Crítica | Homem-Aranha voltou mesmo para o lar?

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Todos conhecem os Vingadores, todos sabem quem é Tony Stark e que o Hulk é o monstro verde gigante, mas quem é o Homem-Aranha? Mais importante ainda, quem é Peter Parker dentro do universo cinematográfico Marvel?

Eis o grande desafio dessa parceria inusitada entre Marvel e Sony, encaixar um dos personagens mais amados da cultura pop, que até então só vivia aventuras solo, isolado de seus colegas da casa das ideias, em um universo que já está consolidado e conta com um histórico de quase 10 anos.

Eles poderiam simplesmente apresentar o Aranha como um novato nesse mundo que conhece os heróis há anos, mas isso seria injusto, com o personagem e com os fãs, e o filme sabe disso, por isso se presta à dar bagagem para o vilão principal do filme, estrelado pelo talentosíssimo Michael Keaton, mas deixarei para falar sobre ele com mais ênfase depois, a questão agora é parabenizar o roteiro por conseguir amarrar a história do cabeça de teia de forma com que não parecesse forçada e nos fizesse sentir que ele estava ali o tempo todo (só você não viu).

Mas esse não é o Aranha no qual estamos acostumados a ver no cinema, o fato dele agora fazer parte de um universo compartilhado expõe uma urgência em se adequar aos padrões estabelecidos pela Marvel, e na narrativa que ela nos apresentou até aqui, e é isso o que temos, um Peter Parker que luta para conquistar seu espaço ao lado dos heróis mais poderosos da Terra, e ter seu potencial reconhecido, mas que se permite cometer erros de um adolescente ingênuo dotado de poderes incríveis.

Tony Stark não rouba o filme, diria que ele parece na medida certa para se certificar que o Aranha não é o ponto fora da curva dentro do Universo Cinematográfico Marvel, aliás, o veterano tem um papel importantíssimo na construção do caráter de Peter e nos valores do Homem-Aranha, afinal, não é o uniforme que faz o herói, e digo isso com um sorriso no rosto, pois como muitos devem saber, Tony confisca o uniforme cheio de parafernálias que deu para Peter durante os eventos de Guerra Civil e essa é uma das melhores coisas do filme, a falta de facilidade leva à um dos momentos mais marcantes já vistos em um filme de super-heróis, que me remeteu à cena em que o Capitão América tenta usar seu corpo para conter uma explosão antes de ganhar seus poderes.

Falando em referências, elas existem e não são poucas, acredite, o filme se presta a satirizar até mesmo o Batman, e é hilário! Sem contar uma cena que nos remete à Curtindo a Vida Adoidado, entre outros, pensando bem, esses grandes clássicos dos anos anos 80 que são figurinhas carimbadas na Sessão da Tarde são uma bela definição para esse filme, mais do que o herói, temos o adolescente seus dramas, suas fraquezas e seu humor transportado para a tela em uma linguagem que se conecte com o público de hoje em dia.

Quanto ao vilão, esqueça aquela história de “se vingar do Tony Stark“, o Abutre de Michael Keaton é o clássico vilão de quadrinhos, e dos bons! Pela primeira vez eu consegui enxergar um vilão como os que eu via nas histórias em quadrinhos, um vilão simples, ganancioso e que quer derrotar o herói simplesmente porque é uma pedra no sapato.

Em suma, De Volta ao Lar pode se equiparar à Homem-Aranha 2 de Sam Raimi, não sei se ele será tão memorável quanto ou se será tão influente, mas sei que é um belo filme do Homem-Aranha e que me agradou muito ver que ele finalmente irá atuar ao lado de outros heróis, o filme tem pequenos defeitos, a maioria dos filmes têm, mas estou feliz por saber que um dos meus personagens favoritos teve seu retorno triunfal e está sendo representado dignamente.