“Eu estava trabalhando para a CIA, o DEA e para o Pablo Escobar”
A biografia cinematográfica do diretor Doug Liman, é o primeiro filme dirigido por ele a ser lançado pela Universal Pictures desde “A Identidade Bourne” em 2002. Trazendo um piloto da companhia aérea TWA, Barry Seal, para o final da década de 1970, no auge da cocaína, após ser convidado por um agente da CIA para voar em missões clandestinas de reconhecimento sobre a América do Sul usando um pequeno avião com câmeras instaladas, mas acaba se tornando um agente duplo quando é recrutado pelo cartel colombiano de Medellín.
Na primeira vez que o vemos, ele literalmente não está indo a lugar nenhum, apenas ocupando sua posição como piloto de um avião comercial em 1978, entediado com a vida, apenas esperando uma chance para mudar. Liman que já trabalhou com Tom Cruise no filme de ficção científica “No Limite Do Amanhã” em 2014, traz de volta surpreendentemente após diversos clichês sem sal no currículo do ator, uma atuação orgânica e divertida do começo ao fim, como numa montanha russa, com Ação, Drama e Comédia na medida certa. Pode não ser o melhor do ano, mas com certeza é a melhor atuação do ator dos últimos tempos.
O roteiro de Gary Spinelli segue num rumo diferente do habitual, sendo contado através de diversas fitas gravadas por Seal com uma filmadora em 1986, contando sobre o tempo que passou desde sua saída da companhia aérea até o seu eventual envolvimento com o cartel colombiano, com diversos acontecimentos improváveis digno de um filme de espionagem clássicos dos anos 60, com um ritmo mais lento e constante unidos por momentos de tensão e de pura adrenalina.
Os personagens secundários, mesmo os baseados em pessoas que viveram essa história na época, são desinteressantes e sem peso, principalmente se comparado a serie de sucesso da Netflix, Narcos. Com a exceção do agente da CIA Monty Schafer, interpretado por Domhnall Gleeson, que a cada aparição traz consigo uma atuação memorável e digna de elogios característicos do ator, roubando a cena todas as vezes com sua extravagância e ar de superioridade, enquanto esconde seus reais objetivos do protagonista com charadas e palavras ditas pela metade.
Contando apenas com o apoio de sua família, Seal, estando num caminho sem volta e jogando de ambos os lados da lei, se posicionando num jogo muito maior que ele esperava, como ele mesmo cita durante o filme em diversos momentos, ele devia ter pensado melhor antes de aceitar a proposta de Schafer e se desligar da companhia aérea.
Feito na América não é o melhor filme do ano, está longe de ser na verdade, mas ainda passa a sensação de uma progressão na carreira para o Cruise, simplesmente ao entregar um papel intrigante: Adler Berriman “Barry” Seal, provando que com um bom diretor e com o auxílio de um bom roteiro, Tom Cruise mesmo com seu jeito canastrão característicos que se tornaram repetitivos e tediosos com o passar dos anos, consegue entreter e divertir durante todo o filme.
Fazia tempo que a energia nuclear de Tom Cruise não casava perfeitamente com o que o roteiro permitia, o diretor Doug Liman parece entender como utilizar essa energia moderadamente durante toda a trama de forma espetacular e inteligente, transformando os momentos mais caricatos em cenas impactantes.
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