Animais Fantásticos e Onde Habitam é uma produção da Warner, ambientada no universo de Harry Potter, e que utiliza o livro homônimo, escrito por J.K. Rowling, como material base. A premissa do longa pode parecer estranha, pois o livro “Animais Fantásticos e Onde Habitam” é uma enciclopédia que data as criaturas do universo mágico e não um romance que segue um enredo, então logo imaginamos que o filme acompanharia o protagonista Newt Scamander (Eddie Redmayne) em suas aventuras para catalogar as mais diversas e fantásticas criaturas que habitam o mundo mágico.
No entanto, o início do filme serve para contextualizar os acontecimentos que ameaçam o mundo bruxo e vemos que o enredo é um pouco mais complexo. Nas já conhecidas páginas de jornais em movimento são mostradas as manchetes com os ataques de Grindelwald, assim estabelecendo-o como o antagonista e ameaça ao mundo bruxo.
O enredo, escrito pela própria J.K. Rowling, funciona muito bem, alternando entre momentos leves, mostrando a busca de Newt e o “trouxa” Jacob Kowalski (Dan Fogler) pelos animais que escaparam de sua maleta e o mistério apresentado por Percival Graves (Colin Farrel) e Credence (Erza Miller). É difícil também imaginar como será a continuação da saga, pois o filme é um arco fechado, não é deixada nenhuma ponta solta a ser resolvida nas futuras continuações, com exceção da ameaça do bruxo Grindelwald.
Falando nos animais, eles são incríveis (ou melhor dizendo, fantásticos!), cada um tem uma característica distinta, muito bem explorada e os que escapam são os que ganharam maior destaque. Um dos mais que apronta e acaba causando muitas cenas hilárias, é o Pelúcio, um pequeno animal com pelos escuros que é atraído por objetos brilhantes. Outro que com certeza consegue conquistar o público, é o Tronquilho que parece ser feito de pedaços de graveto e um deles é muito apegado ao protagonista. Outras criaturas aparecem também, mas há duas novas que não constam no livro, são elas o Thunderbird, um grande pássaro parente da fênix e que consegue criar tempestades enquanto voa, e o Obscuros, uma criatura sinistra e misteriosa.
O grande destaque, no entanto, vai para a maleta infinita de Newt, que funciona como um grande zoológico, onde as várias divisões formam diferentes habitats, com diferentes climas. A apresentação dos animais foi o que deixou um pouco a desejar, aqueles que tiveram contato com o livro “Animais Fantásticos e Onde Habitam” talvez se sintam familiarizados, mas os leigos podem ficar confusos com tanta novidade.
O elenco é muito bem entrosado e Eddie Redmayne faz um ótimo trabalho como o bruxo excêntrico Newt, Katherine Waterston se sai muito bem como a auror do Congresso Mágico dos Estados Unidos da América, Alison Sudol é a irmã de Tina que possui o dom da legilimência (pode ler mentes) e Dan Fogler é o trouxa que possui ótimas cenas, funcionando como alivio cômico. Já Colin Farrel e Erza Miller fazem parte do núcleo mais misterioso e mais escuro e claro, fazem isso com perfeição …. Johnny Depp aparece rapidamente no filme e não é possível ver muito de sua atuação, por isso, teremos que esperar pelos próximos filmes.
Na direção, David Yates fez um excelente trabalho, por já ter dirigido alguns filmes de Harry Potter (A Ordem da Fênix, O Enigma do Príncipe e As Relíquias da Morte Pt. I e II) ele entende a forma de Rowling escrever e foi capaz de passar para as telonas toda a linguagem da escritora.
Animais Fantásticos e Onde Habitam não pode ser comparado com os outros filmes da saga Harry Potter, é uma história completamente diferente com uma temática mais pesada, com problemas muito maiores enfrentados pela sociedade bruxa e não-mágica da época, como o período pós-guerra e a quase revelação dos bruxos e as tensões que isso pode causar.