[ANÁLISE] Flintlock: The Siege of Dawn mostra como fazer um jogo divertido e com duração boa

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Flintlock: The Siege of Dawn teve seu trailer revelado durante a Xbox Games Showcase deste ano. O vídeo de apresentação ditava um tom épico e destacava um combate frenético, além de muitas inspirações vindas do gênero soulslike.

O jogo, sem dúvida, chamou a atenção. Mas não demorou muito até que o esgoto da internet se abrisse, e as críticas à protagonista ganhassem espaço. A grande maioria alegava que o fato dela ser negra “não fazia sentido”, por conta do contexto histórico da trama. Mas já vimos “críticas” similares antes na Angrboda de God of War, a Ariel de A Pequena Sereia e, mais recentemente, com Yasuke em Assassin’s Creed Shadows.

No fim das contas, a reclamação da representatividade no jogo acaba sendo mais uma crítica vazia e com um viés preconceituoso. E minha experiência durante a jogatina comprova essa afirmação, já que o fato da história ter uma protagonista negra definitivamente não foi um ponto negativo.

Combate e exploração em abundancia

Flintlock utiliza a base dos jogos soulslike, mas segue uma linha mais próxima de Star Wars Jedi: Fallen Order. O jogo aposta na exploração de grandes cenários, onde você pode sempre aumentar seu arsenal e vencer chefes opcionais para estar bem preparado ao prosseguir na história.

Assim como Fallen Order, Flintlock: The Siege of Dawn usa muitos elementos de plataforma para diversificar a gameplay, incorporando todo tipo de obstáculos, desafios e características típicas do gênero, mantendo o jogo frenético mesmo fora do combate.

Outro destaque do jogo é, sem dúvida, seu combate. Apesar de ser limitado no uso de armas, ele é desafiador tanto pelos inimigos quanto pela variedade de gameplay que permite. O uso do parceiro ENKI, uma entidade divina que se alia a protagonista, para atordoar inimigos e facilitar finalizações adiciona uma camada extra à gameplay, fazendo com que você pense bem na abordagem a seguir durante o combate.

O jogo também conta com um sistema completo de armas, incluindo martelos, machados, armas de fogo, canhões e snipers, permitindo que o jogador escolha como enfrentar as hordas de inimigos.

Além disso, a protagonista pode se equipar com diferentes armaduras e usar itens que concedem poderes especiais ao parceiro ENKI, favorecendo o estilo de jogo escolhido. Dessa forma, a gameplay pode ser personalizada conforme suas preferências.

Inventario da protagonista de flintlock
Um otimo design pro menu de inventario garantindo que seja facil de entender tudo

A história de Flintlock – O “fantasma da lacração” não existe

Quando o trailer foi lançado, surgiram muitos comentários negativos, alegando: “Por que todo jogo hoje em dia fica mostrando mulheres ‘bad ass’ que vão ganhar de todos?”, e “Ela ser uma mulher em uma guerra já é errado, mas ela ser negra só piora tudo do ponto de vista histórico”, entre outros.

Esses comentários apenas revelam o preconceito velado que já existe antes mesmo de conhecerem o produto. Nor Vernek não é apenas uma ótima protagonista, e qualquer discussão sobre ela ser mulher ou negra não é abordada no jogo, pelo simples fato de que isso não importa.

Nor se prova competente, com uma ótima personalidade e bem escrita, mas também demonstra que os comentários prévios são infundados. Na história, ela começa como alguém amargurada pelas falhas, mas com o tempo e o reencontro com seus amigos, ganha confiança e coragem para derrotar os deuses e proteger quem importa.

Isso faz com que ela passe por um excelente arco de evolução, gerando muita simpatia por parte dos jogadores.

Nor enfrentando um boss
A mulher e braba meus amigos

O jogo conta com várias reviravoltas, além de uma trama bem íntima entre a protagonista e o mundo caótico ao seu redor. Nosso parceiro ENKI é, sem dúvida, um destaque na história, evoluindo de um simples mascote de combate para um excelente protagonista ao lado de Nor.

Apesar de tudo, existem ressalvas.

Embora tenha gostado de quase tudo, preciso expressar um certo desapontamento com a trilha sonora. Ela só se destaca realmente nas lutas contra chefes, tornando-se monótona em 80% do restante do jogo.

Talvez, na tentativa de garantir que as trilhas sonoras dos chefes fossem destacadas, eles acabaram minimizando todo o resto. Considero essa uma decisão duvidosa, já que as lutas contra chefes principais são poucas.

Outro ponto é como o jogo faz pouco uso de certos elementos que poderiam engrandecer o título. Ao não incluir muitas lutas contra chefes, eu imaginava que focariam em sessões de plataformas mais desafiadoras, como em Fallen Order. No entanto, essas sessões são muito fáceis ou simples, tornando-se mais um passeio no parque do que um desafio.

Protagonista do flintlock em um local vazio
Pelo menos quando tem boss battle pode ter certeza que a musica vai ficar muito boa

Flintlock tem dificuldade em manter um ritmo crescente e, muitas vezes, pode parecer simples quando comparado a outros títulos do gênero que sempre tentam destacar algo único. Embora seja um bom título, Flintlock falha em trazer esse diferencial.

Uma conclusão esperada

Flintlock: The Siege of Dawn definitivamente vale a pena pelo seu preço acessível. É um jogo divertido e com uma boa duração, embora falte certos diferenciais para se sobressair dentro do gênero.

*O Cromossomo Nerd agradece a TheoGames por fornecer uma chave de acesso de PS5 para esta análise