[ANÁLISE] Hogwarts Legacy tem tudo o que há de melhor em Harry Potter

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A franquia Harry Potter foi um fenômeno cultural, tornando-se não só um best seller nas livrarias, como também sendo uma das franquias de filmes mais lucrativas na história.

Desde os primórdios, a saga sempre ganhou jogos de videogame baseados nas aventuras do bruxinho com cicatriz em forma de raio, mas em 2023, chega o aguardadíssimo Hogwarts Legacy, um jogo que narra uma história completamente original e que se passa 500 anos antes dos eventos vividos por Harry e companhia.

Desenvolvido pela Portkey Games (Harry Potter: Wizards Unite) e Avalanche Software (Disney Infinity), com publicação pela WB Games, o jogo chega com uma proposta extremamente ambiciosa, permitindo que os jogadores sintam como é viver na pele de um estudante de Hogwarts, frequentando aulas, tratando criaturas mágicas e tudo o mais.

Será que os estúdios conseguiram cumprir o que prometeram, ou melhor, será que ainda vale à pena mergulhar nesse mundo mágico atualmente?

A História

Nossa jornada começa em uma viagem à caminho de Hogwarts. Na trama, somos um adolescente cujos poderes se manifestaram tardiamente, mas por conta de suas habilidades excepcionais, o personagem é convocado para a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sendo alocado diretamente na turma do quinto ano.

Vale frisar aqui que o jogador é quem escolhe as características físicas do personagem, incluindo a orientação sexual e podendo até mesmo criar um personagem transexual.

Em meio a um evento catastrófico, descobrimos que nosso personagem é dotado de dons extraordinários, tais como a habilidade de rastrear magia antiga, algo que pouquíssimos bruxos conseguem fazer.

Ao fazer tal descoberta, estabelecem-se as ameaças do jogo, incluindo o vilão principal, um Duende maligno que quer se apossar de uma magia das trevas perigosíssima e que não vai poupar esforços para destruir qualquer um que entre em seu caminho.

O mais curioso aqui é que essa suspostamente é uma história sem o envolvimento da autora dos livros de Harry Potter e criadora do Mundo Mágico, mas é impressionante o quanto a narrativa do jogo é envolvente e condiz com tudo o que fez com que tanta gente amasse o que viu no passado.

Em uma aventura permeada por escolhas difíceis, muita aventura, humor e perdas, temos aqui uma narrativa excepcional, que faz jus à franquia Harry Potter e mostra que é assim que uma história derivada deve ser e não aquela calamidade chamada Animais Fantásticos.

Jogabilidade

Hogwarts Legacy pode ser definido como um misto de inspirações em diversos outros jogos, principalmente os títulos mais recentes da franquia Assassin’s Creed.

Quando se fala que o jogador pode fazer tudo o que um estudante de Hogwarts faria, os desenvolvedores não estão brincando.

A começar pela compra de seus itens mágicos em Hogsmead, a escolha da Casa de Hogwarts, aulas e até trato das criaturas mágicas, temos aqui um jogo massivo e cheio de possibilidades, que irá te prender por múltiplas horas.

Mesmo que não seja possível jogar Quadribol, o esporte mais famoso do mundo bruxo, o jogo oferece uma boa justificativa para isso. Acredite, há tanto a se fazer que você dará graças a Deus por não ter que se preocupar com mais uma coisa em seu ano letivo.

É difícil definir a jogabilidade em Hogwarts Legacy quando levamos em conta que não estamos falando apenas de um jogo com exploração e combate, mas sim de um jogo que inclui voos em vassouras e criaturas mágicas, nado, criação e gerenciamento de itens, capturar e cuidar de criaturas mágicas, aprender feitiços, criar poções, cultivar plantas mágicas e por aí vai.

O que posso dizer é que Hogwarts Legacy consegue ser bom em tudo o que se propõe em termos de jogabilidade. Devo dizer que não me cansei nem por um momento de mergulhar nessa jornada e que fazer as atividades secundárias é um verdadeiro prazer, já que tudo é muito diversificado e muitas missões possuem um peso narrativo que se entrelaça completamente com as missões principais e as complementa.

O combate aqui é outro ponto extremamente forte e você vai adorar misturar diferentes feitiços para criar um combo avassalador.

A inteligência artificial dos inimigos também é bem equilibrada e mesmo estando bem equipado e forte, enfrentará desafios bem acirrados e que exigem uma boa coordenação entre ataque, esquiva bloqueio e contra-ataque.

Um ponto que me incomodou bastante é a falta de um sistema de moral e reputação. Embora seja possível identificar as situações que fazem com que seu personagem adota uma postura mais sombria, a falta de um termômetro para isso dentro do jogo é um pouco frustrante, tendo em vista que suas escolhas de diálogo não parecem interferir tanto na trama.

Além disso, embora seja possível aprender as Maldições Imperdoáveis sem ter que usá-las de fato, isso também poderia ter um impacto maior em sua jornada.

Otimização e Performance

Ao que parece, a indústria dos videogames sofre cada vez mais com a otimização dos jogos, com muitos sendo lançados em um estado deplorável e praticamente injogáveis.

Embora Hogwarts Legacy possa ser jogado de forma aceitável, devo dizer que uma otimização melhor não seria nada mal, principalmente no PC.

Mesmo jogando com uma máquina robusta (AMD Ryzen 7 5700x – 3.4GHz até 4.6GHz, NVIDIA GeForce RTX 3070, SSD e 16 GB de RAM), o jogo tem graves momentos de queda de performance.

Em minha jogatina, optei por manter as configurações gráficas no alto e sem o uso de Ray Tracing, travando o FPS em 60. Ainda que a maior parte do jogo se mantenha em 60FPS, existem muitos momentos de queda de performance, principalmente ao entrar em uma nova área, o que é incômodo em alguns momentos em que começa uma cutscene ou uma batalha.

Mesmo que o jogo esteja bem bonito graficamente falando e que a redução na performance se explique pela magnitude do mapa e de coisas acontecendo em tela, não dá para negar que esse é um título extremamente exigente e que poderia ser um pouco mais refinado para rodar de forma mais suave. Fico me perguntando em que condições a equipe de desenvolvimento conseguirá fazer com que esse título rode no Nintendo Switch e na geração anterior de consoles.

Quanto à parte de acessibilidade, Hogwarts Legacy investe pesadíssimo nisso, inclusive usando a tecnologia de sincronizar o movimento da boca dos personagens com a dublagem, o que é mágico. Por falar em dublagem, temos aqui mais um trabalho primoroso.

Se por um lado é legal ver os movimentos da boca sincronizados com a dublagem, o jogo peca fortemente em dar vida às expressões dos personagens, com todos os rostos parecendo sem vida e não transparecendo as emoções que deveriam, o que é uma pena, dado o nível de detalhes dos bonecos.

Outro ponto negativo a ser destacado é a física das capas, que fica bem bizarra em alguns momentos, além de alguns bugs menores, mas que não interferem na jogatina.

Gráficos e trilha sonora

Como falamos mais acima, apesar das altas exigências, Hogwarts Legacy é um jogo belíssimo em termos gráficos, entregando detalhes minuciosos e que enchem os olhos, seja pelos quadros vivos do castelo, as criaturas mágicas ou todo o mapa no geral, que é imenso.

As inspirações vindas dos filmes são inegáveis e os fãs verão uma série de situações nostálgicas, tais como o efeito que inicia uma memória na Penseira. A equipe de desenvolvedores aproveitou muito do trabalho dos cineastas para criar o jogo e isso fica claro em muitos dos cenários, itens mágicos e até mesmo o visual dos personagens.

Quem é fã, vai dar um salto da cadeira ao jogar um certo trecho que recria um dos momentos mais icônicos do sétimo filme, mas não entrarei em detalhes para não estragar a surpresa.

Quanto à trilha sonora… bem. Só direi que ela é boa e que fisgará muitos pelo coração, embalando completamente os momentos de emoção e tensão.

Imersão

Hogwarts Legacy me fez gostar de Harry Potter novamente e me relembrou o motivo de ter me apaixonado pela franquia, embora isso possa não ser um motivo de orgulho atualmente.

Tendo acompanhado religiosamente todos os filmes e livros da saga, ouso dizer que fui um fã de carteirinha da franquia, conhecendo à fundo as histórias, algo que permitiu que eu reconhecesse as inúmeras referências presentes no jogo.

É uma pena que a autora desse mundo tão fantástico tenha se tornado um ser odioso e cheio de ideias que ferem o que ela mesma criou, mas se ela de fato não esteve envolvida em Hogwarts Legacy, isso me deixa aliviado por saber que é possível criar algo bom com a franquia sem precisar dela.

Se por um lado, toda a polêmica envolvendo comprar ou não o jogo em protesto às atitudes da autora é válida, por outro, é possível dar continuidade à obra para desligá-la dos pensamentos dela e mostrar que o Mundo Bruxo não está limitado à uma mente retrógrada e preconceituosa.

Em minha jornada, me senti completamente um aluno de Hogwarts e fiz tudo o que eu sempre imaginei fazer um dia. Hogwarts Legacy é a experiência definitiva para os fãs e abre as portas para uma nova geração de bruxos e bruxas.

Além de complementar o que já conhecíamos desse universo, o jogo aproveita todas as bases anteriores para construir novos alicerces mais sólidos, entregando personagens carismáticos, histórias envolventes e muito mais.

Considerações finais

Hogwarts Legacy tem tudo o que os fãs de Harry Potter sempre pediram e um potencial absurdo para ser uma das maiores franquias na história dos videogames.

Apesar de alguns bugs e uma performance mediana, o jogo consegue entregar uma aventura fantástica e completamente imersiva, que fará com que você acredite que está vivendo realmente naquele mundo.

Certamente temos aqui um dos grandes destaques do ano e um concorrente forte pelo prêmio de Jogo do Ano.

Estou ansioso para descobrir o que virá no futuro dessa franquia.

Hogwarts Legacy será lançado no PC, PlayStation 5, Xbox Series X e Xbox Series S em 10 de fevereiro de 2023 (com acesso antecipado a partir de 7 de fevereiro). O jogo será lançado no PlayStation 4 e Xbox One em 4 de abril e no Nintendo Switch em 25 de julho.

*Gostaríamos de agradecer à WB Games e Weber Shandwick por terem nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.