[CRÍTICA] Bojack Horseman | 5ª temporada traz lições de vida, o fundo do poço e a auto-sabotagem

"Back in the 90s, I was in a very famous TV SHOW"

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Depois de um ano de espera, finalmente conseguimos assistir a quinta temporada de Bojack Horseman; um cavalo muito famoso nos anos 90, mas que acabou entrando no mundo do álcool e das drogas.

A série nos entrega o que tem de melhor: as críticas sociais e as reflexões baseadas nas ações humanas – ou animais. Apesar do foco ser os problemas de Bojack (Will Arnett), o roteiro explora bem os outros personagens.

Bojack está estrelando uma nova série chamada Philbert – que irá para um site de streaming. Enquanto isso acontece, Princess Carolyn tenta conciliar seu trabalho com o processo de adoção e Diane e Mr. Peanutbutter se divorciam.

Finalmente descobrimos mais sobre o passado de Princess Carolyn (Amy Sedaris), que veio de uma família pobre, mas que possuía o sonho de fazer algo grande. As suas maiores fragilidades são expostas e você finalmente se coloca no lugar dela e sente sua dor – claro, tudo isso dosado com o humor ácido da gata.

Isso mostra camadas da personagem e o texto, muito bem escrito, só ajuda no processo de identificação. Você sente a dor dela por não poder ter um filho – como foi mostrado na temporada passada. É bem fácil se identificar por um personagem assim, todas as atitudes dela tem razões fundadas.

Diane (Alison Brie), é um caso mais complicado. Todo mundo sabe que ela costuma se auto-sabotar, mas nessa temporada, ela embarca em uma jornada tentando descobrir quem realmente é. O divórcio com o Mr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins), faz com ela reflita sobre as decisões que a levaram até ali. Discussões sobre o movimento feminista, a falta de direção no mundo e a solidão são bem abordados aqui.

Alias, os tópicos discutidos foram muito legais. Prêmios para perdoar atores de Hollywood, o machismo velado em séries/filme e claro, violência e abuso. Tudo isso de forma bem irônica e engraçada – com uma participação legal do Mr. Peanutbutter e do Todd (Aaron Paul).

Bojack, como sempre, é o personagem mais complicado. Nós sabemos que ele não é uma pessoa boa – pelo menos na maioria das vezes, e mesmo se esforçando muito, ele faz besteira. Nós já assistimos o Bojack ir ao fundo do poço diversas vezes, por motivos diferentes.

Talvez toda essa história tenha cansado, aliás, quantos “fundos do poço” do Bojack nós já assistimos? Mas eles são necessários, não só para amarrar o roteiro, mas para a construção da série como um todo. Afinal, quando falamos de vida real, a gente não controla os nossos “fundos do poço”.

O final dessa temporada foi um dos melhores da série; Não só por ter sido o mais realista deles, mas por deixar uma lição importante: não devemos nos identificar com Bojack, só para justificar os nossos atos auto-destrutivos.

A trilha sonora continua incrível e eu nem preciso falar da edição, né? Todos os detalhes técnicos estão maravilhosos e fazem ótimas conexões com o texto. Os atores dão outro show ao emprestar suas vozes aos personagens.

Com um roteiro de tirar o fôlego, histórias para te fazer chorar – e rir, às vezes, Bojack Horseman entrega uma quinta temporada impecável, sendo uma das melhores coisas lançadas esse ano.