[ANÁLISE] Dying Light 2: Stay Human | Dois passos à frente, um para trás

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Dying Light 2: Stay Human vem com a promessa de ser muito mais do que uma mera sequência e sim, uma evolução do título anterior, que foi um grande sucesso de público e crítica ao mesclar parkour, zumbis e uma cidade enorme para ser explorada.

O título sofreu inúmeros adiamentos e teve um desenvolvimento conturbado, algo que costuma impactar jogos. Será que a Techland conseguirá fugir da maldição e entregar mais do que uma mera cópia de seu antecessor?

História

A cidade de Harran, palco do primeiro jogo, tem finalmente seu surto do vírus zumbi controlado, mas custando a vida de todos os seus habitantes. Um grupo que reúne as mentes mais brilhantes do planeta consegue elaborar uma vacina para impedir o avanço da doença, evitando uma catástrofe mundial.

Entretanto, a ganância humana faz com que a associação responsável pela cura comece a testar novas versões do vírus, com a intenção de produzir uma arma biológica. A ideia resulta em uma mutação poderosa que escapa do laboratório e coloca a humanidade novamente à beira da extinção.  Com a nova cepa avançando mais rápido do que anterior e as vacinas sem nenhuma eficácia, o apocalipse zumbi vira realidade.

Dying Light 2 acontece 36 anos após a queda da humanidade, onde grande parte da população mundial foi extinta e os sobreviventes passaram a viver em assentamentos espalhados pelo mundo. A cidade europeia de Villedor é considerada uma das maiores do planeta e resistiu bem aos eventos por ser fortificada, impedindo que a horda zumbi a invadisse.

O jogador assumirá o papel de Aiden Caldwell, um Peregrino. Essas pessoas são especializadas em sobreviver em ambientes e inóspitos, viajando por grandes distâncias para completarem tarefas. Ele tem diversos flashbacks de quando era criança com sua irmã desaparecida, Mia, e decide embarcar em uma jornada perigosa atrás de respostas na cidade de Villedor.

E é justamente esse um dos grandes problemas da narrativa de Dying Light 2. Apesar do jogo contar com diversos personagens interessantes, a busca por Mia se torna cansativa e cada vez menos interessante. O jogo também utiliza alguns elementos para que você se importe com a ligação de Aiden com ela, mas isso não consegue dar peso por não ser bem construído.

Outro problema é o vilão Waltz. Ele consegue ser um dos personagens mais clichês dos últimos tempos, preenchendo toda a cartilha das qualidades de um adversário genérico. Até mesmo bons momentos da trama que poderiam utilizar para dar uma melhor construção a ele caem no espectro caricato, tirando todo o peso da trama.

No aspecto narrativo, Dying Light 2 deixa muito a desejar quando comparado ao primeiro título, mas ainda consegue entregar uma história com bons momentos e personagens carismáticos, como Hakon. Eu espero que a Techland consiga sua redenção pelas expansões, entregando uma história tão boa quanto a de The Following.

Jogabilidade

Em essência, Dying Light 2: Stay Human mantém tudo o que deu certo no primeiro título, mas também alguns de seus defeitos. De início, eu já afirmo: o mundo aberto da sequência é muito mais vivo e interessante do que o primeiro jogo. Villedor é uma cidade muito bem construída e variada, cheia de segredos e lugares prontos para serem descobertos.

A grande estrela do primeiro jogo, o parkour, retorna de forma muito mais precisa e prática. Aiden é mais habilidoso e rápido do que o protagonista anterior, Kyle. Além disso, ele também é melhor equipado e conta com novos itens que tornam a exploração muito mais agradável, como um gancho e uma asa-delta para planar e chegar a pontos do mapa de forma mais rápida, sem se esborrachar ou perder tempo descendo um edifício gigantesco.

O jogo também herda a árvore de habilidades de seu antecessor, embora seja uma versão mais resumida, mas competente. Entretanto, eu senti que precisei gastar pontos com habilidades inúteis para chegar a outras que eu realmente estava interessado, tornando a progressão um pouco enfadonha em alguns momentos.

O pior defeito que Dying Light 2 herda de seu pai é o combate com inimigos humanos. Não há praticamente nenhuma evolução, salvo por alguns movimentos especiais que você raramente irá usar, como uma voadora após saltar um inimigo atordoado, digna dos lutadores da novela masculina “WWE”. Essencialmente, você passará todos os encontros defendendo, usando o mesmo ataque, defendendo e repetindo o clico até o oponente morrer.

Outro erro do jogo é implementar seções de furtividade com oponentes humanos. Com oponentes zumbis, ela funciona porque basta você não fazer barulho e se mover lentamente. Mas com humanos, passar escondido em terrenos com um level design que não foi feito pensando nisso torna a experiência frustrante em alguns momentos, mas nada impossível.

Outra grande estrela do jogo são os seus zumbis. Eles agem de forma mais brutal e impiedosa, como uma verdadeira evolução. A mutação do vírus também rendeu novos tipos de criaturas, como os uivadores. Ao ser detectado, eles começarão a dar um grito característico que atrairá hordas para cima de você. Mas os verdadeiros momentos de tensão estão em se aventurar pela cidade pela noite.

Assim como na trama do anterior, os zumbis ficam mais fortes e velozes durante a noite. Explorar locais devastados durante o período noturno se torna uma experiência extremamente tensa e um erro inocente pode te levar a uma perseguição insana pelos tetos da cidade e acabar com morte certa. Mesmo para os jogadores mais experientes, lidar com uma horda sempre é desafiador.

Outro ponto forte do jogo é o modo cooperativo. Chamar amigos para explorar Villedor, invadir campos de bandidos ou enfrentar hordas zumbis é extremamente divertido. É possível jogar o título inteiro, menos o prólogo, acompanhado. Infelizmente, desconexões acontecem ocasionalmente, mas não é algo comum e o salvamento automático te impede de perder progresso significativo.

Aspectos Técnicos

Dying Light 2 conta com três modos gráficos diferentes: Qualidade (1080p, 30 fps e Ray-Tracing), Resolução (4K e 30 fps) e Desempenho (1080p e 60 fps). Por jogabilidade, eu optei pelo terceiro e tive uma experiência satisfatória. Apesar de jogar em uma resolução menor, o jogo continuou muito bonito e com trechos impressionantes.

O DualSense é utilizado de forma criativa em diversos momentos, complementando a experiência. Sem spoilers, eu precisei passar silenciosamente por um grupo de zumbis. Inesperadamente, o controle começou a fazer vibrações semelhantes a uma batida de coração, tornando tudo ainda mais tenso. O som 3D contribui ainda mais para a imersão, principalmente em perseguições noturnas.

Outro ponto positivo é a trilha sonora. Em Dying Light 2, ela é quase um personagem de tão recorrente que aparece. O músico Olivier Deriviere entrega faixas incríveis que aumentam os momentos de tensão e jogam a adrenalina lá no alto, sejam em missões mais perigosas ou até mesmo durante a exploração frequente.

Apesar de ter sido adiado inúmeras mesmos e ter recebido atualizações, o título precisava ter sido atrasado em mais uns meses para polimento. Em algumas missões, precisei reiniciar porque o objetivo não iniciou ou meu personagem se recusava a subir na única rota possível de saída. Em outros momentos, eu acabei “entalado” em alguma parte do cenário quando isso não deveria acontecer.

Considerações Finais

Dying Light 2: Stay Human representa um grande avanço quando comparado ao seu sucessor, mas ainda tropeça em alguns aspectos. Apesar do parkour evoluído e seu mapa bem construído, o título sofre com uma narrativa fraca que só se sustenta graças a alguns personagens carismáticos e eventos especiais.

Caso você busque um jogo de ação com zumbis divertido que vá consumir algumas horas de seu dia, ele é uma boa escolha. Apesar de suas derrapadas, o título acerta em alguns aspectos e irá agradar também os fãs do primeiro título

Dying Light 2: Stay Human já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.

Agradecemos à TheoGames por nos ceder uma cópia de PlayStation 5 para análise.