Na última sexta-feira, chegou ao catálogo da Netflix a terceira temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina, série que adapta as histórias em quadrinhos da icônica bruxinha da Archie Comics.
Na primeira temporada, o foco da série era mostrar Sabrina (Kiernan Shipka) dividida entre sua vida humana e sua crença satânica.
Já na segunda temporada, o foco era impedir a chegada de Lúcifer (Luke Cook) na Terra, pois isso apresentava uma grande ameaça. Mesmo não tendo conseguido impedir a ascensão do Estrela da Manhã, Sabrina e seus amigos, com a ajuda de Lilith, conseguiram aprisionar Satã dentro do corpo de Nick, namorado de Sabrina, que teve de ser enviado ao inferno, mas a bruxinha não estava disposta a abrir mão de seu amor por ele.
Na terceira temporada, parecia que o foco era resgatar Nick do inferno enquanto tentavam achar uma maneira de manter Lúcifer encarcerado. A princípio, a trama realmente se encaminhava para isso, mas acabou perdendo seu foco.
O resgate de Nick e a nova prisão de Lúcifer foram questões resolvidas bem depressa, no primeiro episódio já salvaram Nicholas (Gavin Leatherwood) e no segundo episódio, ele já estava liberto de Lúcifer, passando aquela sensação de solução mirabolante imediata. Se na primeira temporada a bruxinha tinha muita dificuldade para resolver algumas questões, nessa temporada, vemos que não existe nenhum obstáculo no caminho dela.
Nessa temporada, temos novos inimigos, os Pagãos. Todo o misticismo por trás dessa religião e toda a adoração deles pelo Homem Verde é interessante, e sempre é bom a inserção de novos elementos à trama, porém, a inserção deles nessa temporada ficou muito corrida e mal explicada.
A série mantém o mesmo problema das temporadas anteriores, com episódios longos demais, tornando-se cansativo e não conseguindo apresentar uma história coesa. Apresentaram muitos elementos como Pagãos, Lúcifer, disputa pelo trono do inferno, Coven bruxas perdendo seus poderes, inimigos antigos e poderosos citados pelo Padre Blackwood (Richard Coyle), porém nenhum desses elementos foi desenvolvido de maneira apropriada.
Se na temporada anterior, Lúcifer era a grande ameaça da humanidade e apresentava um real perigo, nessa temporada, simplesmente o ignoram depois de alguns episódios e fazem com que ele seja apenas um coadjuvante, sem apresentar uma real ameaça para a humanidade.
A série ainda mantém a dualidade da Sabrina em querer manter a vida de bruxa e a vida humana, porém já não aprofundam-se nisso mais. A personagem quer ter as duas coisas sem ligar para as consequências e simplesmente não consegue fazer o que os outros mandam, e o pior disso tudo é que a personagem praticamente não sofre nenhum efeito colateral por suas atitudes, os outros é que sofrem. Além disso, a série falha em tentar dar um peso emocional real para os eventos apresentados, pois tudo fica evidente que nada será permanente.
Outro ponto negativo é que vemos Sabrina em uma busca incessante pela atenção de Nicholas, o que torna o roteiro inflado e ainda mais cansativo. Além de claro, trazer novamente o lance do Harvey ainda amar a Sabrina.
Apesar de tudo, a série trouxe alguns pontos positivos, como explorar os efeitos colaterais de Nick ter servido de prisão para Lúcifer. As cenas musicais também foram bem trabalhadas. Outro ponto de destaque são as referências a Riverdale, pois ambas as séries, além de terem o mesmo produtor, são baseadas em histórias da Archie Comics, onde nos quadrinhos, fazem parte do mesmo universo. A sensação é que o produtor está mais preocupado em atender o público que fica pedindo um crossover entre essas duas séries do que apresentar uma história coesa.
Os dois últimos episódios dessa temporada mostram que a série pode ser grandiosa, mas essa inconsistência no roteiro e sem um foco na história principal acaba atrapalhando bastante.
O gato Salém continua apagado, muito mais do que na temporada anterior, o que nos faz questionar qual é a utilidade dele na série, já que era para ser um personagem importante para a trama.
Não dá para dizer que essa terceira temporada teve tantos pontos positivos, continuando a apresentar os mesmos problemas das temporadas anteriores, com episódios longos e sem foco nenhum na trama principal.