[CRÍTICA] Círculo de Fogo: A Revolta | Pare, ele já está morto!

0
5876

Chegou aos cinemas na última quinta-feira a continuação de Círculo de Fogo, franquia que nos mostra os eletrizantes embates entre robôs gigantes e as monstruosidades alienígenas chamadas Kaiju.

Muitos ficaram maravilhados quando o primeiro título da franquia Círculo de Fogo foi lançado em 2013. Dirigido e roteirizado pelo ganhador do Oscar, Guillermo Del Toro, o longa nos mostrava um mundo pós-apocalíptico, onde alienígenas gigantes invadiam nosso planeta e a última esperança da humanidade estava na mão dos Jaegers, robôs gigantes criados para combater as ameaças.

Embora o primeiro longa não tenha sido exatamente um sucesso, seu desempenho na Ásia fez com que uma sequência fosse anunciada, mas a pergunta que ficava no ar era: é realmente necessário? Assistindo ao novo filme da franquia, a resposta para essa pergunta é curta e simples: Não!

Sem Del Toro, o novo filme da franquia busca contar o que aconteceu 10 anos depois que o portal alienígena foi fechado, desta vez, sob a perspectiva de Jake Pentecost (John Boyega), filho do Marechal que se sacrificou no primeiro longa. O grande problema de Círculo de Fogo: A Revolta, é tentar estruturar uma nova trama à partir de algo que foi extremamente bem contado e encerrado no primeiro filme.

Usando de referências ao primeiro filme, a trama tenta se escorar em eventos do passado para dar credibilidade ao que acontece atualmente, porém tudo o que vemos é uma colcha de retalhos mal costurada, só para dizer que “se passa no mesmo universo.” A falta de consistência no roteiro fica evidente ao constatarmos que Raleigh Becket (Charlie Hunnan), herói do primeiro filme, sequer é citado no novo longa, como se ele sequer tivesse existido.

O filme segue com um Jake revoltado com seu pai e “curtindo a vida adoidado”, em um mundo que tenta se reestruturar e onde o mercado negro da venda de peças de Jaegers é um negócio lucrativo. O roteiro se mostra mais uma vez fraco e clichê, ao ponto de contar a história do bad boy que acaba encontrando redenção e se torna o herói, porém a construção dos personagens e suas motivações são fraquíssimas e sem um peso apropriado.

As atuações não poderiam ser mais pífias. Boyega já havia se provado um ator abaixo da média no último filme da franquia Star Wars, e isso fica mais evidente ainda quando o colocam como protagonista. A atuação caricata dele pode ser resumida como uma imitação falha de Will Smith, pois infelizmente, eles não compartilham do mesmo talento e carisma.

Scott Eastwood, coadjuvante do longa, mais uma vez deixa evidente que seu nome em Hollywood se deve a seu sobrenome. O ator não consegue nem de longe passar a seriedade e imponência que seu personagem necessitava, além disso, a introdução de seu personagem na trama é feita de forma extremamente preguiçosa, o que deixa ele sem peso narrativo algum.

O maior trunfo da franquia continua sendo o embate entre robôs e monstros, aliás, as cenas estão ainda mais bonitas do que no primeiro longa. Fica claro que o real objetivo desse filme é ignorar qualquer relevância na história e focar nas batalhas dos grandões, mas isso é uma pena, afinal, o primeiro filme conseguiu balancear muito bem história e ação, coisa que nem de longe o novo longa consegue.

Steven S. DeKnight, mostra que consegue administrar muito bem uma produção de grande orçamento, além de não “deixar a peteca cair”, no que se refere à tendência visual criada por Del Toro. Os Kaijus e Jaegers continuam impressionantes e cheios de novidades incríveis, porém a alma de tudo parece ter sido deixada de lado em prol da grandiosidade.

A sensação que temos é que Círculo de Fogo: A Revolta é a tentativa de emplacar um novo Transformers, bonito visualmente, mas com péssimas atuações e um roteiro totalmente descartável, salvando somente uns poucos 20 minutos de boas cenas de ação com robôs gigantes.

NOTA: 2,3/5