Há alguns dias, a atriz Brie Larson que viverá a Capitã Marvel no Universo Cinematográfico da Marvel, declarou que queria ver mais diversidade na turnê de imprensa do filme, explicando que a maioria esmagadora dos jornalistas e críticos que faziam a divulgação de blockbusters em Hollywood eram homens predominantemente brancos. Pronto. Isso foi mais que suficiente para fazer muitos homens inseguros e frágeis ficarem ofendidos com a ideia da atriz, resultando numa tentativa de boicote ao longa.
Infelizmente, Capitã Marvel não é o primeiro e nem será o último filme a passar por essa situação constrangedora. Em 2015, militantes pelo machismo promoveram boicote a “Mad Max: Estrada da Fúria”, alegando que a Imperatriz Furiosa tinha muito destaque. Ainda no mesmo ano, foi a vez de “Star Wars: O Despertar da Força” sofrer ataques machistas e racistas por trazer um homem negro e uma mulher como protagonistas.
Episódios assim parecem ter virado rotina no mundo da cultura pop, independente da mídia. Toda vez que alguém se propõe a abrir espaço para a diversidade enorme que existe no mundo, o ódio e a opressão partem pra cima, lançando argumentos vazios e imediatamente taxando de “lacração”. Num espaço tão abastado de produções trazendo exemplos de aceitação, acolhimento, companheirismo e amor ao que é diferente, ainda é irreal lidar com o fato de que boa parte do público vive numa constante negação para o que foge do padrão.
Brie Larson se tornará o principal rosto do MCU após Vingadores: Ultimato, independente da vontade dos trolls que negativaram o filme no Rotten Tomatoes, é isso que a Marvel está fazendo. A atriz somente quis diversificar o elenco de jornalistas e críticos da turnê de divulgação do filme no qual é a estrela, abrindo espaço para aqueles que são ignorados e tratados como invisíveis pela indústria. A própria Brie começou dando o exemplo, quando foi entrevistada pela Marie Claire solicitando que a repórter Keah Brown fizesse a entrevista. De acordo com a jornalista “Este foi um momento muito importante da sua carreira. Essa é uma grande responsabilidade. É a maior oportunidade que tive. Ninguém geralmente quer dar uma chance para uma jornalista com deficiência” (Keah tem paralisia cerebral e escreve sobre cultura pop, negritude, feminilidade e deficiência).
Em momento nenhum, a atriz proibiu homens brancos de assistirem o filme ou de escreverem críticas sobre a obra. A ideia foi somente uma: Trazer diversidade. Se alguém se sentiu ofendido com a declaração, é porque o ódio e insegurança cegaram tanto esse indivíduo a ponto dele achar um absurdo querer algo tão simples e fácil.
O mundo não é feito só de um padrão, ele é variado e é absolutamente normal que seja representado assim no cinema, tanto à frente, quanto de trás das câmeras. Filmes como Capitã Marvel e Pantera Negra virão cada vez mais e mais, bem como atrizes com posições fortes e importantes como Brie Larson estarão sendo chamadas para estrelarem grandes produções. São pequenos passos, mas são eles que podem abrir portas para personagens diversos ganharem espaço no cinema de heróis.
Em suma, o momento para uma autocrítica da comunidade nerd é agora. É hora de por a mão na consciência e ajudar a desconstruir a hegemonia ao invés de reprimir. Nós podemos ser muito melhores do que todo esse vexame, só precisamos deixar tudo isso para trás, acolhendo, aceitando e apoiando as diferenças.
Capitã Marvel estreia dia 7 de março 😉