O SHIFT UP, estúdio coreano que havia apenas lançado jogos mobile, apresenta o seu primeiro título para console: Stellar Blade. O game exclusivo para PlayStation 5 era aguardado com muita expectativa desde o anúncio e também, algumas polêmicas.
Ao longo dos últimos anos, os jogos single-player estão se tornando escassos, com a indústria adotando o modelo de jogos como serviço para manter uma base de jogadores mais lucrativa. A Sony tem flertado com a ideia de se adequar aos novos padrões, mas sabe que não pode fazer um salto brusco sem desagradar seus fãs.
Será que Stellar Blade chega como uma boa opção no catálogo da Sony para agradar os fãs tradicionais do PlayStation ou acaba se perdendo no mar de referências e abusa da sensualidade para atrair a atenção dos jogadores? Confira em nossa análise!
Zack Snyder, é você?
Em Stellar Blade, o planeta Terra foi destruído por monstros conhecidos como Naytibas, com a humanidade precisando se refugiar no espaço. Eve, membro do 7º Esquadrão Aéreo, precisa retornar ao planeta para destruir as criaturas e reconquistá-lo.
Logo, o jogador irá descobrir alguns segredos sobre o Naytibas e o porquê de a Terra ter sido destruída, mas no geral, o jogo traz uma trama simples que não quer se aprofundar demais em nada, apenas colocar a personagem de roupa sensual saindo na porrada.
Se por um lado os jogadores que só querem ação não vão se incomodar, quem deseja uma história com reviravoltas vai se decepcionar com a previsibilidade dos acontecimentos. Outro ponto que não ajuda são os personagens sem carisma e esquecíveis, além das diversas referências bíblicas para fingir profundidade
A trama pode ser terminada por volta de 15 horas, mas há missões paralelas e finais alternativos. Caso o jogador queira ver tudo o que jogo tem a oferecer, deverá investir o dobro desse tempo.
Stellar Blade se resume em monstros, porrada e roupa colada
Nos trailers de divulgação, muitos jogadores pensaram que Stellar Blade seguiria a linha de Devil May Cry e Bayonetta, oferecendo combate extremamente ágil e combos insanos. Não vou dizer que o game é lento, mas esqueça essas duas referências.
A SHIFT UP ficou em cima do muro, e ao mesmo que introduziu elementos de hack & slash, olhou para o gênero soulsborne para criar o seu próprio modelo. Inicialmente, o combate pode parecer simples, mas vai se aprofundando enquanto você avança.
Em comparação a Devil May Cry, você perceberá que os golpes de EVE são mais pesados, cadenciados, enquanto o sistema de deflexão lembra bastante Sekiro: Shadows Die Twice. Somando tudo à uma esquiva, precisará praticar o timing para lutar bonito, por mais que derrotar os inimigos não exija tanto do jogador.
Stellar Blade traz um sistema de árvore de habilidades. Inicialmente, o combate pode parecer frustrante e limitado, mas o senso de progressão e o desbloqueio de mais movimentos torna e experiência rica e divertida. O problema é você ter paciência e insistir para ser recompensado por isso.
Em contrapartida, Stellar Blade traz combates divertidos contra chefes. Por mais que não cheguem ao nível do que a From Software faz em seus clássicos, ainda oferece uma experiência menos desafiadora, mas ainda emocionante.
Para personalizar o combate, o jogador terá duas opções: Exoespinha e Componentes. Eles são equipados ao traje de EVE e trazem mudanças ao seu estilo de jogo. No meu caso, optei por um que facilitasse a esquiva e bloqueio perfeitos, enquanto o segundo tinha redução de dano. Novamente, o início é bem limitado, mas ao longo da aventura, você encontrará mais opções.
Os soulsborne são conhecidos por oferecerem amplo arsenal para o jogador e por mais que Devil May Cry não foque em quantidade, ele traz qualidade com armas icônicas e variadas. O mesmo não pode ser dito de Stellar Blade.
Basicamente, o jogador ficará restrito à uma espada em boa parte do jogo, e então, irá liberar uma arma de fogo. Isso gera uma certa monotonia e até tédio em algumas partes. Confesso que eu esperava mais novidades, principalmente tendo um combate com certa profundidade.
Se o combate brilha em alguns momentos, o mesmo não pode ser dito das seções de plataforma. Apesar de não serem tão frequentes, foram as partes que menos gostei do game. Cada salto de Eve é desengonçado e nem sempre você vai acertar o lugar que deseja ir.
Stellar Blade não possui mundo aberto e sim, algumas seções com partes exploráveis. Há um hub central, a cidade Xion, que funciona como uma base para EVE e seus amigos. Lá, você encontrará missões paralelas e mais detalhes sobre o universo do game.
Stellar Blade traz uma salada de referências
Stellar Blade não esconde a sua admiração por outros conteúdos da cultura nerd para criar o seu próprio universo. Logo de início, os jogadores perceberão claras influências de Alita: Anjo de Combate e Ghost in the Shell, com a história pegando algumas pitadas de Matrix.
Tecnicamente, Stellar Blade é um jogo bonito, mesmo ficando aquém do que se espera de um exclusivo do PlayStation 5. O destaque é a direção de arte criativa com monstros icônicos e repugnantes, apesar dos mapas serem altamente repetitivos.
Na parte técnica, o jogo está bem polido e entregando desempenho estável. Experimentei a aventura em 60 quadros por segundo e não me decepcionei, com o combate entregando boa fluidez e nenhum engasgo, mesmo com muitos inimigos na tela.
Em trilha sonora, Stellar Blade está totalmente dublado e traduzido para o nosso idioma. As vozes casam bem com os personagens, entregando um trabalho bem competente.
Mamilos polêmicos
Stellar Blade causou diversas polêmicas pelo visual hipersexualizado de Eve. Inclusive, roubou o foco da jogabilidade, com as discussões permeando se essa decisão criativa teria impacto real na proposta do game.
Sinceramente? Stellar Blade soube utilizar a polêmica para se promover e nada além disso. Aqui, você não encontra EVE utilizando a sua sensualidade para ser icônica como Bayonetta ou para algum propósito de avançar na trama. Basicamente é “olha só essas roupas apertadas marcando o corpo escultural da personagem” e acabou.
Porém, há um detalhe que achei no mínimo de gosto duvidoso: a sexualização de Lily, companheira de Eve ao longo da jornada. O título não traz muitas informações sobre ela, mas a personagem tem uma aparência mais infantilizada e algumas cenas ficaram esquisitas por conta da forma que ela age e das vestimentas que usa.
Devo investir em Stellar Blade?
Stellar Blade não é um jogo perfeito, mas é inegável que ele ainda vai te divertir, se você souber ignorar alguns problemas e não esperar um novo Devil May Cry ou Bayonetta, muito menos estiver procurando um soulsborne puro.
Com combate profundo e com bom sistema de progressão, o exclusivo do PlayStation 5 é uma boa pedida para aqueles que buscam ação intensa e não se preocupam com história, porque aqui ela é totalmente dispensável e tem como único propósito colocar EVE com roupas sensuais distribuindo porrada em tudo o que aparece pela frente.
Stellar Blade já pode ser adquirido na PlayStation Store por R$ 349,90.
O Cromossomo Nerd agradece a PlayStation Brasil e Giusti Comunicação por ceder uma cópia de Stellar Blade no PlayStation 5 para esta análise!