[ANÁLISE] Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning: Um remaster decepcionante para um grande jogo

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Lançado originalmente em 2012, Kingdoms Of Amalur foi cercado de expectativas por reunir um elenco de estrelas para produzi-lo.

Liderando o projeto, estava Ken Rolston, designer de The Elder Scrolls 3: Morrowind, R.A. Salvatore ficou responsável pelo roteiro, autor de diversas obras de fantasia consagradas, e Todd McFarlane, um dos maiores nomes dos quadrinhos (e criador de Spawn), criou a direção de arte. Claramente, era um jogo ambicioso com intenção de entrar para história.

Por mais que tivesse obtido boa recepção da crítica especializada, não conseguiu emplacar junto do público. Há diversas discussões do porquê isso aconteceu.

Alguns citam o fenômeno de Skyrim, lançado 3 meses antes, que virou o RPG queridinho de muitos por diversos anos.

Outros argumentam que o ano de 2012 foi um dos mais movimentados na indústria de jogos e, de fato, diversas franquias consagradas ganharam sequências e outras novas surgiram. A realidade é que quem teve o privilégio de jogar Amalur na época percebeu o quanto o jogo tinha potencial para criar uma franquia própria.

Os sonhos de uma sequência acabaram quando a 38 Studios, pouco meses após o lançamento do jogo, entrou em falência, jogando o título no limbo.

Em 2018, a THQ Nordic, que ultimamente vem relançando franquias novas, como o divertido Destroy All Humans!, adquiriu os direitos do título e liberou um trailer cinemático majestoso, em Julho, e poucos detalhes a respeito do relançamento do jogo, sequer esclarecendo se seria um remake ou remaster, prometendo novo conteúdo para o ano que vem.

A surpresa maior ficou com a data de lançamento, para Setembro desse ano, numa oportunidade fabulosa de tornar o RPG conhecido do grande público.

História

R.A. Salvatore mostra todo seu talento ao apresentar um mundo intrigante e profundo numa narrativa que apresenta personagens carismáticos e fatos que deixam o jogador constantemente atrás de respostas.

Você criará seu personagem, escolhendo sua raça e aparência, ganhando o título de “aquele sem destino”. Após morrer em combate, seu personagem será revivido no “Poço de Almas”, em um experimento conduzido por gnomos e descobrirá que foi o primeiro mortal que conseguiu voltar a vida. Sem memória prévia da sua vida e precisando entender por que você foi “escolhido”, o jogador deverá explorar o reino conhecido como Faelands, jogado numa guerra conhecida como a “Guerra dos Cristais”.

Caso você siga apenas a história, o jogo poderá ser terminado em 30 horas, aproximadamente. Mas, como sabemos, jogar um RPG ignorando a exploração é um pecado. Caso deseje fazer tudo o que o jogo oferece, conseguirá extrair mais de 100 horas de jogatina.

Além do conteúdo base, o jogo conta com as DLCs Teeth Of Naros e The Legend Of Dead Kel, que oferecem boas horas adicionais de jogatina. No ano que vem, uma nova expansão será lançada, mas não há detalhes ainda.

Jogabilidade

É aqui que Amalur brilha e mostra que envelheceu muito bem. O jogo consegue ter um sistema profundo de mecânicas, mas ensina tudo ao jogador em uma curva de aprendizado que abraça tanto os jogadores mais casuais quanto os veteranos. Uma coisa que recomendo aos jogadores mais calejados de RPGs é que comece a aventura no modo Very Hard, já que Amalur pode acabar tornando-se fácil demais, mesmo tendo um robusto sistema de mecânicas.

Um dos grandes pontos fortes do jogo é que ele não possui um sistema de classe definido, você poderá criar a classe que desejar, escolhendo as habilidades de 3 árvores diferentes: Might, Finesse and Sorcery. Caso opte por fazer um personagem tradicional, basta escolher uma das três e focar no atributo que achar melhor.

O combate é bem dinâmico e rápido, sem muita firula. Você terá um botão de ataque para sua arma primária, um para a arma secundária, poderá esquivar-se, utilizar um escudo e trocar para magias rapidamente, permitindo combos interessantes. Mas não se engane: Amalur requer certa estratégia para vencer seus combates, principalmente em dificuldades mais altas.

Agora, é possível configurar a câmera do jogo, como seu distanciamento, campo de visão e altura. Isto foi implementado devido ao jogo de 2012 sofrer diversos problemas com o posicionamento dos inimigos em relação ao seu personagem.

De fato, o jogo soluciona em grande parte o problema, mas não resolve completamente. A implementação de um sistema de “lock on” semelhante a Dark Souls teria sido uma melhoria fabulosa.

Aspectos Técnicos

Infelizmente, é aqui que começa a decepção. Antes de mais nada, a forma com que Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning foi anunciado pareceu um tiro no pé: um trailer cinemático e muitas promessas, mas poucos detalhes foram dados, fazendo com que os jogadores criassem diversas expectativas. A THQ Nordic foi vaga e umas das grandes promessas foi de que teríamos visuais “estonteantes”.

Com o passar do tempo e perto do lançamento, finalmente pudemos ver o que foi feito e… está longe de ser estonteante. O jogo recebeu suporte para 4K e, mesmo assim, o que vemos são texturas um pouco mais nítidas e cores mais definidas, nada além.

Não espere por novos modelos, animações e nada do tipo. No ano que foi lançado, era um jogo bonito, com um estilo de arte mais próximo de Fable e World Of Warcraft do que realista. Mas para os padrões de hoje, soa extremamente datado.

Uma das melhorias muito bem vindas foi colocar o jogo rodando a 60 fps, permitindo mais fluidez ao combate e na exploração, mas aí encontramos um grande obstáculo que torna-se frustrante: a quantidade absurda de carregamentos e seu tempo de duração.

Temos jogos muito mais pesados do que Amalur que conseguem carregar rapidamente, vide Ghost Of Tsushima, demonstrando total falta de capricho para otimizá-lo para a geração atual.

Vale destacar que a trilha sonora continua impecável. O compositor Grant Kirkhope apresenta 35 faixas belíssimas que dão um tom épico em diversos momentos da trama.

É importante frisar que o jogo não possui dublagem e nem legendas em português. Caso você não tenha domínio do idioma, sua experiência poderá ser frustrante.

Considerações Finais

Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning é um grande RPG, com uma história envolvente e um sistema de combate único, que não conseguiu o sucesso merecido no ano de seu lançamento.

O seu remaster era uma chance de ouro para apresentá-lo para uma nova geração de jogadores, mas a falta de capricho para entregar um produto bem otimizado fará com que o jogo caia novamente no esquecimento, sequer conseguindo apelar a base fiel de fãs nostálgicos, que mereciam algo muito melhor.