Crise Final | Uma leitura obrigatória para qualquer fã de quadrinhos

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Na cultura pop sempre existe aquele produto que causa estranhamento, e as vezes uma certa repulsa pelo seu conteúdo ser difícil demais, ou muito complicado e enrolado. Pode-se dizer que a 9ª arte não foge a regra quando se trata de Crise Final, escrita pelo lendário Grant Morrison, conhecido e reverenciado por obras como Homem-Animal: O Evangelho do Coiote, Multiversidade, Os Invisíveis, Asilo Arkham, Grandes Astros: Superman e tantos outros clássicos marcantes.

Quando li pela primeira vez, o pensamento foi: “Incrível! Só que não entendi nada”. Mas como não se apaixonar por uma hq onde o Superman faz dupla com um bobo da corte para lutar contra um ser de outra dimensão?

Entretanto, existem muitas pessoas que evitam ler Crise Final, ou não gostam dela, com a desculpa de que a história é rebuscada, confusa, e que o “Efeito Morrison” se prolonga mais do que deveria. O objetivo aqui não é ditar que é um quadrinho “grande demais para mentes pequenas” ou qualquer outra falácia do tipo, é simplesmente para incentivar a leitura deste grande arco.

A complexidade da narrativa é o principal argumento para a julgarem como sendo intrincada ou ruim. É realmente complexa e complicada, mas isso não é um fator determinante da falta de qualidade. A epicidade que Grant Morrison desenvolveu na trama não anula os outros atributos que ela tem, muito pelo contrário, só os enaltece.

Referente ao épico, a hq esbanja momentos desse tipo em várias páginas. É um arco grandiosamente formidável e fantástico do começo ao fim. E todo e qualquer leitor de quadrinhos sabe que a característica ‘grandiosidade’ é algo de que a DC Comics entende muito bem, e até melhor do que a sua maior concorrente. Os ideais nos quais a editora construiu sua imagem também estão presentes, principalmente em momentos decisivos da luta do bem contra o mal.

Para quem é apaixonado pela vastidão do Universo DC, é um prato cheio, pois aparecem inúmeros personagens. É como se a série animada da Liga da Justiça, que explorou quase todas as nuances da DC estivesse nos quadrinhos, porém, em um tom e roupagens bem diferentes.

Todavia, essa exploração não deixa tudo superficial ou inchado, porque há espaço para todos serem bem trabalhados. Até mesmo os ícones da Liga da Justiça não desempenham papéis de protagonistas permanentes, inclusive com personagens como Batman e Superman aparecendo menos do que o esperado.

As muitas homenagens visuais são bastante notáveis. Morrison faz referências tão inusitadas, que só os fãs mais ávidos irão notar de primeira, como um trecho da Mulher-Maravilha liderando as Fúrias Femininas que referencia uma hq pouco conhecida dos anos 70.

O Quarto Mundo tem um papel vital nessa história. E para os fãs do trabalho de Jack “The King” Kirby na DC, Crise Final é um deleite absoluto. O roteiro teve muito cuidado ao apresentar e mostrar os personagens dessa mitologia. E o que mais brilha dentre todos, é ninguém mais ninguém menos do que Darkseid, o símbolo-mor de maldade e vilania do Universo DC. Aqui o Darkseid é intimidador, soberano, imponente, poderoso, maléfico e não mede esforços para alcançar seus objetivos que irão saciar (ou não?) sua fome de poder e controle. Algo que muitas vezes, não é bem feito, vide os Novos 52.

Portanto, se estes motivos foram o suficiente para convencer você a dar uma chance, vá em frente que não irá se arrepender.

 

Ps.: Antes de ler, dê uma olhada em Hunger Dogs, de 1985, obra de Jack Kirby. Crise Final serve como uma espécie de sequência dessa hq. E faça um favor a si mesmo e não leia o prelúdio Contagem Regressiva. Além de ser ruim, Grant Morrison ignorou por completo.

Segue abaixo uma imagem que representa todos os fãs após a leitura:

“Incrível, mas eu ainda não entendo!”