Babygirl é uma lembrança do Cine Privé — CRÍTICA

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Babygirl, de Halina Reijn, tenta revisitar o gênero do thriller erótico, trazendo uma narrativa moderna centrada em poder, desejo e autodestruição. No entanto, o roteiro não oferece a profundidade necessária para sustentar os temas que propõe explorar. Apesar disso, Nicole Kidman entrega uma performance excepcional, sendo o maior destaque do filme e elevando uma trama que, em outros aspectos, soa superficial.

História, Direção e Trilha Sonora de Babygirl

Na história, acompanhamos Romy (Kidman), uma CEO bem-sucedida que, após construir uma carreira sólida e uma vida pessoal aparentemente perfeita, se vê envolvida em um caso tórrido com seu jovem estagiário Samuel (Harris Dickinson). A relação entre eles é marcada por uma tensão constante, mas a dinâmica de poder e submissão, central ao enredo, nunca é devidamente aprofundada. A narrativa flerta com questões importantes, mas hesita em confrontá-las diretamente, deixando lacunas que poderiam ser facilmente resolvidas com terapia ou até mesmo um desligamento estratégico na empresa.

Tecnicamente, o filme se destaca pela direção estilizada de Reijn e uma trilha sonora que evoca perfeitamente o clima de desejo e conflito interno de Romy. Músicas como “Father Figure“, de George Michael, e “Never Tear Us Apart“, do INXS, ajudam a criar momentos de grande impacto emocional. Contudo, essa estética bem trabalhada não compensa o fato de o roteiro parecer raso e indeciso.

Dinâmica de Personagens

Nicole Kidman e Harris Dickinson em cena de 'Babygirl'

Enquanto Kidman traz complexidade e nuance à sua personagem, Harris Dickinson não tem o mesmo suporte narrativo. Samuel acaba sendo mais um símbolo do desejo e da tentação do que um personagem tridimensional. A química entre os dois é evidente, mas falta ao texto uma exploração mais incisiva das consequências dessa relação no contexto pessoal e profissional de Romy.

Conclusão

O longa tem um conceito intrigante e visualmente é bem executado, mas falha em dar substância ao seu conteúdo. O filme acerta ao trazer de volta a atmosfera dos thrillers eróticos dos anos 80 e 90, mas se perde em sua tentativa de oferecer profundidade. Ainda assim, é uma experiência interessante, sustentada quase que exclusivamente pela atuação brilhante de Nicole Kidman, que consegue trazer peso e humanidade a uma história que poderia ter sido muito mais impactante.