[ANÁLISE] Kingdom Hearts 3 Re:Mind | A última pá de cal

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Quem é fã da franquia Kingdom Hearts, com certeza esperou por um bom tempo pelo lançamento de Kingdom Hearts 3, que prometia ser um dos melhores jogos da franquia. Embora o título até tenha apresentado alguns elementos interessantes com os mundos baseados em propriedades da PIXAR, não podemos dizer que ele foi o encerramento apropriado para essa aclamada franquia.

É claro, o jogo nunca teve a intenção de ser um encerramento, afinal, a Square Enix e o diretor Tetsuya Nomura ainda parecem ter muito o que contar sobre esse universo, entretanto, ele poderia ao menos ter encerrado melhor o complexo arco de Xehanort, o grande vilão da trama.

Se por um lado a trama deixou a desejar, acrescentando ainda mais elementos e personagens que só deixaram os jogadores ainda mais confusos com a já complexa história da franquia, por outro, algumas mecânicas de combates também se mostraram ruins, tal como as Attractions, que são golpes especiais baseados em brinquedos dos parques Disney.

Agora, quase um ano depois do lançamento do jogo base, Nomura e a Square voltam a investir em KH3, desta vez, com a DLC Re:Mind, que visa explicar melhor o ato final do jogo através de novas perspectivas, além de criar uma base melhor para o futuro da franquia.

A princípio, a DLC pode ser vista como um repeteco de tudo o que já havíamos visto anteriormente, com algumas leves diferenças e a possibilidade de jogar com personagens como Mickey, Roxas e Kairi, mas no geral, não temos nada muito excepcional.

O destaque mesmo fica por conta da grande batalha em que podemos controlar os amigos de Sora e os cavaleiros criados por Xehanort. Ela realmente acrescenta algo novo ao jogo e nos dá a sensação de grandiosidade que estava faltando no ato final.

Outro momento bem válido é quando temos a chance de controlar Kairi em uma batalha conjunta com Sora contra Xehanort. O momento certamente foi muito aguardado pelos fãs e ele não decepciona, principalmente pelo ataque especial dos dois heróis, que tem efeitos lindos.

Vale destacar que a DLC expandiu o mundo de Scala Ad Caellum, o cenário da batalha final entre Sora e Xehanort, que agora é explorável e acrescenta um “mundo extra” ao jogo.

No geral, essa primeira parte da DLC pode ser bem maçante e decepcionante, principalmente para aqueles que haviam conseguido o level 99 e a Ultima Weapon no jogo base, já que todos os inimigos serão derrotados facilmente.

Ao concluir esse capítulo, vemos os heróis em busca de Sora (que desapareceu após a batalha contra Xehanort), o que leva Riku a Hollow Bastion para conversar com velhos amigos do local à procura de uma pista sobre o paradeiro de seu amigo.

Embora não tenhamos a possibilidade de explorar o local como nos jogos anteriores, é nostálgico voltar à casa de Merlim, ainda mais com o retorno dos queridos personagens de Final Fantasy, que não deram as caras no jogo base e que eram uma tradição da franquia.

Apesar de Squall, Yuffie e companhia não terem ideia de onde Sora está, Cid desenvolveu um programa em que recria a essência de Sora e dos Membros da Organização XIII, como uma forma de tentar resgatar alguma memória perdida. Quem jogou a versão Final Mix do segundo jogo, já sabe o que vai acontecer, já que temos novamente o Data Battle contra os vilões, mas prepare-se, eles estão EXTREMAMENTE fortes.

Mais uma vez, temos um repeteco de algo já visto antes, não sendo uma grande adição a DLC.

Ao concluir os confrontos, conseguimos uma nova pista para o paradeiro de Sora, que se conecta com a cena bônus liberada no jogo base, onde vemos o herói acordando em uma cidade misteriosa e se encontrando com Yozora, o mesmo do jogo mostrado no mundo de Toy Story.

Assim, temos acesso ao terceiro capítulo da DLC, onde vemos Sora interagindo com o próprio Yozora e dando mais detalhes sobre o futuro da franquia. Mas é aí que a coisa fica ainda pior.

Conforme imaginado por alguns fãs, Yozora e a cidade em que ele está são inspirados em Noctis e na cidade de Insomnia de Final Fantasy XV, mas com a DLC, vemos que essa não é a inspiração por trás dele, mas sim, Final Fantasy Versus XIII, jogo que seria dirigido por Nomura e que foi transformado em FFXV.

Mais de 14 anos depois do início do desenvolvimento de Versus XIII, Nomura decidiu reciclar o que havia feito no jogo e colocar no universo de Kingdom Hearts. Isso mostra uma certa infantilidade por parte do diretor, que se negou a abandonar o trabalho anterior e que quis mostrar para a Square que ele iria utilizar o material por bem ou por mal.

Servindo como o epílogo final do jogo, o capítulo não nos dá grandes informações do que está por vir, mas também parece um certo desrespeito com Sora, que parece ter sido jogado de escanteio para que Yozora brigasse em seu lugar, forçando o início dessa nova saga, ou até mesmo de uma nova franquia, usando a popularidade do nome Kingdom Hearts como muleta.

No geral, tudo o que vemos na DLC Re:Mind é um repeteco de diversas coisas, acrescido de algumas linhas novas de diálogo que certamente poderiam ter sido colocadas no jogo base.

Além dos capítulos jogáveis, a DLC também traz o modo Greeting Feature, que permite criar novas fotos usando efeitos, objetos, cenários e diversas poses e expressões. Embora ele possa não ser muita coisa, a experiência é válida por nos dar a chance de explorar alguns cenários como o Realm of Darkness e Hollow Bastion, mas nada estupendo, apenas uma ferramenta divertida.

Outro elemento que também acompanha a DLC é o concerto da orquestra de Kingdom Hearts, que executa as clássicas e belíssimas músicas da trilha sonora dos jogos da franquia. Se você é um amante das trilhas, é recomendável assistir ao concerto, mesmo que algumas músicas pareçam ser playback, por culpa da edição, que removeu as reações da platéia, deixando tudo meio monótono.

No geral, a DLC Re:Mind não é uma experiência engrandecedora e não vale o preço que custa (R$ 91,90 na PS Store BR), porém se você é realmente fã da franquia e faz questão de acompanhar tudo nos mínimos detalhes ou se quer preencher o tempo até o próximo lançamento da saga (o que certamente deve demorar bastante), vá em frente e que seu coração seja seu guia.