[ANÁLISE] Final Fantasy VII Remake | Um jogo completo… só que não

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Já ficou claro que a indústria dos games entrou na era dos remakes, afinal, eles estão se tornando cada vez mais populares e os estúdios se aproveitam da popularidade de grandes títulos do passado para vender com a nostalgia e angariar novos fãs.

Com isso em mente, a Square Enix também resolveu surfar nessa onda e lançou um remake do aclamado Final Fantasy VII, um dos mais queridos da franquia e que possui uma das lores mais marcantes da saga.

Anunciado em 2015, o jogo rapidamente ganhou a atenção do público, com a ansiedade aumentando à cada novo material divulgado. No início de abril de 2020 o jogo finalmente foi lançado, ou ao menos parte dele.

Conforme divulgado em diversas notícias prévias ao lançamento, o jogo que chegou ao mercado é apenas a primeira parte do remake. Enquanto muitos acreditam que essa foi uma sábia decisão, dada a extensão e complexidade do título original, para outros, isso pode ter sido uma forma de garantir o lucro do remake por mais um tempo.

Dirigido por Tetsuya Nomura, criador da saga Kingdom Hearts, o jogo pode até ser promissor, mas tem problemas. Saiba mais abaixo:

História

Se passando em um futuro distópico, onde um grupo de “terroristas” tenta destruir uma gigantesca companhia de energia que usa a força vital da terra como fonte de energia, o jogo nos apresenta Cloud, Tifa, Barret e Aerith, bem como todos os demais personagens que os cercam.

Quem jogou o original sabe o quanto a história de Final Fantasy VII é complexa e quanto seus personagens são carismáticos, algo que é trazido para o remake com maestria.

Ao longo da jornada, além de descobrirmos mais sobre o pano de fundo dos personagens, descobrimos também os laços que conectam eles, além de vermos diferentes facetas de suas personalidades, que acrescentam mais profundidade a eles.

Por mais que muito do jogo original tenha sido refeito à risca, o remake se permite trazer algumas inovações interessantes, que podem servir até mesmo como uma sequência para a história, indo além inclusive do filme Advent Children, no entanto, irei preservar a surpresa de vocês.

Jogabilidade

Um dos pontos mais problemáticos do remake talvez seja a jogabilidade, que embora melhore o sistema de magias em relação ao apresentado em Final Fantasy XV, dá muitos passos para trás na evolução natural da franquia.

Apesar de estarmos falando de um remake, Nomura e a equipe de produção poderiam ter inovado mais ao abrir mais os mapas e tirar a cansativa linearidade que permeia todo o jogo. Depois do que vimos em Final Fantasy XV, fica difícil se acostumar com o confinamento presente em VII Remake.

Por mais que os mapas sejam interessantes e bem trabalhados, chega uma hora que você só quer algo inovador.

Tudo fica ainda pior com a constante necessidade do jogo em se “fechar no primeiro estágio”. Como dito acima, essa é a primeira parte do remake, sendo assim, os personagens estão limitados ao nível máximo 50, onde não ganham muitas habilidades e não ficam ultra poderosos, além de não conseguirem enfrentar chefões dificílimos e secretos, mas não se preocupe com isso, eles não existem aqui.

Quem joga RPG, sabe que depois de um certo ponto do jogo, você consegue revisitar os lugares para pegar os itens mais poderosos, upar até o level máximo e enfrentar chefões secretos, mas é um pouco desapontador não ter isso em VII Remake, mesmo sabendo que ele é apenas a primeira parte.

Apesar de ser um jogo longo o bastante para ser considerado um jogo completo, ele não consegue atingir esse patamar.

Outro ponto que deixa a desejar na jogabilidade é a falta de um botão de pulo, que deixa menos margem ainda para a exploração e engessa o jogador em animações pré-programadas quando os saltos são necessários.

Isso também afeta o combate aéreo, não permitindo a execução de combos fluídos.

Outra coisa que incomoda bastante é o fato do grupo estar sempre sendo alterado, com membros indo e voltando a todo o momento, o que te obriga a ter que ficar reorganizando as habilidades. Embora isso faça parte de um RPG, em alguns momentos é tedioso ter que ficar refazendo o mesmo trabalho constantemente , pois seu mago ou curandeiro estão sempre “tirando uma folga”.

Um ponto que não decepciona em nenhum momento é a trilha sonora, que nos deixa à beira das lágrimas, de tão perfeita que é. Repaginando trilhas do jogo clássico, temos uma ambientação excelente para o jogo.

Por fim, devemos destacar o horroroso sistema de invocação de summons, que não tem critério nenhum e mais uma vez se mostra um desperdício da ferramenta.

Gráficos

Apesar das texturas polidas, cenários extremamente detalhados e uma iluminação impecável, alguns pontos gráficos do jogo deixam muito a desejar, principalmente na animação de alguns cabelos, que em um momento parecem muito realistas e, em outros, pedaços de plástico.

Em alguns momentos, também temos um png porcamente feito, usado para mostrar a visão aérea de um distrito, por exemplo.

Fora isso, o trabalho gráfico é competente e extrai bastante potencial da geração atual.

Considerações Finais

A emoção de reviver essa incrível aventura ainda não foi suprida por completo, algo que já era esperado, no entanto, mais uma vez, Nomura entrega um trabalho que falta algo, o que é desapontador, tendo em vista o quão incrível o diretor já se mostrou no passado.

Esperamos que a parte 2 de Final Fantasy VII Remake consiga tirar o gosto amargo deixado por algumas coisas da primeira.