[CRÍTICA] Rambo: Até o Fim | Brutal e Dramático!

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É difícil quem nunca tenha ouvido da série de filmes Rambo, estrelada por Sylvester Stallone. O personagem foi originalmente criado pelo autor David Morrell no livro First Blood, de 1972.

O primeiro filme, lançado em 1982, mostrava o soldado John Rambo traumatizado devido aos horrores que viveu durante a guerra do Vietnã, enquanto fazia parte do exército americano. Essa abordagem mais séria mostrava o drama que os veteranos de guerra passam ao lutar pelo seu país ao voltar para seu lar, com problemas de adaptação devido às suas condições psicológicas.

A partir do segundo e terceiro filmes, lançados em 1985 e 1988, respectivamente, a série resolveu ir na onda do cinema “brucutu”, que explodiu nas décadas de 80 e 90, em que víamos heróis soltando frases clichês e detendo exércitos inimigos sozinhos, das formas mais absurdas e explosivas possíveis, fazendo com que o veterano traumatizado passasse a se tornar um ícone dos filmes de ação.

Em Rambo IV, lançado em 2008, o soldado vive isolado na Tailândia e ao transportar um grupo de missionários em seu barco durante a crise de Burma, acaba entrando em ação novamente para resgatá-los ao serem sequestrados por forças locais. Após o conflito, ele é encorajado por uma missionária a retornar à sua cidade natal e recomeçar novamente.

Rambo: Até o Fim, quinto filme da franquia, mostra que John Rambo terá de entrar em outro conflito, só que desta vez, temos algo muito mais pessoal e que marca a despedida de Stallone do personagem.

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No novo longa, a história se passa 11 anos após os acontecimentos do quarto filme, onde John Rambo foi viver nos Estados Unidos, no rancho de seu pai na cidade de Bowie, no Arizona. Somos apresentados à Gabrielle, a sobrinha de Rambo, que é criada por ele como uma filha adotiva. Vivendo com eles também temos a simpática senhora Maria, a governanta que trabalhou para o pai de Rambo e ajudou na criação de Gabrielle.

O veterano sofre com o estresse pós-traumático devido à sua vida turbulenta e conflituosa e tem como terapia cuidar dos cavalos. Ele criou um grande bunker com sistema de túneis onde dorme, guarda seu arsenal e forja facas. O problema começa quando Gabrielle decide ir ao México atrás de seu pai biológico, que a abandonou anos atrás, contrariando os conselhos de Rambo e Maria sobre o perigo da busca. Quando a garota não volta para casa, o veterano cruza a fronteira em busca dela e acaba batendo de frente com o cartel mexicano.

O roteiro escrito por Matthew Cirulnick e Stallone é simples, mas tem um diferencial quando comparado aos outros capítulos da saga. O filme distancia-se dos últimos porque desenvolve mais o boina verde, explorando seu passado e dando destaque à relação dele com sua sobrinha, humanizando o personagem numa forma que não havia sido feita anteriormente. É inegável que com a volta dos traumas de guerra assombrando Rambo, a intenção é adicionar elementos do primeiro filme, dando uma pitada mais dramática e pessoal, mas não se aprofunda no tema. Stallone consegue capturar bem o papel de personagem atormentado e traumatizado, entregando uma atuação decente ao personagem.

O primeiro ato do filme tem um ritmo arrastado, que pode entediar os mais afoitos por ação, devido à necessidade de dar desenvolvimento ao personagem e semeando o terreno para o confronto final.

A violência no filme é extremamente pesada e chocante. O diretor Adrian Gunberg não faz questão de esconder desmembramentos e torturas, enquadrando tudo explicitamente. Infelizmente, o filme não contém tantas cenas de ação como esperava-se e o ato final, por mais explosivo que seja, é relativamente curto e deixa o espectador com vontade de querer ver mais.

O filme escolhe mostrar o submundo do México sem pudores, destacando a violência dos cartéis, policiais corruptos e a triste realidade do tráfico de mulheres. Nas cenas em que vemos o sofrimento no qual as vítimas são submetidas, é difícil não se sentir chocado e impressionado.

Rambo: Até o Fim pode ser definido como uma homenagem ousada de Sylvester Stallone aos fãs do personagem e aos amantes do gênero que consagrou o ator. Com um roteiro simples, sem medo de tocar em assuntos polêmicos e uma abordagem mais atual, chocante e violenta, que irá incomodar a parcela mais sensível do público, a produção é uma boa despedida do personagem, mas peca por limitar o número de cenas de ação e um ritmo lento, que poderá decepcionar os mais afoitos por tiros ou aqueles que buscam uma obra mais sofisticada.

Que John Rambo possa finalmente curtir a sua aposentadoria.