[ANÁLISE] Marvel’s Avengers | Um grande potencial jogado pelo ralo

Na última sexta-feira (04), foi lançado Marvel’s Avengers, desenvolvido pela Crystal Dynamics e Eidos Montréal e publicado pela Square Enix, o aguardado e polêmico jogo baseado nos icônicos Vingadores.

Desde o princípio, o Universo Cinematográfico da Marvel sempre foi muito ovacionado pelo público e eleva as expectativas para as próximas aventuras com suas cenas pós-créditos, criando uma enorme franquia de sucesso e popularizando personagens mais obscuros dos quadrinhos!

Mas será que a Marvel conseguiu o mesmo impacto ao tentar adaptar os icônicos Vingadores em uma aventura original dos quadrinhos?

História

“Bom não é o que você é… é o que você faz” – Khamala Khan

A princípio, temos uma grande celebração para comemorar e homenagear os atos heroicos dos Vingadores, o Dia-A, onde se reúnem os maiores fãs da equipe para se divertirem, concorrendo em torneios de fanfics e conhecer os tão queridos heróis.

Entre esses fãs, está Kamala Khan (Miss Marvel) uma garota de 11 anos, aficionada pela equipe de heróis, que está concorrendo ao prêmio de melhor fanfic e que segue sendo a protagonista do jogo. Além disso, toda comemoração tem como objetivo apresentar uma nova fonte de energia limpa chamada Terrigen, descoberta pelo Dr. George Tarleton.

Porém, ao iniciar o evento principal, são avistadas grandes explosões na ponte Golden Gate. O caos é instaurado na comemoração e os Vingadores vão até lá para investigar. Chegando ao local, descobrem que a confusão é obra do Treinador, que planeja explodir uma bomba para destruir toda a cidade.

Contudo, os Vingadores são enganados e o avião da S.H.I.E.L.D. carregando o Terrigen é destruído, causando a morte do Capitão América. Com a aeronave destruída, o Terrigen é liberado a em sua forma gasosa pela cidade, transformando uma parte significativa da população em Inumanos.

5 anos se passaram desde o incidente. Os Vingadores se separam e deixam de ser os protetores da humanidade. Agora, com o mundo desprotegido, o governo começa a investir em uma fundação cientifica chamada A.I.M, apostando em uma alta tecnologia para deixar a sociedade segura e se livrar dos inumanos que surgiram durante o ataque em São Francisco.

A jovem Kamala Khan(Miss Marvel), que segue sendo a protagonista do jogo, agora tem 16 anos e apos ter entrado em contado com o Terrigen, possui poderes de polimorfismo. A garota acaba descobrindo informações sobre A.I.M e o Dia-A e se vê na obrigação de tentar encontrar com a Resistência, que é um grupo de inumanos contra o regime da A.I.M.

Ao longo de sua jornada, Kamala vai se encontrando com alguns de seus heróis e vemos como ela é uma importante ponte para a união dos Vingadores nesse momento em que o mundo mais precisa deles.

Ambientação e gráficos

O gráfico do jogo, mesmo após algumas mudanças e testes beta, se mantém da mesma maneira, não tendo tanto destaque quanto os outros jogos da geração, sendo praticamente nula a mudança.

Infelizmente, isso também se aplica aos problemas de textura, bugs e locomoção dos personagens. Temos personagens atravessando objetos, atravessando o chão e caindo em um abismo que não faz parte do cenário, além de Hulk voando sem explicação alguma e uma coletânea interminável de bugs que precisam ser corrigidos, sem falar na queda drástica de quadros durante as lutas.

Inicialmente, quando começa a jogar, você acaba gostando dos cenários semi-abertos, laboratórios, florestas e da destruição frenética causado pelas batalhas, mas depois de varias missões, percebe-se que há uma repetição de cenários, apenas com mudança no nível dos inimigos, decepcionando nesse quesito.

Fica clara a falta de capricho nesta parte gráfica, com a promessa que futuras atualizações serão lançadas e os bugs serão corrigidas, porém não seria mais eficaz adiar o lançamento, retornando com algo de qualidade que agrade a todos, do que correr com a produção e manter apenas meras promessas que tudo será corrigido?

Jogabilidade

O ponto mais positivo de todo jogo é a construção das habilidades de cada Vingador, se tornando muito divertido, cada um com sua própria arvore de habilidades, técnicas especiais e equipamentos para se fortalecer. Cada Vingador possui um nível de XP e, quanto mais missões você jogar com um determinado Vingador, mais pontos de habilidades ele irá adquirir para habilitar novas técnicas de combate.

No inicio de cada missão, você pode compor a sua própria equipe com até 4 jogadores (incluindo você) e, ao iniciar a missão, você decide se quer cumprir o objetivo principal primeiramente ou objetivos secundários que envolvem encontrar quadrinhos (colecionáveis), fragmentos e equipamentos para implementar e tornar seu personagem mais forte.

Além dos cenários, os objetivos das missões também acabam se tornando repetitivos  e enjoativos, tais como: dominar um território especifico para o JARVIS, hackear uma instalação da A.I.M, destruir laboratórios ou derrotar uma frotas de inimigos… Podendo tornar as vezes tornar o jogo no mínimo maçante.

A jogabilidade de luta também tem seus problemas, sendo imprecisa e incomoda, não conseguindo travar a mira no inimigo, que se desloca a cada golpe ou esquiva. Além de toda a bagunça no meio da batalha com o grande número de inimigos, fazendo com que fique tudo meio perdido com o que está acontecendo. A câmera tem que ficar sendo ajustada manualmente durante grande parte da batalha, o que é um grande incômodo.

O jogo é divertido quando funciona, tem bastante conteúdo ligado ao Universo Marvel, diversas skins para cada personagem, easter-eggs, porém é impreciso e se percebe a falta de capricho e polimento em sua produção.

Trilha Sonora

Uma boa parte dos Vingadores apresenta seu dublador original dos cinemas, porém em algumas partes, a dublagem apresenta problemas de sincronização da cutscenes com o áudio, percebendo que a boca do personagem se move mas a fala já acabou.

Alem disso, a tradução está incompleta. Em diálogos específicos, vemos uma alternância repentina entre o áudio original e a dublagem em português. Outro grande problema acontece com os nomes dos personagens, que são chamados por seus nomes originais, como Taskmaster, Black Widow e por algum estranho motivo sempre se referem ao Capitão America como “Cap”, coisas assim que geram um pequeno desconforto. Vale lembrar que o mesmo aconteceu no jogo do Homem-Aranha, que mesmo tendo tradução oficial no Brasil, era irritantemente chamado de Spider-Man em meio à dublagem.

Em algumas missões, vimos trilha sonora travando e fazendo um barulho irritante, como se fosse disco arranhado, e em outras simplesmente não tinha som algum, nem ao menos das falas dos personagens, somente os efeitos sonoros do cenário sendo destruído.

Considerações finais

Marvel’s Avengers é algo bem abaixo do esperado, diria até mesmo que é uma decepção para aqueles que são grandes fãs do Universo Marvel. Repleto de bugs, podemos ressaltar uma história interessante e bacana, mas que não consegue salvar os erros cometidos.

Os produtores e desenvolvedores parecem ter se conformado com todos os problemas técnicos e alterações que o jogo passou e simplesmente falaram: “Bem… é isso aí, depois a gente conserta”. Até parece que apostaram na popularidade e fama dos personagens para emplacar um jogo “inacabado”.

Se você é um fã aficionado pela Marvel, talvez valha a pena comprar o jogo por seu conteúdo narrativo, se divertir um pouco e acompanhar uma história inédita. Mas se você não é muito fã mas ao mesmo tempo quer dar uma conferida, aconselho esperar alguma promoção.