[CRÍTICA] Indiana Jones e o Chamado do Destino | Amarrado na nostalgia

0
86

Para que o futuro não repita o passado, é necessário compreendê-lo, e se tratando de história antigas, o desafio fica ao cargo de arqueólogos, representados na sétima arte por um homem de jaqueta e chapéu marrom, conhecido também como Dr. Indiana Jones.

Anos após A Caveira de Cristal, quarto filme da franquia que traz Harrisson Ford no papel de destaque, em 2023 temos uma nova aventura do explorador.

Em Indiana Jones e o Chamado do Destino, vemos a produção jogando no seguro e se aproveitando de tudo o que tornou a franquia um sucesso, onde temos o protagonista enfrentando nazistas que querem dominar o mundo.

A nova (velha) aventura

Dirigida por James Mangold (Logan), a nova aventura de Indiana Jones tem a difícil missão de encerrar a saga criada por George Lucas e que teve seus três primeiros filmes dirigidos por Steven Spielberg. Com isso em mente, o diretor e os irmãos John-Henry e Jez Butterworth (Ford vs Ferrari), responsáveis pelo roteiro, mergulharam fundo na essência do personagem. Mas isso pode ter sido um fator negativo.

O Chamado do Destino repete o mesmo estilo narrativo dos anteriores, porém o ponto de ruptura é que o filme não se arrisca a dar qualquer passo novo, a não ser puxando as rédeas da nostalgia.

O longa constrói diversos núcleos ao decorrer de seu desenvolvimento, seja amizades ou informações. Porém, como o enfoque dessa narrativa é sobre nosso querido arqueólogo, alguns fatos acabam sendo deixados de lado em prol da narrativa geral.

O vilão vivido por Mads Mikkelsen, assim como seu personagem em Os Segredos de Dumbledoore (2022), é simples, onde apenas caras e bocas do ator já bastam, sem passar o ar de mistério que trouxe em Cassino Royale (2006). As intenções do vilão também são básicas e não se tem um estudo ou aprofundamento do antagonista. Além disso, o vilão também conta com alguns seguidores que parecem ter saído diretamente dos Trapalhões.

Esse desenvolvimento truncado é tão forte que acaba trazendo impacto não-positivo em diversos personagens, nos deixando com a  sensação de que eles são descartáveis e não agregam em nada. De qualquer forma, a trama leva ao pé da letra o nome do protagonista (assim como o egocentrismo do ator que o interpreta) para deixar o foco quase que total nele.

A qualidade do mapa do tesouro

Atualmente, ocorre uma longa discussão sobre a qualidade dos efeitos especiais nos cinemas, já que filmes da Marvel e da DC, conhecidos pelo uso excessivo dessas ferramentas, acabaram se tornando os maiores exemplos do quanto um efeito especial ruim pode impactar na qualidade de um filme ou série. Felizmente, isso não é um problema aqui.

Visando uma despedida digna para o personagem, a Disney mostra que não poupou esforços para fazer o filme, tornando-o uma experiência única, visualmente falando.

Os cenários e a ambientação como um todo preenchem os olhos de quem vê, trazendo os mesmos sentimentos dos outros filmes.

De todo modo, isso também ecoa nossos pensamentos anteriores de que o longa, talvez, só tenha alma quando se preocupa em trazer a nostalgia à tona, seja sua música tema, o uso do chicote ou até mesmo os personagens.

O chamado da aventura!

Indiana Jones sempre foi marcado por histórias que pediam diversas cenas de ação, e no novo longa isso não é diferente. Mesmo com a idade avançada, Harrison Ford mostra porquê ainda é digno do papel.

Por diversos momentos o espectador se sente como um dos personagens da trama, acompanhando os momentos de tensões e o que virá na sequência.

É interessante ver toda a franquia que foi construída até aqui, mas este filme não é um material desenvolvido para novos públicos, mas sim, para pessoas que cresceram ou se tornaram adultas acompanhando a história do arqueólogo.

O longa tem diversos pontos positivos em seu desenvolvimento, porém o fato de não se arriscar também é uma manobra perigosa.

No fim, o novo Indiana Jones tem um desenvolvimento acelerado como um acidente de carro, deixando para trás muitas coisas boas. De todo modo, ele consegue entregar uma história legal, mesmo que acorrentado pela nostalgia excessiva.