[ANÁLISE] Resident Evil 4 | Quando o remake supera o original

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Em 2017, a Capcom decidiu reinventar a franquia Resident Evil com o sétimo jogo, trazendo um novo personagem e abraçando o survival horror que a consagrou. Apesar de caído no gosto de boa parte dos jogadores, uma parcela de fãs não se empolgou.

Porém, a editora tinha uma carta na manga: o remake de Resident Evil 2. Em um dos pouquíssimos casos, conseguiu agradar tanto a geração veterana quanto os novatos, trazendo uma releitura de altíssima qualidade. Entretanto, o remake de Resident Evil 3 (2020) foi pelo lado oposto, cortando conteúdo e tomando decisões polêmicas, gerando a fúria dos fãs.

Após o mega sucesso de Village (2021), a Capcom retorna com um novo trunfo: o remake de Resident Evil 4, um dos jogos mais aclamados e influentes de todos os tempos. Será que o lançamento chega como uma carta de desculpas pelos tropeços do anterior ou repete seus mesmos erros? Confira em nossa análise!

Leon, socorro!

Se você tinha medo da Capcom ter trazido mudanças bruscas na narrativa de Resident Evil 4, fique tranquilo: você encontrará uma trama bem próxima do original, mas com alguns detalhes e mudanças que visam explicar melhor alguns fatos, além de fazer conexão com os remakes anteriores.

Nenhum ponto da história foi cortado como em Resident Evil 3 e ocorre o oposto: algumas partes estão mais longas e possuem novidades, tornando-as ainda mais completas e interessantes.

Para aqueles que não conhecem o original, Resident Evil 4 ocorre seis anos após os eventos de Resident Evil 2, onde o policial Leon S. Kennedy lutou para sobreviver na cidade de Raccoon City dominada por zumbis e armas biológicas da Umbrella.

Após muito treino, Leon se torna um agente especial do governo americano e é escalado para sua missão mais importante: resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos. Ela foi sequestrada em circunstâncias misteriosas e pistas indicam que ela foi parar em vilarejo macabro da Espanha, dominado pelo culto fanático Illuminados.

A aventura pode ser terminada em cerca de 12 horas, a depender de sua habilidade e do seu interesse em explorar o mapa, que está repleto de segredos e missões secundárias para ganhar bônus que farão toda a diferença no jogo.

Olha a faca!

A jogabilidade é o ponto onde a Capcom trouxe mais novidades, mas com o objetivo de modernizá-la. Aqui, os jogadores do original encontrarão uma versão mais refinada e com maior fluidez, além de mecânicas que tornam a experiência mais dinâmica e desafiadora do que o clássico.

Agora, a faca de Leon é um dos principais recursos do jogador. Ela pode ser sacada rapidamente para atacar inimigos, mas também como um importante recurso de defesa, podendo até salvar sua vida de um certo maníaco com uma motosserra. Caso defenda no momento certo, irá deixar inimigos atordoados e poderá dar um belíssimo roundhouse kick que deixaria Chuck Norris orgulhoso.

Porém, esse não é o único uso da arma branca. Ela também desempenha papel importante para se soltar inimigos que te agarrarem e na execução de oponentes prestes a se transformarem, um detalhe que não vou explicar demais para não estragar a sua surpresa. Mas não pense que a faca vai durar até o final do jogo, já que ela pode ser quebrada e ser inutilizada. Felizmente, você poderá repará-la ou encontrar outras espalhadas pelos mapas.

Uma mecânica nova que fará total diferença em sua jogatina é a furtividade. Agora, Leon pode se movimentar abaixado para executar inimigos distraídos, um ótimo recurso para limpar uma área grande antes de despachar outros oponentes. Além disso, se abaixar no momento certo permitirá desviar de alguns golpes.

Entretanto, confesso que não entendi a decisão da Capcom de em abandonar a mecânica de esquiva implementada no remake de Resident Evil 3. Ela teria dado uma dinâmica a mais, que enriqueceria bastante a jogabilidade. Felizmente, Leon ainda poderá desviar de alguns golpes poderosos, mas apenas quando o jogo pedir para você apertar círculo, limitando o recurso.

Falar em Resident Evil 4 sem pensar na maleta seria um pecado e Capcom tinha consciência disso. Ela funciona exatamente como no antigo e se prepare para passar boa parte da jornada arrumando seus recursos e conseguindo espaço para carregar todas as tralhas. Assim como em RE 7 e Village, você também poderá fabricar munições e outros itens com suprimentos obtidos no cenário.

Outro personagem que retorna em grande estilo é o misterioso mercador. Dessa vez, ele traz novos desafios e vende novidades que irão abrir um sorriso nos jogadores. Além disso, ele possui uma nova moeda de troca para obter itens especiais, incentivando a exploração para encontrar tesouros e outros objetos escondidos.

Se você amava Resident Evil 4 pelos seus chefes, devo dizer que você ficará bem satisfeito com a experiência. Grande parte deles conta com novas mecânicas que trazem maior desafio, mas sem esquecer a essência do original. Há também a inclusão de novos inimigos que irão gerar dor de cabeça extra.

Sustos em alta definição

Se você é daqueles que reclamava que Resident Evil 4 começou a abandonar o survival horror para abraçar momentos de ação, devo dizer que seu remake reforça suas raízes de horror com uma atmosfera mais macabra e bons sustos. Porém, vale frisar que a ação não deixa de existir, mas está bem dosada com o sentimento de tensão.

O jogo possui modo gráfico com Ray Tracing ativo e 30 FPS ou desativado com 60 FPS, focado no desempenho. Optei por jogar a aventura no segundo e não vi nenhum tipo de queda de FPS, mas visualizei alguns bugs gráficos que não atrapalharam a experiência. Graficamente, ele traz a RE Engine mostrando novamente seu potencial com texturas detalhadas e belíssimos efeitos de iluminação.

Porém, um componente do PlayStation 5 rouba a cena: o DualSense. A Capcom o utiliza de forma genial, até para dar sustos nos jogadores desavisados e tornar a experiência mais imersiva. Somado com a Tempest Engine para som 3D, é uma aventura tensa e memorável.

A Capcom marca um golaço ao trazer Resident Evil 4 dublado em português, com Leon tendo a voz do excelente Felipe Grinnan, que fez a voz de Leon em Resident Evil Degeneração e Condenação. O trabalho reforça a competência de dublagem brasileira com as vozes combinando bem e a trilha sonora excelente.

Considerações Finais

O remake de Resident Evil 4 me surpreendeu e vou precisar admitir: ele é melhor do que o original em todos os pontos. A Capcom eleva o nível de releituras trazendo uma obra completa que não tem medo de inovar, mas sem esquecer de sua essência e sem cortar conteúdo.

Com o trabalho fabuloso nele, os jogadores irão aguardar ansiosamente que Code Veronica receba o mesmo tratamento. Espero que outros estúdios tenham o remake de Resident Evil 4 como um norte quando decidirem refazer algum clássico.

Resident Evil 4 já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S e PC.

*O Cromossomo Nerd agradece a TheoGames e a Capcom Brasil por ceder uma cópia de Resident Evil 4 no PlayStation 5 para análise!