[ANÁLISE] Predator: Hunting Grounds | Uma caçada decepcionante

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O Predador é uma das criaturas mais emblemáticas do entretenimento. Originalmente surgiu no filme de 1987, caçando Arnold Schwarzenegger e seu pelotão de mercenários em uma selva longínqua da América Central, tornando-se um dos maiores clássicos da história do cinema de ação e sci-fi. O monstro ainda voltou para mais filmes e rendeu diversos materiais, como jogos e revistas em quadrinhos.

Um dos jogos mais memoráveis foi Concrete Jungle (2005), em que o jogador controlava o Predador e caçava seus inimigos impiedosamente. Suas últimas aparições foram em Call Of Duty: Ghosts (2014) e em Mortal Kombat X (2015). Desde então, o alienígena andava sumido dos jogos.

A Illfonic, desenvolvedora conhecida pelo jogo de Sexta-Feira 13, decidiu usar sua expertise para desenvolver um novo jogo do alienígena chamado Predator: Hunting Grounds, que tem como proposta ser um multiplayer assimétrico em que quatro jogadores controlarão soldados e um jogador controlará o Predador. A intenção da desenvolvedora é reviver os momentos memoráveis de tensão e ação do filme de 87.

Jogabilidade

Ao controlar os soldados, o jogador irá contar com um acervo de armas, equipamentos e vantagens, além de um sistema de classes simplificado, para personalizar o seu soldado e deixá-lo da maneira que desejar, seja como um atirador de longo alcance ou um brutamontes que maneja armamentos pesados.

O jogo conta com um sistema de níveis e ganho de experiência que funciona de forma bem justa: toda a XP ganha irá para seu perfil, desbloqueando ganhos tanto para seu soldado quanto para o Predador, ou seja, não importa com quem você escolha jogar, você estará desbloqueando diversos itens para ambos, tornando a experiência muito mais prazerosa e até viciante.

O arsenal de armas não é muito variado, principalmente para os iniciantes, o que pode ser frustrante de início. Felizmente, o jogador consegue ganhar níveis rapidamente e ter acesso a diversas coisas úteis, como por exemplo: vantagens que permitem causar mais dano ao predador ou metralhadoras pesadas com taxas de tiros altíssimas.

O jogo conta com um sistema de loot boxes, que não podem ser compradas com dinheiro real, apenas com veritânio, a moeda de troca do jogo que pode ser obtida nos mapas e após o fim de cada partida, e apenas podem desbloquear itens cosméticos para humanos e o Predador.

O que irrita é que muitos itens acabam vindo de forma duplicada, fazendo com que você ganhe uma pequena parcela de retorno do veritânio como “indenização”. O problema é que à medida que você vai destravando mais coisas, a taxa de duplicatas começa a subir absurdamente e ganhar algo novo deixa de ser frequente.

O objetivo dos jogadores do time de assalto é completar objetivos variados dentro de um período de tempo e fugir no helicóptero de resgate. O esquema de controles é simples e não foge do padrão encontrado nos jogos de tiro em primeira pessoa da atualidade.

Em tese, parece muito fácil, mas o jogador precisará lidar com bandidos inimigos controlados pela IA que farão de tudo para te matar e atrapalhar seus objetivos. Em algumas missões é necessário destruir HDs, queimar drogas ou cortar o fornecimento de água, tudo no clima do filme de 87: muitos tiros, explosões e ação frenética constante, mas tudo muda repentinamente quando você percebe que está sendo caçado pelo Predador.

O jogo faz um trabalho magnífico em recriar a mesma sensação de tensão e desespero que o filme clássico fazia. Ao escutar o som característico do alienígena e saber de sua presença, sem conseguir ver de onde veio, é único e aterrorizante e, neste momento, separar-se do seu grupo é uma sentença de morte certeira, obrigando os jogadores a trabalharem em equipe para abater o monstro ou atrasá-lo até que consigam fugir.

Controlar o Predador é uma experiência fantástica e única. O monstro pode mover-se de forma fluida e rápida pelas árvores, graças ao “predakour”.  Além da velocidade, o monstro pode saltar por grandes distâncias, locomovendo-se rapidamente pelo mapa. Em momentos de aperto, o monstro pode escalar as árvores e fugir rapidamente. Assim como os soldados, o Predador é completamente personalizável.

O monstro é reconhecido pelo seu arsenal de equipamentos únicos e aqui, ele está todo completo, contando com seu clássico canhão de ombro, discos cortantes, lanças e etc., mas dois apetrechos em especial farão toda a diferença: a visão térmica e a camuflagem.

Para utilizar os equipamentos, o Predador conta com uma reserva de energia que recarrega lentamente, sendo necessário que o jogador seja sábio ao utilizar tudo. Enfrentar o time inimigo sozinho de peito aberto é uma péssima ideia e raramente dá certo. Caso o predador fique ferido, será necessário correr para longe e utilizar um kit de primeiro socorros, semelhante ao dos filmes, mas há um pequeno detalhe: você deixará um rastro de sangue que os jogadores inimigos poderão seguir e matá-lo enquanto se cura.

Como último recurso, os jogadores que controlam o Predador contam com outro artifício icônico: ao sentir que está perto de morrer, poderão ativar a bomba de autodestruição. Quando isso acontece, os jogadores adversários possuem duas opções: correr o mais rápido possível para fora da área da explosão e terminarem vivos, mas a missão fracassa, ou um dos jogadores tenta desarmar o dispositivo, num minijogo tenso que envolve os caracteres da linguagem dos predadores.

E para piorar a situação, uma gravação de risada ecoa diretamente do monstro (assim como no filme), aumentando a intensidade a medida que o tempo passo. Caso o jogador falhe, ele morrerá com a explosão e a missão acabará para o time todo, mesmo que sobrevivam. Tudo isso torna a experiência mais tensa e divertida, fazendo com que jogar tanto como os soldados quanto o predador seja diversão garantida para todos.

Aspectos Ténicos

A Illfonic acertou em alguns aspectos, como a jogabilidade e a recriação fantástica da ambientação do filme clássico, porém o jogo possui uma otimização horrível que causará mais raiva e frustração aos jogadores do que diversão e tensão.

Graficamente, o jogo soa extremamente ultrapassado, cheio de texturas pobres e serrilhados terríveis. Parece que todo o trabalho foi focado na modelagem do Predador, que é de fato muito boa, e todo o resto foi esquecido. O motion blur é usado de forma abundante e exagerada deixando tudo pior, principalmente por ser tratar de um jogo de ação rápida e constante.

Os soldados da IA são extremamente mal feitos, beirando um jogo do Playstation 2, e a inteligência artificial é risível, ao ponto de você matar um companheiro que está ao lado e o soldado continuar distraído. Os soldados que o jogador controlam não são graficamente tão ruins, mas também deixam muito a desejar.

Além dos problemas gráficos, o jogo está recheado de bugs. Alguns são pequenos, como por exemplo, interagir com um item e o ícone do botão de interação ficar fixo na tela mesmo depois de terminar a ação e te acompanhar até o final da missão. Em algumas partidas, jogando no time dos soldados, presenciei um bug desagradável que fazia com que a minha arma ficasse com munição negativa e ficasse inutilizada até o final do jogo, nem mesmo recarregando ou abastecer com munição extra resolveu. Resultado: me deparei com o jogador controlando o Predador e morri rapidamente.

Para piorar tudo as framerates caem constantemente, principalmente quando você joga como soldado e precisa disparar sua arma. Como estamos falando de um jogo de tiro com ação frenética, fica difícil perdoar esse problema e impossível não irritar-se devido a frequência com que o mesmo ocorre.

Durante a sua Beta, Predator: Hunting Grounds possuía um problema bem desagradável na organização de partidas: o tempo de espera para conseguir jogar. Infelizmente, o jogo foi lançado com o mesmo problema. Mesmo com 2 patches de atualização, que em tese deveriam consertar o problema, não é raro o tempo de espera passar de 5 minutos, seja para jogar como Predador ou soldado.

Na semana de lançamento eu precisei esperar 23 minutos para jogar uma ÚNICA partida, sem utilizar nenhum tipo de filtro, e como estamos falando de um jogo lançado recentemente e num período em que as pessoas estão em casa, é difícil entender como isso foi acontecer. O jogo ainda conta com crossplay entre PS4 e PC, o que deixa o problema mais difícil de ser entendido.

Vale destacar que na trilha sonora, o jogo conta com a faixa clássica do filme de 1987, o que irá fazer com que os mais nostálgicos abram um sorriso.

Considerações Finais

Predator: Hunting Grounds poderia ter sido o jogo definitivo do Predador, mas problemas técnicos ofuscam grande parte de seu brilho, ao ponto que somente fãs do personagem irão conseguir sujeitar-se a longas esperas para conseguir jogar uma única partida, suportar seus gráficos ultrapassados recheados de motion blur, que mais atrapalham do que ajudam, bugs constantes, quedas frequentes de framerates e animações terríveis.

Sejamos honestos: o jogo consegue ser divertido, quando funciona. O problema é que isso raramente acontece