[CRÍTICA] Godzilla 2: Rei dos Monstros | Era tudo o que os fãs queriam, ou quase

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Godzilla dispensa apresentações. Criado por Tomoyuki Tanaka, Ishiro Honda e Eiji Tsuburaya, Gojira, como é conhecido no Japão, deu o ar da graça pela primeira vez em 1954. Como a personificação do medo das armas nucleares, que assolaram o país oriental dez anos antes, o monstro representa a destruição causada por elas. Embora seja sempre associado à essa tragédia, em boa parte das situações, Godzilla é apresentado como um herói, frequentemente salvando os humanos de outros monstros gigantes ainda piores. E é basicamente esta a premissa que vemos atualmente nos cinemas.

No primeiro filme da nova franquia, nós o vemos como um predador em busca de sua presa, um “simples” MUTO (Massive Unidentified Terrestrial Organism; ou Organismo Terrestre Massivo Não-Identificado), que fez a maior bagunça por onde passou, trazendo aos humanos o conhecimento da existência dos monstros. Em meio à batalha final do primeiro longa, vemos que Mark Russel (Kyle Chandler) e Emma Russel (Vera Farmiga) perderam um de seus filhos, Andrew, sobrando apenas a irmã mais nova, Madison (Millie Bobby Brown).

A dor da perda de um filho seria um bom motivo para vermos tudo que eles fazem em Godzilla 2: Rei dos Monstros, mas tudo acaba ficando muito bobo quando observamos o contexto geral. Na realidade, todo o núcleo humano do filme parece estar um pouco perdido em meio a clichês básicos de longas em que os humanos nem são destaque, estando ali apenas para “encher linguiça”, como em Transformers, por exemplo.

É claro, isso não é um problema grave, afinal, embora a sequência corrija o erro do primeiro filme, dando muito mais destaque para os monstros, o longa precisa de alguns respiros. Ver monstros gigantes lutando é legal, mas preencher duas horas de filme com isso pode ser cansativo e não faria muito sentido para o roteiro de Michael Dougherty como um todo.

O ruim, é que na necessidade de se inserir motivações e ações humanas a algo tão catastrófico, como o surgimento de muitos titãs destruindo tudo com facilidade, as motivações ficam bobas demais e as soluções para os problemas piores ainda. Há muito desperdício de personagens, alguns diálogos incrivelmente ingênuos para o contexto que, às vezes, podem causar constrangimento, tanto pela cafonice quanto pela megalomania da coisa.

A fotografia está impecável, não se pode negar. Como costumam dizer por aí, cada frame é um wallpaper. Existe uma gigantesca melhoria em relação ao primeiro filme, em que tudo era bem cinzento e as batalhas muito escuras. Os efeitos visuais estão deslumbrantes e há muita cor e brilho, principalmente quando Mothra aparece, tornando as cenas um verdadeiro espetáculo.

Na verdade, não se espera roteiro incrivelmente profundo para um filme do Godzilla, apenas uma boa (ou razoável) desculpa para os monstros saírem no soco e destruírem tudo. Para os fãs de Gozilla, monstros gigantes e explosões, o filme é um prato cheio. Mas só se você conseguir ignorar o resto.