Entre os dias 2 e 4 de maio de 2025, o Memorial da América Latina, em São Paulo, foi palco da primeira edição do Bangers Open Air Brasil, festival que marcou a nova fase do antigo Summer Breeze Brasil. Com a proposta de manter a mesma essência e estrutura dos anos anteriores, o evento estreou com um novo nome, mas sem perder a força de um dos maiores encontros do metal no país.
Desafios e superações no line-up
Antes do evento, o festival enfrentou cancelamentos significativos. Knocked Loose e We Came as Romans anunciaram sua retirada em março, sendo substituídas por Blind Guardian e Destruction.
Em abril, o I Prevail também cancelou sua participação devido a “circunstâncias pessoais”. Para cobrir essa ausência, o Kamelot foi escalado para duas apresentações, uma no sábado e outra no domingo, prometendo setlists distintos para cada show.
A programação teve início na sexta-feira, 2 de maio, com um warm-up especial, seguido por dois dias intensos de festival, nos dias 3 e 4. O line-up contou com mais de 30 atrações nacionais e internacionais, abrangendo uma grande variedade de estilos dentro do heavy metal.
Entre os principais nomes estavam Sabaton, Powerwolf, Avantasia, W.A.S.P., Kerry King (executando clássicos do Slayer), Blind Guardian, Kamelot, Sonata Arctica, Paradise Lost, Saxon, Lacrimosa, Haken, Nile, entre muitos outros.
Estrutura de invejar qualquer festival de grande porte
Seguindo o modelo de edições anteriores, o Bangers Open Air contou com quatro palcos distribuídos pelo Memorial da América Latina. Os principais, Hot Stage e Ice Stage, foram posicionados lado a lado, o que possibilitou a realização de shows alternados com intervalos mínimos de cerca de 10 minutos.
Já o Sun Stage recebeu bandas de médio porte e atraiu grande público com apresentações raras no Brasil. O Waves Stage, montado no auditório Simón Bolívar, foi dedicado a shows mais intimistas e experiências diferenciadas.
Além dos shows, o festival ofereceu diversas ativações e atrações que enriqueceram a experiência do público. Entre os destaques estiveram a Bangers Expo Tattoo, a tradicional feira geek, o Metal Market, áreas de descanso, distribuição gratuita de água e sessões de autógrafos com os artistas.
Para quem buscava uma experiência mais completa, o festival também ofereceu o Bangers Lounge Pass, com acesso a áreas exclusivas com open bar e open food, entrada prioritária, front row nos palcos principais e banheiros exclusivos.
Um esquenta com lendas do Heavy Metal
O warm-up de um festival como o Bangers Open Air é um evento de aquecimento que acontece antes dos dias principais do festival. Ele serve como uma espécie de “prévia” ou celebração de abertura, reunindo bandas e fãs em um clima mais intimista e descontraído, mas ainda com shows completos e de alta qualidade.
No caso do edição de 2025, o warm-up ocorreu na sexta-feira, 2 de maio, um dia antes da programação oficial, e teve como objetivo preparar o público para o que está por vir. É também uma forma de dar destaque a bandas importantes ou em ascensão, além de proporcionar aos fãs a chance de começar a curtir o clima do festival mais cedo.
Para o Warm-up desse ano, o festival preparou como abertura do evento a estreia dos alemães do Kissin’ Dynamite no Brasil e a volta do Dogma, banda composta por freiras provocativas e sensuais.
O Warm-up também recebeu o lendário Armored Saint, banda formada em Los Angeles nos anos 80 e referência do heavy metal tradicional americano, liderada por John Bush (ex-Anthrax). O Pretty Maids, veterano grupo dinamarquês fundado em 1981, trouxe seu hard rock melódico e mostrou por que é uma das influências do power metal europeu.
Um dos pontos altos do “pequeno” esquenta foi a Doro Pesch, ícone do metal mundial desde os tempos do Warlock. Encerrando o dia, tivemos Glenn Hughes, ex-Deep Purple e um dos vocalistas mais influentes da história do Rock
Sábado quente e o poder do Power Metal
Após dar um gostinho do que estava por vir na sexta-feira, chegou o primeiro dia oficial do evento, um dos mais aguardados pelos fãs de power metal, especialmente por conta dos headliners. A programação do palco Ice começou com o Burning Witches, banda suíça que trouxe seu heavy metal inspirado nas sonoridades dos anos 80 e cativou o público desde o início.
Mesmo sendo uma das primeiras apresentações, muitos headbangers já se aglomeravam na frente do palco para curtir as meninas. A vocalista Laura Guldemond e suas companheiras demonstraram presença de palco, tocando músicas do álbum mais recente, The Dark Tower, além de sucessos como “Hexenhammer” e “Wings of Steel”.
O mesmo palco recebeu o Municipal Waste, que promoveu um show caótico e empolgante, misturando thrash metal, crossover, punk e hardcore. O vocalista Tony Foresta interagiu com a plateia, criando um clima de festa e diversão, com a participação de alguns cosplayers, entre eles um rapaz vestido de Jesus, ovacionado pela banda, e outro de Goku, que, junto com a banda, fez uma pequena Genkidama.
O Kamelot, uma das bandas mais importantes do metal melódico, também se apresentou no Ice Stage, trazendo sua melodia característica e a performance carismática do vocalista Tommy Karevik.

O palco Hot também foi cenário de apresentações memoráveis. O H.E.A.T trouxe o hard rock sueco com muita energia e interação com o público, mesmo enfrentando o calor. O Sonata Arctica fez a plateia vibrar com seu power metal melódico, liderado pelo vocalista Tony Kakko, que, com seu novo visual de cabelos brancos, emocionou o público com clássicos da banda e faixas do seu novo álbum.
O Saxon, uma das bandas mais longevas e influentes do heavy metal, entregou um show épico, repleto de clássicos e energia contagiante. Biff Byford, no auge de seus 74 anos, e a banda mostraram por que são considerados lendas do gênero, com hinos como “747 (Strangers in the Night)” e “Wheels of Steel”.
Já na reta final dos shows principais, chegou a vez de um dos headliners da noite, o grandioso Powerwolf, que proporcionou ao público uma experiência única e cheia de teatralidade, fiel ao estilo grandioso que a banda mantém no power metal. Com um setlist variado, o show teve início com a impactante “Bless ’Em With the Blade”, seguida de clássicos como “Army of the Night” e “Amen & Attack”, fazendo o público cantar com toda a energia possível.
O palco se transformou em um espetáculo à parte, com cenários góticos, coros épicos e uma mistura de elementos sagrados e profanos, criando um clima único.

O Sabaton fechou o palco principal do Bangers Open Air com uma apresentação eletrizante, marcada pela energia contagiante e pela fusão entre história e power metal. O setlist, que incluiu clássicos como “Ghost Division”, “The Last Stand” e “Smoking Snakes” – uma música que homenageia os pracinhas brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial, especialmente na Campanha da Itália, ao lado dos aliados – emocionou o público com seu poder histórico e musical.

Além dos palcos principais, outras bandas também marcaram presença no festival. O Viper celebrou seus 40 anos de carreira no palco Sun, com um show que homenageou tanto o baixista e compositor Pit Passarell quanto seu maestro, André Matos. O Dynazty trouxe o heavy metal sueco, com melodias marcantes e presença de palco cativante.
O Matanza Ritual entregou a energia do hardcore punk e do country, com um show explosivo e cheio de atitude. Bandas como Hardgainer, Válvera, Malefactor, Ensiferum, Pressive, Dark Angel, Carro Bomba, Lacrimosa e Dream Spirit também mostraram a diversidade do metal em suas diferentes vertentes, cada uma com seu estilo único e energia contagiante.
Domingo de peso e diversidade sonora
O segundo e último dia do Bangers Open Air começou com a força do metal nacional, representada pelo Black Pantera. A banda, formada pelos irmãos Charles e Chaene da Gama e Rodrigo Pancho, marcou sua presença com um show cheio de energia. Abrindo com a comovente “Candeia”, do seu novo álbum Perpétuo, eles rapidamente enveredaram para faixas mais pesadas, como “Provérbios” e “Padrão É o Caralho”.
A mistura de músicas novas e clássicos como “Ratatatá” e “Mosha” garantiu que o público se mantivesse empolgado. A performance terminou com um estrondo, com as faixas “Revolução É o Caos” e “Boto pra Fuder”, encerrando o show de forma explosiva e marcante.
Seguindo com a diversidade do metal, o Hatefulmurder trouxe ao palco sua energia característica. A vocalista Angélica Burns foi um dos destaques, agitando a plateia com músicas do álbum I Am that Power e algumas faixas mais antigas.
O Dorsal Atlântica, uma das bandas pioneiras do metal brasileiro, também fez a festa ao celebrar 45 anos de carreira, emocionando fãs com clássicos como “Guerrilha” e “Vitória”, além de músicas mais recentes.
A atmosfera melancólica ficou por conta do Paradise Lost, que trouxe um setlist nostálgico, celebrando três décadas de carreira no Brasil. Mesmo com alguns problemas técnicos no som, o show foi considerado denso por muitos.

O tributo a Ronnie James Dio foi outro momento memorável, com um time de estrelas da música nacional, incluindo Nando Fernandes e Marcello Schevano, celebrando a carreira do ícone com músicas de Rainbow, Black Sabbath e da carreira solo de Dio.
Já o Vader, com sua brutalidade característica, trouxe ao palco o death metal polonês de uma maneira avassaladora. Com mais de quatro décadas de atividade, a banda não deixou dúvidas de seu poder, com riffs potentes e vocais energéticos de Peter.
O Kamelot, em sua segunda apresentação no festival, mostrou um setlist diferenciado e contou com participações especiais de Melissa Bonny e Adrienne Cowan, garantindo o brilho do metal melódico. Os headliners da noite, no entanto, são os grandes responsáveis por encerrar o evento de forma memorável, com shows grandiosos que permaneceram na memória dos presentes.
O Blind Guardian, veterano do power metal e conhecido pela sua habilidade em criar universos épicos e imersivos, também fez sua apresentação com maestria. A banda, que já é uma referência no gênero, trouxe um setlist recheado de clássicos que embalam os fãs há décadas. Sua energia no palco e o talento impecável dos músicos cativaram todos os presentes, consolidando a reputação do grupo como uma das maiores lendas do metal europeu.

Já o W.A.S.P., com sua imensa bagagem de hits e uma carreira que atravessa mais de quatro décadas, dividiu a atenção dos fãs com a apresentação do Warshipper, banda de death metal paulista. Embora o W.A.S.P. tenha atraído grande público, foi o Warshipper que mostrou a força do metal extremo nacional, com um show técnico e cheio de energia, que agradou aos fãs do gênero e mostrou o talento da cena nacional.
O W.A.S.P. seguiu com seu show característico, repleto de clássicos como “I Wanna Be Somebody” e “Wild Child”, destacando-se não apenas pela experiência musical, mas também pela presença de palco de Blackie Lawless, sempre aclamado por sua entrega nas apresentações.
O Avantasia, projeto de Tobias Sammet, trouxe um espetáculo grandioso, misturando metal opera com uma exibição de estrelas do gênero. Com produção elaborada, pirotecnia e um elenco de vocalistas convidados, o show foi uma verdadeira celebração do metal melódico, com clássicos da carreira de Sammet e músicas do álbum Here Be Dragons.
A banda mostrou porque é considerada uma das maiores expressões do metal sinfônico, proporcionando uma experiência única e inesquecível para o público.

A primeira edição do novo Bangers Open Air Brasil consolidou mais uma vez o festival como um dos maiores eventos de metal da América Latina, entregando uma experiência de alto nível tanto em estrutura quanto em conteúdo musical. A promessa agora é de crescimento ainda maior para os próximos anos.
A organização do Bangers Open Air confirmou sua próxima edição para 2026. O festival ocorrerá nos dias 25 e 26 de Abril de 2026, voltando ao formato original de dois dias e mantendo o Memorial da América Latina como venue para o próximo ano.
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*O Cromossomo Nerd agradece a agência Taga e a organização do Bangers Open Air por fornecer acesso para cobertura do evento.