É certo afirmar que o Thor é um dos vingadores mais conhecidos e adorados, como também reconhecer que seus filmes solos dividiram opiniões. O debute cinematográfico do Deus do Trovão ocorreu em 2011, dirigido por Kenneth Branagh, que entregou um Thor inexperiente, impulsivo e descuidado. Era a promessa de um personagem que seria desenvolvido no decorrer dos próximos filmes.
Entretanto, o longa não conseguiu encontrar um tom certo e uma mitologia adequada. Por consequência, isso acabou prejudicando núcleos e personagens importantes como Asgard e Odin, que durante toda a franquia teve uma participação obsoleta e abaixo do esperado, mesmo sendo interpretado pelo “monstro” Anthony Hopkins.
O segundo filme solo do asgardiano apostou no tom fantástico, o que aparentou ser o gênero estabelecido dali pra frente. Mas apesar de um nítido e tímido desenvolvimento, Thor: O Mundo Sombrio ainda sofria de outros problemas, como o humor fora de hora e um roteiro superficial. Duas tentativas, e o Thor ainda padecia numa lenta e tediosa jornada de amadurecimento.
O terceiro filme estreou, e dessa vez, trazendo mais comédia do que nunca. Thor: Ragnarok é amado por homenagear visualmente as criações de Jack “The King” Kirby e por mostrar uma clara evolução dos poderes e habilidades do protagonista, mas também é criticado por ter um peso dramático igual a zero, mesmo em cenas importantes, como a morte do Odin e a destruição de Asgard.
Nos dois primeiros filmes dos Vingadores, ele esteve mais presente na ação, logo, ambos não acrescentam muito conteúdo ao personagem. Porém, Vingadores: Guerra Infinita conseguiu fazer o que já parecia improvável: O filme que une grande parte do Universo Cinematográfico da Marvel conseguiu encontrar espaço para redimir o Thor.
O começo do longa já o coloca enfrentando duas grandes perdas: Loki e Heimdall, além do restava do povo de Asgard. O que faz o Deus do Trovão se encher de raiva e desejo de vingança. Logo após isso, ele parte em busca de forjar uma nova arma para matar o assassino de seu povo, que é o ser mais poderoso do universo. Durante esse meio tempo, Guerra Infinita apresenta um Thor fanfarrão, destemido, furioso, muito poderoso, engraçado em certas ocasiões (“gentil lebre”) e que sente o enorme peso por já ter perdido muito em seus 1500 anos de vida. É a mesma sensação de estar lendo uma fase escrita pelo quadrinista Jason Aaron, pois assim é o Thor dos quadrinhos.
O desempenho de Chris Hemsworth também é crucial, ignorando mais o lado cômico e evidenciando o clima de urgência e ameaça. Hemsworth imprime os sentimentos certos, criando um forte elo com o arco do personagem, que talvez seja o melhor do eixo dos heróis.
É seguro dizer também que o momento mais empolgante e emocionante do filme pertence ao Odinson, quando sua chegada à Batalha de Wakanda transformou inúmeras salas de cinema em estádios de futebol em dia de jogo decisivo. Vingadores: Guerra Infinita transformou o outrora trapalhão e criticado vingador na sua versão definitiva nos cinemas.