Mullet Mad Jack teve seu primeiro trailer lançado em 13 de junho de 2023, mostrando uma gameplay frenética junto com uma nostalgia dos anos 80 e inspirações em animes. A ideia era promissora e, além disso, o jogo foi desenvolvido por um estúdio brasileiro, o que deixou o público ainda mais curioso. Agora, ele finalmente foi lançado e posso adiantar que a espera valeu a pena.
A gameplay de Mullet Mad Jack é frenética, desafiadora e, principalmente, letal.
No quesito gameplay, Mullet Mad Jack é o que conhecemos de um boomer shooter com aspectos roguelike. Você vai atirando em todos que estiverem na sua frente enquanto sobe por 10 andares até encontrar um boss.
No meio do caminho, a cada fim de andar, você recebe um upgrade à sua escolha, podendo optar por novas armas ou melhorias que facilitem sua jogada. Porém, se você morrer, é obrigado a repetir todos os 10 andares até conseguir fazer tudo de uma vez.
Para mim, esse jogo se destaca na sua gameplay pelos seus intensos 10 segundos de frenesi. Basicamente, se em 10 segundos você não eliminar alguém, Mullet pode morrer. Então, além de se preocupar com plataformas, inimigos e armadilhas, você também precisa lidar com a adrenalina que vai matando o Mullet.
Isso tudo faz a gameplay deste jogo ser extremamente frenética, não te deixando parar nem por um segundo. Acho isso muito bem executado, junto com os visuais incríveis que Mullet Mad Jack apresenta. É basicamente como jogar um Hotline Miami turbinado.
O jogo oferece uma variedade de upgrades a cada andar, tornando a gameplay complexa a longo prazo e permitindo que o jogador se acostume com cada melhoria. Isso prepara você para enfrentar dificuldades maiores ao terminar a campanha.
Os desenvolvedores estão de parabéns pelo trabalho de não sobrecarregar o jogador com muita informação, evitando que o jogo se torne desnecessariamente confuso ou difícil por falta de tempo para assimilação.
Gameplay excelente, porém…
Apesar de todos os meus elogios à gameplay, preciso mencionar algo que pode parecer banal para muitos. Com sua gameplay frenética e visual deslumbrante, o game tem uma estética que eu acho incrível e sou grande fã. No entanto, acredito que os efeitos de luz durante os combates poderiam ser um pouco diminuídos.
Após um longo tempo jogando, esses efeitos começam a cansar os olhos e se tornam informação demais devido à quantidade de elementos visuais fortes na tela. Isso é algo que poderia ser facilmente atualizado no futuro, proporcionando uma experiência melhor para pessoas com maior sensibilidade visual.
Os visuais e a trilha sonora mostram perfeitamente como homenagear uma época
Os visuais de Mullet Mad Jack lembram muito um conjunto completo de jogos, filmes, animes, etc. Posso dizer que a junção dessas várias obras foi muito bem feita. A estética retrô do jogo se encaixa perfeitamente com a gameplay e, principalmente, com a trilha sonora, que remete fortemente ao synthwave, criando uma sensação de um Hotline Miami ultra turbinado.
Os cenários têm visuais bem distintos, apesar de caírem na repetição inofensiva típica dos roguelikes. Eles são bonitos, mas, devido à repetição constante, podem acabar se tornando monótonos.
No entanto, não posso dizer o mesmo dos monstros, que possuem um charme único. Todos os personagens do jogo utilizam uma sombra única que remete muito aos anos 80 e à psicodelia cyberpunk. Isso confere um charme muito especial, fazendo os personagens parecerem 2D apesar de serem modelos 3D, além de dar ao game o estilo único que ele tanto deseja mostrar. O trabalho de design visual é feito de forma majestosa e merece ser elogiado.
A trilha sonora, por outro lado, foi algo bastante contido. Certamente funciona, porém, para um jogo tão frenético, uma trilha igualmente frenética teria sido mais adequada. Fico na dúvida se, devido aos visuais e à jogabilidade rápida, eles optaram por suavizar a trilha para evitar sobrecarregar os jogadores com frenesi excessivo.
Dito isso, é uma trilha sonora que joga pelo seguro. Espero que em uma sequência eles ousam um pouco mais nesse aspecto.
Curiosamente, a historia de Mullet Mad Jack é boa
Os boomer shooters, em sua essência, são conhecidos por uma gameplay e level design frenéticos, mas raramente são reconhecidos por ter uma história. No entanto, Mullet Mad Jack não apenas possui uma história, como também faz uma crítica muito forte ao uso massivo de conteúdos curtos, como TikTok e Reels.
A própria gameplay traz essa crítica de forma contundente, já que você pode morrer sem obter seus 10 segundos de dopamina. Mas, principalmente, é a história e até mesmo o protagonista que nos alertam sobre isso, incentivando o jogador a não cair no ciclo vicioso do excesso de dopamina.
O grande vilão do jogo é um bilionário que rapta uma influencer, mostrando a hipocrisia de Mullet ao fazer tudo isso por algo tão fútil como um par de tênis novos. Ele então recorre a todos os tipos de rituais para invocar algo demoníaco para o mundo e provar seu ponto sobre a existência de algo mais forte.
No entanto, no final, ele consegue exatamente o oposto ao perceber que nada existe. Agora, ele compreende que apenas os bilionários são considerados deuses no mundo atual.
A história deste jogo é curta, mas boa. Ela trouxe excelentes pontos para o debate e, principalmente, mostrou, de um ponto de vista único, a importância de abandonar todo tipo de conteúdo curto, processado, que pode prejudicar a mente devido ao excesso de dopamina. Foi, sem dúvida, um grande acerto.
Veredito final
Mullet Mad Jack é realmente um excelente jogo. Não apenas merece elogios por sua jogabilidade, mas toda a equipe por trás dele merece o máximo respeito. Eles entenderam o escopo e a magnitude de criar um game e foram ambiciosos com o que tinham em mãos. O resultado foi algo excelente e, acima de tudo, um grande contributo para a comunidade brasileira de jogos.