Blade Runner está de volta aos cinemas! Apesar de ter um inicio duramente criticado com o lançamento da 1ª parte nos anos 80 (se é que alguém imaginava que se tornaria uma franquia), o título se tornou cult com o passar dos anos e agora apresenta uma suntuosa continuação.
O novo filme se mostra muito mais maduro e encorpado dentro da proposta da trama, trazendo elementos do filme original e melhorando o problema da narrativa lenta apresentada por Ridley Scott. Diante das competentes mãos de Dennis Villeneuve (A Chegada), 2049 é um belo exemplo do velho ditado que diz que “quanto mais velho o vinho, melhor”.
O protagonista vivido por Ryan Gosling se mostra muito mais eloquente do que o antecessor vivido por Harrison Ford, dosando muito bem o drama e a ação e se mostrando convincente no papel em que desempenha, assim como Gosling, os demais colegas de elenco também estão igualmente bem encaixados em seus papéis, os grandes destaques ficam por conta de Robin Wright, Sylvia Hoeks (sendo uma vilã extremamente cruel e impiedosa, daquelas que você sente raiva à cada aparição), Jared Leto (que tirou o gosto ruim deixado por Esquadrão Suicida) e até mesmo Dave Bautista, que apesar de uma breve aparição, se mostra um ator mais consistente e profundo.
Uma boa palavra para definir o filme seria “aflição“, Villeneuve não poupou momentos que deixam o espectador desconfortável e apreensivo, um deles fazendo referência direta ao primeiro filme, o que de certa forma deixa a narrativa menos cansativa, o que de fato é necessário, as quase 3 horas do filme podem não agradar à todos, pois além de explicar toda uma nova história, o novo filme ainda tem a missão de amarrar algumas pontas deixadas no primeiro, não que seja requisito básico assistir o filme original, mas acredito que o novo filme agradará muito mais os que já tiveram contato com a franquia do que os espectadores casuais.
A fotografia mais uma vez é o grande destaque, a direção abusa da paleta de cores para criar a atmosfera futurista que o filme necessita, outro ponto interessante é justamente o fato do filme não querer se parecer futurista demais ao ponto de ser irreal, a cenografia consegue passar com clareza a ideia de um futuro super populoso, que acaba destruindo as belezas naturais e de certa forma se torna pós-apocalíptico, os planos abertos de câmera conseguem ressaltar ainda mais essa mensagem.
Os efeitos especiais são muito bem utilizados, dando mais credibilidade à cenas que necessitam dele, proporcionando cenários extremamente realistas e detalhados, sem contar o excelente uso da técnica de rejuvenescimento digital, que recriou perfeitamente uma personagem do filme original.
O encontro do personagem de Gosling com o Deckard de Harrison Ford foi impressionante, uma cena extremamente divertida, acompanhados da presença de ninguém menos do que Elvis Presley em forma de holograma, o que na verdade é algo completamente dentro de nossa realidade, visto que está se tornando comum o uso dessa técnica em celebridades que já faleceram.
Como dito acima, Blade Runner: 2049, não é um filme pipoca, feito para o espectador casual. Espere um filme profundo, complexo e longo, entretanto, a trama se amarra muito bem e agrega valor à franquia, coroada por boas atuações, um visual deslumbrante e que abre portas para novas continuações.