No dia 21 de maio, chegou ao catálogo da Netflix, Army of The Dead: Invasão em Las Vegas, novo longa de Zack Snyder. Depois de toda a repercussão do lançamento da Liga da Justiça de Zack Snyder, até quem não era fã do diretor ficou de olho nesse novo trabalho, ainda mais porque ele marca o retorno do cineasta ao gênero que serviu como pontapé inicial de sua carreira, mas o resultado é digno de Framboesa de Ouro.
O filme conta a história de Scott Ward (Dave Bautisa), um ex-militar que agora vive uma vida que comum. Certo dia, recebe a proposta de invadir a cidade de Las Vegas, que está infestada de zumbis, para roubar 200 milhões de dólares do cofre de um dos cassinos abandonados. Para cumprir essa missão, ele recruta um time de mercenários aleatórios.
Esse filme é uma aula de como não introduzir personagens, já que ele apenas menciona nomes e históricos aleatórios, sem criar empatia ou vínculos com nenhum deles. E mesmo depois, com mais tempo de tela, esses personagens continuam totalmente irrelevantes, mostrando que Snyder e os demais roteiristas não faziam ideia de como dar peso a eles. Os personagens aceitam arriscar suas vidas e não têm nenhuma motivação além do dinheiro, mas o mais curioso é que o longa se leva a sério o bastante para fazer parecer que eles tinham algum motivo bem profundo para estar ali.
Esse talvez seja o maior problema do filme, pois apesar de parecer um entretenimento vazio e “galhofado”, como muitos imaginavam que seria, por diversos momentos os personagens e a trama em si fazem parecer que é tudo muito mais bidimensional e profundo (?).
Zack Snyder não sabe alternar entre drama e comédia, com alívios cômicos dolorosos de ouvir, em que quase nenhuma piada funciona. O drama é tão sem sal que não tem como investir nos dilemas. O filme não respeita o próprio tom, não tem como saber se ele quer ser levado a sério ou não.
Os zumbis mais inteligentes são a única coisa desse filme que geram o mínimo de investimento narrativo. As criaturas são melhores apresentadas do que a equipe principal, entretanto, não parece que foi algo intencional do filme, mas sim um acidente do roteiro.
A ação é razoável, incomoda demais o fato dos zumbis “mais burros” só morderem quando o filme precisa que eles façam isso. Não há muito do que falar da ação, porque no fim das contas, as atitudes dos personagens são irrelevantes.
Outra coisa que fica vem clara é a conveniência do roteiro para gerar uma situação mais dramática, já que até mesmo o tempo de transformação do personagens é alterado ao bel prazer de Snyder para dar mais tempo de “drama”. Fora que para um filme que se leva tão a sério em alguns momentos, algumas situações são bizarras ao ponto de serem simplesmente uma piada de mal gosto.
Army of The Dead é um filme que não se respeita, quebra as próprias regras porque era conveniente pro momento, falha com o drama e na comédia. Talvez assistir um compilado no YouTube só com as cenas de ação valha mais a pena.
No fim das contas, o que fica claro é que Snyder só teve sucesso com Madrugada dos Mortos porque usou como base um excelente roteiro de James Gunn (que recria a obra do mestre George Romero, pai dos zumbis nos cinemas). O pior de tudo, é que Snyder ainda tenta recriar e subverter algumas das ideias escritas por Gunn, mas no fim das contas, só acaba flertando com a boçalidade.