e acrobacias em batalha. Clique aqui e confira o nosso resumo sobre as classes do jogo.
Um outro grande destaque está na trilha sonora do jogo, que apesar de reciclar bastante as melodias do primeiro jogo, é extremamente bem executada e adiciona uma pitada de épico durante as batalhas, fazendo tudo ser mais grandioso e divertido.
Performance que deixa a desejar
Apesar de ser um jogo exclusivo para nova geração, o jogo não apresenta uma qualidade gráfica absurda, mas sim uma direção de arte impecável do Itsuno, fazendo tudo ser majestoso e bonito. O jogo não é feio, pelo contrário, mas ao mesmo tempo que possui modelos 3D de monstros extremamente detalhados, você vai encontrar algumas texturas inacabadas e elementos com pop-in no meio de uma floresta.
Essa queda na qualidade gráfica não justifica sua performance, que nos consoles atuais está bastante prejudicada com variações de 40 até menos de 29 fps em momentos mais complexos do jogo. Atualmente, podemos jogar em 4K com Traçado de Raios e FPS desbloqueado ou travar o jogo a 30 fps e desativar o traçado de raios.
Vale lembrar que mesmo bloqueando o jogo a 30fps, ainda ocorre algumas quedas no meio das maiores cidades ou até mesmo em algumas batalhas mais complexas ou com um número grande de inimigos. Essa mudança na variação do fps e também no traçado de raios chegou recentemente no dia 29/03, enquanto ainda estávamos finalizando a ánalise do game no Playstation 5.
Microtransações e polêmicas
Uma das maiores polêmicas envolvendo Dragon’s Dogma 2 foi a prática abusiva da Capcom com as microtransações no jogo, onde é possível comprar itens para reviver seu personagem, item para mudar aparência e até mesmo comprar cristais da fenda, moeda que é coletada através dos Peões e utilizada em uma loja específica dentro do jogo.
Todos os itens vendidos através de microtransações são encontrados no game, incluindo cristalporto, um item utilizado para viagens rápidas que pode ser obtido após algumas horas de jogo e em algumas missões específicas.
Outra coisa que ajudou na má recepção dos jogadores, foi a escolha de ter somente um espaço de salvamento por jogo. Com isso, caso você queira criar outro personagem ou iniciar uma nova aventura, terá que perder todo progresso do seu personagem anterior.
No dia 25/3 a Capcom soltou uma nota informando que irão alterar algumas coisas no título, incluindo mudanças na inteface de usuário e liberar a possibilidade de criar um novo personagem sem ter que excluir o anterior. Caso queira ver o comunicado completo da empresa, clique aqui.
Conclusão
Dragon’s Dogma 2 é uma vitória da comunidade, que conseguiu transformar um jogo de nicho em uma grande franquia. Apesar das diversas falhas em design e de repetir os mesmos erros de um jogo de 2011, Dragon’s Dogma 2 é um dos jogos favoritos para concorrer como jogo do ano no The Game Awards.
Se você gostou do primeiro jogo, irá se sentir em casa. Caso nunca tenha visto nada da franquia e seja amante de RPG ou até mesmo de D&D, vale a pena conferir.
Dragon’s Dogma 2 está atualmente disponível para PC (Steam), Playstation 5 e Xbox Series X|S.
*O Cromossomo Nerd agradece a Capcom e a TheoGames por terem nos cedido uma cópia do jogo no PS5 para esta análise.