“Eles que desistiram de mim. Quando me consertaram, eu voltei achando que seria bem recebido. Sabe o que eles disseram ? “Você já era! ”. E deram atenção ao estreante que estava por lá. Eu ainda tinha tanto para mostrar a eles. ”
Foram necessários três filmes, mas a franquia de automóveis falantes finalmente passa a sensação como se fosse feita pela Pixar, não me entenda errado, as animações anteriores são boas, principalmente o primeiro, mas claramente faltava algo ao subir os créditos.
Carros é uma franquia que muitos não levam a sério, com o argumento de que apenas existe para vender brinquedos, mas a Pixar juntamente com o diretor Brian Fee provaram o contrário, proporcionando uma viagem muito mais matizada e emocionante nesta sequência, colocando o protagonista Relâmpago McQueen interpretado por Owen Wilson e dublado por Marcelo Garcia, declarando que ele não é apenas uma marca, ao receber uma oferta milionária pela sua aposentadoria. Uma crítica silenciosa para pessoas que acham que certos filmes nem devem ser criados, simplesmente por serem comerciais demais.
Enquanto Carros foi uma história sobre um atleta arrogante, aprendendo sobre o verdadeiro significado do espirito esportivo, com elementos dos anos 50, para ilustrar perda de vista das coisas que realmente importam, Carros 2 foi uma sequência de espionagem a lá James Bond, com elementos dos anos 60, com muita ação e trazendo uma maturidade a franquia, introduzindo temas sobre o meio ambiente. Ambos tiveram seus momentos divertidos, mas nenhum o peso que Pixar geralmente traz para suas histórias.
Carros 3, por outro lado, apresenta algo mais profundo. A história de Relâmpago está cheia de alegoria e metáfora, naquela forma tradicional do estúdio, mais velho e se sentindo obsoleto, ele está determinado a terminar sua carreira em seus próprios termos, enquanto o acidente é um grande momento no início do filme, ele serve para mostrar o quanto a sua psique foi lentamente se deteriorando por causa do ambiente abusivo das pistas de corrida.
A trama claramente se inspirou nos anos 80, mais especificamente em o Rocky III trazendo até mesmo uma reimaginação automobilística da cena clássica na praia de Stallone e Weathers. Agora o rival de McQueen é ele mesmo, lutando contra suas limitações “biológicas”, sofrendo uma perda e depois se reerguendo rumo a vitória. Mas o filme tem mais em mente do que isso, dando um excelente e difícil olhar para o que é ser um profissional envelhecendo, tendo que aceitar o fato de não ser mais o melhor e que, com certeza, alguém novo irá substituí-lo.
E funciona! McQueen é um personagem bem desenvolvido e pleno, capturando bem a ideia citando repetitivamente a pergunta em seus monólogos interiores “Estou realmente me tornando o velho?”. Enquanto isso, a dinâmica de McQueen com a nova personagem Cruz Ramirez é excelente e fácil de entender, Cruz é interpretada pela comediante Cristela Alonzo e dublada fantasticamente pela Giovanna Ewbank, ambas capturando perfeitamente sua divertida mistura de entusiasmo e insegurança.
A franquia sempre passou uma sensação de ser infantil demais para a Pixar, sem todos os elementos que tornam a maioria de seus filmes verdadeiramente sensacionais e emotivos, na maioria das vezes, como, se não mais, engajar-se para adultos do que para crianças. E carros 3 corrige isso de uma maneira excepcional. Não só é o argumento principal sobre o protagonista do filme lidando com o envelhecimento, mas também Matte interpretado por Larry the Cable Guy que, para ser justo, muitas crianças adoram é posto de lado neste filme, para dar espaço a uma trama mais profunda.
Cruz assume essencialmente o papel de companheira de Relâmpago, com um arco emocionante, quando aprendemos mais sobre seus sonhos e sobre seu passado. Apesar de ser destinado ao público infantil, esta sequência, foca no público que cresceu junto a franquia iniciada em 2006, embora crianças ainda sejam entretidos pelo humor e as cenas de corridas energéticas, incluindo uma viagem à de pista de demolição, expandindo ainda mais o universo de Carros.
O visual da animação é impressionante, com as cenas da corrida melhores do que nunca, muitas vezes, estranhamente realistas, como quando você as vê de longe e não vê os olhos onde os faróis devem ficar. A ambientação também segue fantástica, com diversos ambientes novos adicionados a série. Mas a trilha sonora é quase nula e inexpressiva durante os momentos de tensão da animação.
Também é notável o quanto Carros 3 funciona como uma sequência direta do filme original. O segundo filme é completamente ignorado, sem que nenhum dos personagens apresentados na sequencia retornando, nem nenhum dos seus eventos mencionados. Por outro lado, o Doc Hudson do primeiro filme é incrivelmente importante aqui, depois de Carros 2 mencionar que ele havia falecido antes do início da sequência, já que o dublador Paul Newman morreu na vida real depois que o primeiro filme foi feito.
Carros 3 podem não estar entre os melhores filmes do estúdio, mas definitivamente é o melhor da franquia e o primeiro a ser digno do rótulo Pixar. Ele tem mais em sua mente do que simplesmente estar com McQueen tentando ganhar uma corrida, é o primeiro filme de Carros que provavelmente ressoa com um público maior além das crianças que já o amam.
Embora pareça que poderia usar um antagonista mais presente, também há uma sensação agradável de encerramento, o que tornaria está uma corrida perfeita e redentora para fechar a trilogia. Deixando a lição de que o fim não existe, o que existe são mudanças, que muitas vezes podem serem difíceis de serem aceitas.
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