Como a breguice e a cafonice combinaram com o filme do Aquaman

Como diz o poder de falar com peixes: VUU VUU VUU VUU VUU

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O Aquaman quase sempre sofreu com o estigma de inútil ou chato, principalmente devido à infame e famigerada presença no desenho dos Super-Amigos. No entanto, nos quadrinhos o tratamento dado ao personagem é mais diferente e com mais respeito. A era de Peter David nos gibis do Rei de Atlântida marcou os anos 1990, e a recente fase de Geoff Johns nos Novos 52 coroou o Aquaman como um dos grandes personagens da DC.

A fama de inútil continuou para os leigos, e era hora de mudar. Foi quando o cineasta James Wan decidiu pegar a direção do filme solo do Aquaman, que esta semana chegou aos cinemas brasileiros. Épico, colorido, surtado, avassaladoramente gigante e psicodélico, a trama se desenvolve em cima de um roteiro simples e básico, numa narrativa que tem muito a contar, ora sendo uma aventura debaixo do mar, ora sendo uma comédia romântica ou um arco sobre vingança.

O diretor entregou uma adaptação de quadrinhos completa e muito bem recebida pelo público e com uma boa recepção crítica. Apesar de toda grandiosidade de Aquaman, o longa ainda trouxe elementos inesperados, que só podem ser chamados de: bregas e cafonas. A trilha sonora é tanto uma loucura eletrônica, quanto uma história de romance ou uma batalha de alta escala. As cores são exageradas, demonstrando um vício da produção em seguir fielmente os quadrinhos. E os diálogos e expressões…pelas características cartunescas, em qualquer outro filme, seriam motivo para sentir muita vergonha alheia.

O filme ainda traz muitos componentes que mostram o quanto James Wan compreendeu bem a mitologia e universo do personagem. Ser taxado de brega e cafona foi uma cruz que o Aquaman teve de carregar por décadas, sempre sendo deixado de lado por muita gente – e por vezes pela sua própria editora – apesar de seu enorme potencial. É justamente ao abraçar essas características que Wan incorpora elas de modo eficiente à história.

Não ter vergonha de se assumir como um filme autêntico de quadrinhos que não nega sua natureza estapafúrdia e descabida é um dos maiores méritos da produção. Não há vergonha em colocar o herói para falar com peixes ou se aventurar no meio do deserto enquanto interage de modo romântico e um tanto piegas com a Mera. Assim como nas músicas mais diferenciadas possíveis entre si que destacam os vários filmes que existem dentro da narrativa.

Talvez Aquaman seja uma das adaptações em quadrinhos mais puras que existem, no geral. Existe a básica e batida jornada do herói, que é eficiente e ao mesmo tempo se beneficia da imagem manchada de seu personagem principal, compreendendo ela, e a convertendo em algo bom dentro da história, oferecendo um filme ideal do Aquaman, ou seja, maravilhosamente brega e cafona.