A série SaGa ficou pouquíssimo conhecida no Ocidente por ter sido lançada numa época em que nem todos os jogos japoneses eram trazidos para esse lado do planeta, muitas vezes por decisão dos estúdios, em ficarem restritos apenas ao mercado japonês. O primeiro jogo da franquia ficou conhecido como Makaitoushi SaGa (1989) e foi lançado na América do Norte com o nome de The Final Fantasy Legend e alterações diversas, com intenção de usar toda a fama da série clássica de mesmo nome para alcançar o sucesso.
A partir de 1992, a série começou a andar com as próprias pernas, distanciando-se de Final Fantasy, adotando o nome de Romancing SaGa e gerando uma trilogia exclusiva para o Super Nintendo, sem sair do Japão. Um grande diferencial da época é que os jogos da franquia possuíam escolhas que influenciavam a narrativa, fazendo com que a experiência variasse entre os jogadores. Com a opção de escolher personagens, cada um com uma história diferente, e ações que iam desde diálogos até a ordem das missões, alterando a história, Romancing SaGa permitia que a trama mudasse de acordo com quem jogava, incentivando os jogadores a tentar cenários diferentes e ver a história por outras perspectivas, algo que foi revolucionário na época e que é presente em jogos da atualidade como Skyrim e Dragon Age, por exemplo.
O primeiro título da trilogia ganhou um remake para o PS2 e o segundo, um remaster em HD em 2017. O 3, era o mais aguardado para receber algum tipo relançamento por ser considerado o título mais amado da série e devido à dificuldade de ser encontrado, privava os jogadores de experienciá-lo. Felizmente, essa espera acabou em 11 de Novembro de 2019, 24 anos depois do seu lançamento original no Japão – e marca a primeira vez que o jogo chega ao ocidente.
História
Felizmente, o jogador não precisa ter jogado os títulos anteriores da série para entender a história, já que o jogo apresenta uma introdução bem didática e simples para situar os novatos. A cada 300 anos, um evento catastrófico chamado de “Ascenção de Morastrum”, um eclipse amaldiçoado, marca todas as criaturas que nasceram naquele determinado ano para morrer, humanas ou não. Por razões desconhecidas, um bebê sempre sobrevive a este evento e fica marcado a um dos dois destinos: virar um grande herói ou um ser maligno que colocará o mundo nas trevas. No último eclipse, um grande herói surgiu e baniu o mal daquela terra para o Abismo e tornou-se um grande rei, onde um longo período de paz reinou.
15 anos depois do último eclipse mortal, a expectativa é enorme para o que teremos: um grande herói ou um novo vilão. Ao escolher um personagem dentre os 8 selecionáveis, você irá entrar numa aventura para descobrir o que o futuro reserva para aquela terra, ao mesmo tempo que iremos ver a história pessoal de cada um dos personagens escolhidos. O jogo tem uma trama simples, mas que funciona bem na proposta, sendo bem agradável e que instiga o jogador a explorar o mundo e conhecer mais dele. Inclusive, há algumas surpresas reservadas que incentivam o jogador a experienciar múltiplas jogatinas. O jogo conta com legendas apenas em inglês, podendo afastar aqueles que não dominam o idioma.
Jogabilidade
O jogo conta com o clássico sistema de turnos, com seu grupo contando com 5 participantes, incluindo você. Durante o jogo, você poderá recrutar diferentes personagens espalhados pelo mundo para o seu grupo, contando com mais de 20 personagens diferentes, então vale a pena sempre estar interagindo com todos os personagens que encontrar pelo caminho. Os inimigos podem ser vistos de longe, por meio de ícones, dando uma vantagem tática para você escolher se quer enfrentá-los ou apenas passar reto, mas esteja ciente de que nem sempre você poderá escolher em quais batalhas lutar.
Um sistema interessante é que o jogo não conta com um sistema de experiência tradicional. Cada personagem tem uma classe e uma série de habilidades – e à medida que utilizarmos cada uma, o personagem vai ganhando atributos, melhorando as habilidades já existentes e de forma aleatória, podendo ganhar novas. Devido a isso, o jogo acaba incentivando o jogador a encarar inimigos, para ver o que poderá vir de novidade daquele encontro, fazendo com que o sistema seja dinâmico e você desenvolva a sua equipe da maneira que achar melhor.
Uma boa dica é aumentar o poder de suas magias sempre que possível, nunca ficar apenas nas habilidades com armas ,porque lá para o final do jogo, a coisa ficará bem apertada e um mago bem preparado irá fazer toda a diferença. Outro elemento legal é que você poderá definir a formação da sua equipe, permitindo que o jogador use estratégias diferentes, de acordo com os membros do seu grupo e com os inimigos que você estiver enfrentando.
Por mais confuso que isso tudo possa parecer e o jogo não explique nada, os mais atentos irão aprender rapidamente o que fazer e como portar-se nas batalhas, devido a avisos constantes dos seus avanços. Como na maior parte dos jogos, a dificuldade tende a aumentar à medida que você avança, mas a curva de aprendizado de Romancing SaGa 3 não é nada de outro mundo e antes de você chegar na metade do jogo, já terá dominado bem suas mecânicas e estará pronto para eventuais ameaças mais fortes, incluindo os chefes.
Vale lembrar que você deve salvar manualmente seu jogo constantemente, já que não há nenhuma espécie autosave.
Trilha Sonora e Gráficos
Antes de mais nada, devemos lembrar de que esse foi um jogo lançado originalmente para o Super Nintendo, no ano de 1995. Naquela época, era realmente impressionante a qualidade gráfica, com cenários bem trabalhados e personagens detalhados. Mesmo não utilizando todo o potencial do console na época, era realmente um trabalho notável. Sendo remasterizado para HD, é possível perceber mais detalhes e apreciar melhor ainda a beleza do jogo.
Na parte sonora, Kenji Ito faz uma trilha sonora incrível e não era de se esperar menos, já que ele trabalhou nos jogos anteriores e já havia feito um trabalho sensacional. Diversas faixas, incluindo o tema principal, ficarão na cabeça dos jogadores, mesmo depois que tenham terminado o jogo. Até os efeitos sonoros mais simples tiveram uma atenção especial, fazendo com que o conjunto da obra seja espetacular.
Considerações Finais
O relançamento de Romancing SaGa 3 é uma oportunidade incrível de experienciar um dos melhores RPGs japoneses dos anos 90. Desafiador, mas com uma curva aprendizado simpática, acaba sendo uma experiência muito divertida, principalmente para aqueles que sentem falta de jogos retrô. Por permitir experienciar a história com diferentes personagens em suas óticas, acaba levando o jogador a jogar mais vezes, para ver todos os acontecimentos e entender mais do mundo encantador da série SaGa. Para melhorar o pacote, conteúdos novos, como uma masmorra inédita e mais detalhes da história, irão atrair até mesmo aqueles felizardos que conseguiram jogar a obra original para reviver boas memórias.