[CRÍTICA] Homem-Aranha: Longe de Casa | Férias frustradas!

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Homem-Aranha: Longe de Casa segue os eventos de Vingadores: Ultimato, encerrando de vez a Saga do Infinito nos cinemas, onde Peter Parker (Tom Holland) tenta seguir em frente após a morte do seu mentor Tony Stark (Robert Downey Jr.).

O longa já mostra logo de início como ficou a questão das pessoas que morreram com o estalar de dedos de Thanos e que foram trazidas de volta com o estalar de dedos do Hulk. Isso preenche mais a lacuna de cinco anos que foi deixada entre os eventos de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, porém de forma simples e cômica.

O filme também mostra que a morte do Tony Stark não afetou apenas Peter Parker, como também o mundo todo. As pessoas estão em busca de “um novo Tony Stark”, um novo “símbolo”, para poder liderar essa nova geração dos Vingadores. E com isso, as pessoas estão perguntando para o Homem-Aranha quem será o próximo substituto e se ele deseja assumir esse papel.

Peter não quer assumir essas responsabilidades globais, pois até então, ele simplesmente era apenas “o amigão da vizinhança” – e após os eventos de Ultimato, ele apenas só quer se afastar dessa vida arriscada e descansar um pouco durante uma viagem de férias com seus amigos da escola Midtown High para a Europa. Além disso, o novo filme mostra Peter encarando sua timidez e tentando se declarar para MJ (Zendaya), que deixou de ser a amiga excêntrica para se tornar a garota que ele gosta. Porém, seus planos vão rapidamente por água abaixo, e logo, ele volta a enfrentar o dilema entre ser o herói que o mundo precisa ou apenas aproveitar a sua adolescência com tranquilidade.

O mundo está sofrendo ataques de ameaçadores monstros elementais, que se formam de elementos primários: ar, água, fogo e terra. De acordo com Quentin Beck/Mystério (Jake Gyllenhaal), essas criaturas surgiram da Terra-833 através de órbitas estáveis. O personagem sabe disso, pois ele também veio dessa Terra alternativa quando uma fenda entre as realidades se abriu após o estalar de dedos.

Nick Fury (Samuel L. Jackson) fica preocupado, pois vê que nenhum dos Vingadores estão disponíveis para combater esses elementais, assim, ele resolve recrutar o Cabeça de Teia, pois era o único disponível e que tinha experiência com ameaças globais.

O primeiro ato do filme, apesar de ser um pouco arrastado, contém uma atmosfera “road trip“, mostrando os garotos conhecendo pontos turísticos e tentando se recuperar do baque pós-Ultimato. Essa parte do filme se mostra bem divertida, tanto pela parte adolescente quanto pelas tentativas de Peter em falar com MJ.

Do meio da trama em diante, o longa engrena e fica mais dinâmico, onde vemos sequências de ação incríveis. Jon Watts aprimorar o trabalho que fez no filme anterior e se mostra mais seguro com a parte visual do personagem, entregando enquadramentos e efeitos especiais eletrizantes, que se equiparam com a luta do Doutor Estranho contra o Thanos em Guerra Infinita. Acredite, a parte visual é de tirar o fôlego.

Outro ponto positivo, é que o diretor adiciona alguns elementos de suspense e terror nas cenas, deixando-as ainda mais impactantes.

Tom Holland como Homem-Aranha está novamente excelente. As características do personagem que rementem aos quadrinhos permanecem presentes no filme, seja a timidez perto de MJ, a inocência da adolescência, uma relação familiar protetora com a Tia May (Marisa Tomei), ou ter que lidar novamente com uma perda de uma figura paterna.

É bem interessante ver o Peter lidando essas emoções, pois Tony Stark o escolhe como seu sucessor, porém Peter reluta bastante de início. Diferentemente de De Volta ao Lar, em que o garoto estava pronto para ser tratado como um adulto e sair enfrentando ameaças globais, Peter percebe que estava pronto para isso, depois de tudo o que passou.

Jake Gyllenhaal como Mystério é simplesmente espetacular. Assim como o Abutre em De Volta ao Lar, a forma como Mystério foi explorado no filme é muito diferente do que vemos nos quadrinhos. A produção precisava atualizar o personagem para os dias atuais e conseguiram fazer isso com extrema maestria, sem perder a essência do personagem. Além disso, a origem do personagem no filme é extremamente inteligente, pois Jon Watts consegue ligar a sua origem com os outros filmes da Marvel Studios.

Os personagens secundários também estão excelentes, trazem uma atmosfera de comédia romântica adolescente, principalmente a MJ, que possui uma linda química com o Peter, além de continuar com seu humor ácido afiado.

Uma coisa que está de volta no filme é o “Sentido Aranha”, que ficou de fora em De Volta ao Lar, porém fez uma breve aparição em Guerra Infinita. No longa, apelidado de “Peter Tingle” (Arrepio do Peter) pela Tia May, se mostra essencial para que o Peter consiga sobressair dos perigos que aparecem ao seu redor.

Outra característica que o diretor resolveu repetir do filme anterior, foi as consequências das atitudes de Peter, que podem acabar gerando problemas ainda maiores, onde ele mesmo deve solucionar. Devido às circunstâncias do roteiro, é aceitável que isso ocorra nesse filme.

Entretanto, talvez seja melhor que o diretor deixe de usar esse recurso nos próximos filmes, afinal, já entendemos que o Peter está aprendendo com seus erros e, uma hora ou outra, ele terá de se tornar um herói mais experiente.

A trilha sonora de Michael Giacchino é bem eficiente, demonstrando cada vez mais o heroísmo do personagem, crescendo nos momentos certos e atingindo o ápice em cenas necessárias.

Homem-Aranha: Longe de Casa encerra muito bem a Fase 3 da Marvel Studios, com uma história divertida, regada com comédia e romance. O filme traz diversas revelações inesperadas, cenas de ação que irão te deixar sem fôlego e mostra mais uma vez momentos de superação do Peter, confirmando que ele pode muito bem ser o próximo substituto do Homem de Ferro e liderar essa nova fase de heróis da Marvel nos cinemas.

Por fim, mas não menos importante, temos uma cena pós-créditos que traz uma consequência gravíssima para o futuro do personagem na Fase 4.