[CRÍTICA] Malévola: Dona do Mal | Bonito visualmente e só!

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Essa semana, chegou aos cinemas Malévola: Dona do Mal, sequência da franquia produzida pela Disney, que possui direção de Jez Butterworth (007 Contra Spectre e No Limite do Amanhã) e escrito por Linda Woolverton, Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster.

O filme ainda conta com um elenco cheio de estrelas como Angelina Jolie (Malévola), Elle Fanning (Princesa Aurora/Bela Adormecida), Harris Dickinson (Príncipe Phillip), Michelle Pfeiffer (Rainha Ingrith), Chiwetel Ejiofor (Conall Ed Skrein), entre outros.

O primeiro filme da “vilã” surpreendeu a muitos, visto que Malévola é um filme com um tom sombrio, que desconstrói a história da Bela Adormecida e a reconta a partir da perspectiva da vilã. A partir disso, o público conhece os traumas vividos pela personagem e entende as motivações dela, culminando em uma final completamente inesperado e diferente do visto na animação da Disney.

Malévola: Dona do Mal vem com o objetivo de continuar essa história, mostrando os acontecimento após o primeiro filme e trazendo uma história ainda não contada pela Disney.

O filme se inicia com um lembrete do universo mágico da franquia, mostrando que apesar da desconstrução feita na imagem de Malévola, o conto popular continuava colocando a personagem como a vilã dos acontecimentos do primeiro filme.

O gatilho para o desenrolar da história é o pedido de casamento do Príncipe Phillip para a Princesa Aurora, que se tornou a rainha do seres encantados (Moors). Durante esses acontecimentos, o enredo busca trabalhar toda a preocupação e o excesso de proteção da Malévola com sua “filha”, mesmo que seja de uma maneira própria da personagem. O filme mostra que apesar da sua natureza e seus traumas, a personagem é capaz de fazer qualquer coisa por amor à Aurora.

A partir disso, Malévola acaba indo a um jantar e é apresentada ao Rei John (Robert Lindsayá) e à vilã, a Rainha Ingrith, que não mede esforços para prejudicar Malévola e a Princesa Aurora, no que ela pensa ser o melhor para o seu reino. Ela se utiliza da superproteção materna de Malévola para causar um desentendimento entre filha e a mãe adotiva.

Depois de muita confusão, o roteiro deixa de trabalhar a relação das duas personagens para expandir o universo da franquia, adicionando novos elementos e criaturas mágicas, explicando de certa forma, a “Origem” da personagem como uma escolhida para salvar seu povo. E é a partir deste ponto que a trama se perde e o filme se torna uma bagunça.

Malévola: Dona do Mal busca expandir seu universo e ser grandioso, contudo, acaba “metendo os pés pelas mãos” e se torna um filme confuso e corrido. O longa se preocupa em adicionar vários elementos na história, mas não os explica de maneira clara, prejudicando a conexão do público com o enredo, deixando a história em muitos momentos arrastada e com explicações furadas.

Apesar do filme ser baseado em elementos de um conto de fadas voltado para um público Infanto-Juvenil, o roteiro se perde na inocência e exagero dos personagens, de modo que eles mesmos aceitam algumas situações impostas simplesmente por que o roteiro quer. Em muitos momentos, as atitudes dos personagens chega a ser irritante, o que tornando-os caricatos e ingênuos de maneira nada natural.

Esse problema de roteiro só piora quando chega a grande batalha final, já que não existe conexão com os personagens e o roteiro esta perdido em meio aos seus excessos. Alguns personagens não possuem o mínimo de estratégia de guerra e só sobrevivem por artifício do roteiro – e os perigos e as perdas não possuem peso algum na história, sem contar os personagens que mudam sua índole por motivos inexplicados.

Quando a batalha termina, os personagens esquecem todos os problemas explicados ao longo da trama, esquecem das mortes que acabaram de acontecer (durante uma batalha visualmente épica) e tudo termina com aquele final padrão de novela da Globo. Este momento só piora quando acontece uma troca de olhares “românticos” entre um soldado e uma criatura mágica, mostrando que a guerra realmente acabou.

Apesar do roteiro fraco e furado, toda a parte visual do filme está e parabéns. A fotografia, figurino e efeitos especiais estão impecáveis, mantendo o nível de qualidade visual dos filmes produzidos pela Disney. Tirando algumas cenas de voo, em que o público sente que os atores estão sobre cabos de aço, o CGI do filme está incrível. Este é um ponto forte que faz com que o público realmente acredite que todo este mundo mágico exista.

Os atores entregam boas atuações aos seus respectivos personagens, mesmo que alguns sejam limitados pelo roteiro, algo que os transforma em personagens genéricos. Angelina Jolie entrega uma boa atuação, sem esquecer da essência da personagem do primeiro primeiro filme, mas ainda mostrando que a personagem está em evolução. Sam Riley (Diaval) tem uma atuação desperdiçada, pulando de um lado pro outro no filme, sendo trabalhado quase como um figurante, tendo apenas um momento engraçado para salvar alguns personagens na batalha final. Elle Fanning entrega uma princesa pura e boa, que só quer o bem para seu povo, mas que em muitos momentos, irrita por sua inocência exacerbada. Harris Dickinson tem uma boa atuação, mas pela maneira que o roteiro trabalha o seu personagem, ele se torna torna apenas mais um príncipe genérico de contos de fada. Michelle Pfeiffer entrega uma atuação excelente como vilã e constrói uma personagem intensa e astuta, mas que não deixa de tomar algumas atitudes, no mínimo irreais.

Diferente do primeiro filme, Malévola: Dona do Mal não consegue entregar uma história coesa, mesmo querendo trabalhar mais profundamente a origem da personagem. É um filme que peca nos excessos, empolga pouco, não possui conexão com o público, irrita em muitos momentos, mas que é muito bonito visualmente. O roteiro lembra muito o de Homem-Aranha 3, quer quis abraçar o mundo e fazer muita coisa boa, mas que no fim, teve uma qualidade duvidosa.

O público infanto-juvenil pode se sentir motivado a assistir o filme, visto que é um público que se contenta com efeitos especiais bem elaborados, mas se o expectador analisar a trama um pouco mais a fundo, vai sentir o enredo apressado, sem sinergia e completamente perdido. Típico filme bonito por fora, mas vazio por dentro.