[ANÁLISE] Oxenfree II: Lost Signals | Narrativa intrigante, mas cansativa

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Sendo um dos primeiros lançamentos pelo selo Netflix Games, divisão de jogos da gigante do entretenimentoOxenfree II: Lost Signals, continuação do game lançado em 2016 pelo Night School Studios, traz de volta todo o clima de mistério e tensão do game original para a nova geração de consoles.

Com uma narrativa intrigante e densa, o game te leva para os confins de uma misteriosa cidade ribeirinha que está vivenciando diversos mistérios.

Agora, com o lançamento entre nós, surgem questões como: o game é tão divertido e inventivo quanto seu antecessor? A narrativa vale a pena?

É exatamente sobre isso que iremos discutir nesta análise, apesar de poder adiantar que sim, gostei muito da narrativa, porém… Existem algumas ressalvas.

Oxenfree II traz uma história boa, mas que demora a engrenar

Em Lost Signals, acompanhamos Riley, uma jovem que retorna à sua cidade natal de Camena para cuidar do seu pai. No seu primeiro dia de trabalho, ela se depara com um gigantesco mistério envolvendo uma ilha próxima à cidade, que parece estar emitindo sinais magnéticos e atrapalhando todas as frequências de rádio nos arredores.

Embora a premissa pareça muito interessante, e de fato ela é, ela se perde completamente numa gameplay cansativa e extensa, onde o jogo até tenta preencher os buracos entre um acontecimento importante e outro com diálogos entre Riley e seu companheiro de trabalho, o aficionado por ficção científica Jacob, que em diversas ocasiões, conversam sobre assuntos variados para que, enquanto joga, o jogador não se depare com um gigantesco silêncio.

Ao mesmo tempo que estes diálogos ajudam a preencher os buracos na narrativa, eles destoam completamente do clima que Lost Signals quer passar, que é uma enorme e constante tensão e apreensão devido aos acontecimentos quase sobrenaturais que surgem em Camena. Por exemplo, você deve chegar em um determinado ponto do jogo para realizar uma ação, logo após acontecer uma cena tensa, e os personagens estão discutindo sobre medo de altura.

Os sustos de Oxenfree II funcionam, apesar da repetição

Por mais que a narrativa de Oxenfree II seja um pouco enganchada, quando o assunto é criar cenas tensas e assustadoras, o game faz muito bem, muito disso se dá ao seu design de som, utilizando muito de efeitos de frequências de rádio para realizar jumpscares de fato horripilantes.

Além disso, estas cenas fazem com que o jogador se engaje na narrativa, querendo continuar a história para entender o que de fato está acontecendo e como as frequências de rádio, mecânica importante da gameplay, estão diretamente ligadas a todos os acontecimentos.

Essa trama é tão rica e inventiva, que o jogador provavelmente irá esquecer o fato de ter passado os últimos 15 minutos apenas andando e ouvindo um ou dois diálogos sem conexão com a história, ou então esquecer que um puzzle, que surge a cada 3 ou 4 acontecimentos, era super simples e fácil de se resolver.

Mundo lindo, mas vazio.

Agora o que eu considero o ponto mais fraco de todo o game, seu mundo “aberto”. Embora o jogador tenha liberdade para se dirigir aos objetivos que preferir, com certos impedimentos aqui e alí por motivos narrativos, ele não instiga que você busque explorar todo o ambiente, mesmo com o surgimento de novos personagens durante a gameplay, que interagem com Riley e Jacob através de um walkie-talkie.

Existem certos momentos em que sim, a exploração pode ser interessante para descobrir mais segredos e abrir novos diálogos, como quando surgem casas ou personagens, mas isso não muda o fato de que, enquanto você se move de um ponto para outro, o que mais se vê é nada, absolutamente nada, exceto uma série de cartas e outros itens colecionáveis que surgem aqui e ali.

Por fim…

Por mais inchado e ao mesmo tempo vazio que seja, Oxenfree II: Lost Signals tem um potencial enorme graças a sua narrativa e imersão. Se você conseguir superar as longas caminhadas e diálogos desconexos do objetivo principal, existe aqui uma história muito interessante e bons personagens.

*O Cromossomo Nerd agradece à Theo Games pela key do jogo no PS4 para esta análise.