[ANÁLISE] O Escudeiro Valente possui visuais lindos e mensagens poderosas

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Anunciado em 2022, O Escudeiro Valente (The Plucky Squire) chega como um jogo de plataforma que mistura jogabilidade em 2D com 3D. Partilhando algumas semelhanças com as mecânicas de Paper Mario, o jogo chega como um indie com pompa de de AAA.

Com artes que enchem os olhos, o jogo publicado pela Devolver Digital tem lançamento previsto para hoje e o Cromossomo Nerd já teve a chance de jogá-lo. Será que o título conseguiu entregar mais do que artes bonitas? Descubra em nossa análise.

O Escudeiro Valente mostra que cada um pode contar sua própria história

O Escudeiro Valente

Antes de entrarmos na análise do jogo em si, é preciso contextualizar que esse é o primeiro jogo lançado pelo estúdio All Possible Futures, que tem grandes nomes da indústria dos videogames em sua administração.

O Escudeiro Valente é um jogo criado por James Turner e Jonathan Biddle, que também atuam como fundadores do estúdio responsável pelo projeto. Turner trabalhou como designer para a Game Freak e dirigiu o jogo HarmoKnight, além de ter criado as artes para diversos jogos da franquia Pokémon. Enquanto isso, Biddle já trabalhou na Devolver Digital como diretor criativo em The Swords of Ditto.

Dito isso, podemos ver que ambos os nomes por trás do projeto possuem expertise o bastante para se arriscar nessa nova empreitada.

No jogo, assumimos o papel de Pontinho, o herói de um reino mágico chamado Mana, que é idolatrado por todos os que vivem nesse local. Acontece que, em um belo dia, o vilão Enfezaldo decide mudar o destino de todos, e acaba ficando farto de sempre estar destinado à derrota e decide virar o jogo ao seu favor.

O Escudeiro Valente

Em meio à essa revolução, descobrimos que as aventuras de Pontinho e todo o reino de Mana são, na verdade, parte de um livro de histórias. Com essa informação, Enfezaldo se apossa do livro e usa magia para tentar se livrar de Pontinho e impedir que ele o derrote. Com isso, Pontinho acaba sendo arremessado para fora do livro, mas ganha a habilidade de alternar entre o mundo exterior e o livro.

Ao lado de seus amigos, cabe a Pontinho impedir Enfezaldo e retomar os rumos de sua história.

Não toque, é arte!

O Escudeiro Valente

Desde o primeiro trailer, O Escudeiro Valente deixou bem claro que iria entregar artes belíssimas, tanto no mundo 2D quanto nos trechos 3D.

Isso se comprova na versão final do jogo. A arte inclusive tem um destaque especial no jogo, sendo inclusive o tema da cidade central, chamada de Ártia, local onde vive a Rainha Croma, governadora do mundo de Mana. Lá, vemos referências a diversos artistas icônicos, incluindo Salvador Dali, Van Gogh, Da Vinci e tantos outros.

Ao alternar para o mundo 3D, temos um estilo de arte que lembra bastante o de Toy Story, o que casa bem com a proposta mais infantil do jogo. Embora todos os materiais pareçam bem detalhados, pude notar alguns problemas com as sombras, que demoravam um pouco para renderizar e acabavam aparecendo de forma errática na tela.

O Escudeiro Valente

Independentemente dos erros visuais, o resultado final é extremamente positivo, sendo um deleite acompanhar a narrativa de dentro do livro e passear pela mesa na qual o livro se encontra no mundo exterior.

Localização de milhões

Assim como a arte, a localização é um ponto extremamente importante em O Escudeiro Valente, e os desenvolvedores fizeram questão de deixar isso bem claro com um vídeo que destaca as vozes dos diferentes narradores em diferentes regiões do mundo.

Embora somente o narrador tenha falas em áudio no jogo, isso de forma alguma é um problema. Na verdade, Mauro Ramos, dublador que faz a voz no Brasil, entrega um trabalho excepcional. Conhecido por dar voz a personagens como Shrek por aqui, o ator transmite diversas emoções ao longo do jogo, embalando a narrativa de forma excepcional.

O jogo também tem uma excelente localização dos menus e textos de diálogos, não sendo algo mecânico, mas também usando expressões que se adequam ao nosso cotidiano, fazendo com que a aventura seja extremamente acessível.

Criatividade é o suficiente para uma boa gameplay?

Munido apenas de sua espada, cabe a Pontinho enfrentar os muitos inimigos que Enfezaldo coloca em seu caminho. No jogo, começamos apenas com um ataque básico, podendo liberar outros três ataques no decorrer da campanha.

O título conta com dois modos de dificuldade, um focado em história e outro na aventura. Optei pelo segundo modo, mas senti que o nível de dificuldade dos inimigos não ofereciam muito desafio, mas isso se deve ao fato de que o combate em si não é o forte do jogo.

O Escudeiro Valente brilha mesmo é nas mecânicas de puzzle, e acredite, as possibilidades são muitas. Tendo em vista que estamos vivendo uma história que está sendo alterada em tempo real, é possível reescrever alguns trechos para alterar elementos no mapa, mas para isso, você deve procurar as palavras na página e reconstruir a frase da maneira correta.

Além disso, temos também as mecânicas de sair do livro, o que permite interagir com a história de maneiras bem interessantes, incluindo avançar e voltar as páginas e até mesmo inclinar o livro para mover objetos no mapa. Como se isso não fosse legal o bastante, também podemos realizar missões no mundo exterior para coletar objetos que irão nos ajudar dentro do livro.

Essa metalinguagem é inclusive endereçada em um dos diálogos, o que é bem divertido.

O Escudeiro Valente

A todo o momento, o jogo te instiga a pensar e a usar sua criatividade, o que faz sentido, tendo em vista que, quando lemos um livro, imaginamos as passagens em nossa cabeça, quase como se estivéssemos assistindo um filme.

Aliada à arte belíssima e à ótima localização, temos uma jogabilidade cheia de momentos surpreendentes, que nos ajudam a mergulhar nesse universo cheio de cor e muita magia.

Ainda assim, o fato do combate não ser tão refinado faz com que enfrentar os inimigos seja uma tarefa repetitiva e limitada, não fazendo jus a todo o resto.

A jogabilidade é complementada por minigames como tiro ao alvo, simulador de boxe em que você deve esquivar dos golpes do oponente e esperar o momento certo para atacar e nocauteá-lo, puzzle de combinações no estilo Bubble Witch, um jogo de ritmo em que você deve destruir os objetos no tempo correto e até mesmo um shooter no estilo side scroller. É tudo bem simples, mas casa com a proposta do jogo.

O Escudeiro Valente vai conseguir te cativar?

O Escudeiro Valente me chamou a atenção desde o começo, e o jogo completo satisfez minha curiosidade. O primeiro projeto do All Possible Futures tem uma história com mensagens fortes, subtextos que nos fazem acreditar em nosso potencial para superar obstáculos e traz um mundo cativante.

Apesar das limitações no combate, a jogabilidade traz uma ampla e divertida variedade de possibilidades que fazem com que o resultado final seja satisfatório. Muito mais do que um jogo de plataforma, o título acaba convergindo diversos gêneros diferentes em uma coisa só, ainda que os desenvolvedores pudessem ter se arriscado um pouco mais nessas ideias para entregar algo menos superficial e mais robusto.

Vale notar que o título traz muitas opções de acessibilidade, permitindo que ele seja inclusivo até mesmo para jogadores mais novos.

O Escudeiro Valente

Um ponto que merece ser destacado é que alguns trechos não contam com indicações do que deve ser feito para ativar as mecânicas, o que me deixou um pouco perdido.

Não espere um jogo extremamente denso, mas sim uma aventura relaxante, colorida e que instiga sua criatividade. De qualquer forma, nem todos criarão uma conexão com o jogo e se sentirão motivados a terminá-lo, mas posso dizer que consegui aproveitar a jornada.

O Escudeiro Valente está disponível para PC, PS5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. Os assinantes do PS Plus Extra também poderão adicionar o jogo à sua biblioteca como parte da assinatura mensal.

*O Cromossomo Nerd agradece a Devolver Digital por ter nos fornecido uma cópia do jogo no PS5 para esta análise.