O anúncio de Silent Hill 2 Remake gerou uma das maiores controvérsias no mundo dos videogames. Desde os primeiros trailers, que usaram cenas de versões iniciais do jogo, até a desconfiança em relação à Bloober Team, o projeto não despertou muito entusiasmo na comunidade. Muitas vezes, o título foi subestimado e deixado de lado.
No entanto, após a desenvolvedora finalmente revelar o jogo por completo, fomos surpreendidos. Tive a chance de mudar minha opinião e testemunhar o que se tornou um dos melhores lançamentos do ano.
Trazendo de volta um clássico absoluto
Fazer um remake já é uma tarefa desafiadora por si só. Reimaginar uma obra para uma audiência moderna, enquanto se mantém fiel ao material original, exige cuidado e respeito. Ao longo da história, diversos remakes falharam em encontrar esse equilíbrio, muitas vezes deturpando a obra original e desagradando tanto fãs antigos quanto uma nova geração.
A Bloober Team já tinha experiência no gênero de terror, mas com recepções mistas, como no caso de The Medium, criticado pela falta de sensibilidade ao tratar temas pesados. No entanto, com Silent Hill 2 Remake, o tempo provou que o estúdio amadureceu, trazendo um equilíbrio quase perfeito entre inovação e reverência ao clássico.
Apesar de Silent Hill 2 original ser um clássico absoluto, com uma das melhores histórias de todos os tempos (na minha opinião, talvez a melhor), a jogabilidade e algumas seções eram um pouco complicadas.
A gameplay, embora funcional, não era instigante, e certos puzzles exigiam o uso de guias para avançar. No remake, esses problemas menores foram resolvidos com maestria. A Bloober Team conseguiu atualizar a jogabilidade para algo mais fluido e envolvente, sem perder a essência do terror psicológico que definiu o título original.
História sendo preservada e ganhando novas camadas
Um dos maiores medos ao fazer um remake de uma história tão amada pelo público é errar na execução. Com o histórico de deslizes da Bloober Team, havia um receio, mas ninguém precisa se preocupar, pois toda a história foi corretamente contada, com adições mais do que bem-vindas.
As cutscenes são um dos pontos altos do jogo. Além de serem extremamente fiéis ao original, as novas cenas adicionam muito à história. A direção dessas cenas é primorosa, e quem jogar uma segunda vez certamente perceberá detalhes incríveis que podem ter passado despercebidos na primeira vez.
O jogo recebeu um elenco de dublagem de outro mundo, com todos entregando performances incríveis, alguns até parecendo ter saído diretamente do original. No entanto, o grande destaque vai para o dublador de James, que com certeza merece uma nomeação para melhor dublador no The Game Awards deste ano.
Gameplay repaginada e familiar para todos
Uma adição muito bem implementada foi a necessidade de interagir com o ambiente para progredir. Em certos locais, você precisará destruir paredes deterioradas, se arrastar pelo chão para passar por buracos ou pular muros usando objetos ao redor.
Essas mecânicas trazem uma grande variedade ao design dos níveis, tornando o jogo mais dinâmico e, sem dúvida, um dos melhores acertos da Bloober Team.
Puzzles e design de níveis no seu ápice
Como mencionei anteriormente, gosto muito do jogo original, mas algumas seções de puzzles fogem da lógica, o que me incomoda por me forçar a usar guias. No entanto, no Silent Hill 2 Remake, isso não é um problema.
Os puzzles foram repensados para o remake, e suas soluções consistem em observar bem o ambiente. O jogo sempre oferece algum tipo de ‘dica’ para garantir que sua atenção esteja no lugar certo. Não é nada intrusivo a ponto de trivializar os puzzles, mas sim um ótimo adendo para garantir que até jogadores mais casuais possam aproveitar o jogo.
Inclusive, o level design do Silent Hill 2 Remake segue essa filosofia de repensar com base no antigo, mas com moldes mais atuais. O jogo garante que, com paciência, você encontrará o caminho certo, e o uso do mapa foi muito bem implementado.
Ele contém todas as respostas necessárias para encontrar sua saída nos locais, tornando a exploração mais intuitiva.
Monstros vem em sua melhor forma
Uma coisa que virou um certo “meme” na comunidade de Silent Hill é como os chefes no jogo original são bem simples. Não que isso fosse algo ruim, mas raramente ofereciam um desafio significativo. No entanto, o remake definitivamente quis mudar essa impressão, entregando algumas das melhores batalhas contra chefes que já vimos no gênero.
As batalhas contra Pyramid Head, Abstract Daddy, entre outros, são muito viscerais, oferecendo uma liberdade criativa que expande cada combate em diversas variações. Cada uma delas proporciona uma experiência única, e o maior destaque, para mim, é como transformaram alguns chefes que eram considerados fracos no jogo original em desafios totalmente diferentes e muito mais impactantes.
Conclusão
O remake de Silent Hill 2 é facilmente um dos melhores jogos do ano. Todos nós devemos um pedido de desculpas à Bloober Team e espero que o jogo receba as indicações e premiações que merece.