Na última quinta-feira, chegou ao catálogo da Netflix a aguardada terceira temporada de Stranger Things, série criada pelos irmãos Duffer que serve como uma homenagem aos anos 80.
Depois dos horrores que viveram nas temporadas passadas, a terceira temporada da série começa de forma muito mais leve e “normal” para os padrões da série. Logo de cara, vemos que as crianças pelas quais nos apaixonamos não são mais crianças e que o crescimento delas vem acompanhado de uma série de mudanças para os personagens.
https://www.youtube.com/watch?v=pfK5oCAK4oE
Mike e Eleven estão engatados em seu namoro, enquanto o mesmo também acontece com Lucas e Max. Nessa idade, os hormônios estão à flor da pele e Hoper, que adotou Eleven desde a temporada passada, não sabe lidar muito bem com isso.
Embora por um lado esse romance todo seja lindo e divertido de se acompanhar, por outro, vemos que essas relações causaram uma divisão no grupo e que toda aquela amizade e sintonia vistas na primeira temporada já não existe mais. Isso faz com que Will, seja o que mais se prejudique, afinal, com Dustin em um acampamento de férias, o garoto problemático acabou sendo deixado de lado por seus amigos.
A temporada toda parece requentar muitas coisas das temporadas passas e, em muitos momentos, temos uma sensação de Déjà-vu vu, porém as novidades acrescentadas trazem um certo frescor que diminui essa sensação. As responsáveis por isso são, em grande parte, a nova personagem Robin, que é colega de trabalho de Steve, e a irmã mais nova de Lucas, Erica, que rouba a cena sempre que aparece.
Embora nessa temporada tenhamos muito mais cenas cômicas e leves, os momentos sombrios não deixam a desejar. Aliás, eles também são bem perturbadores e até desconfortáveis de se olhar, mostrando que o crescimento do elenco também afetou no nível de gore da produção.
Ademais, tudo continua tão empolgante quanto antes, sejam pelos figurinos, a ambientação impecável que remete aos anos 80 e a trilha sonora que não decepciona.
A grande sacada desta terceira temporada é enfatizar ainda mais a Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia que acontecia na época, usando isso como base científica para o Mundo Invertido e os eventos que acontecem na série.
O grande problema talvez seja a divisão de núcleos, pois elas são muitas e todas as indas e vindas acabam deixando o espectador um pouco cansado e a série inflada, porém cada uma das divisões possui um momento especial e um destaque importante para a narrativa como um todo.
O elenco continua incrível como sempre, com destaque especial para Millie Bobby Brown, que, mais uma vez, dá um show de talento com as cenas em que protagoniza. Além disso, os veteranos Winona Ryder e David Harbour também estão incríveis (por sinal, Ryder parece ter ficado 15 anos mais jovem).
Os efeitos especiais estão competentes e cada vez mais grandiosos, porém dada a proposta dos monstros e da série em geral, não tem problema se eles parecerem um pouco plastificados e mal-renderizados em alguns momentos.
Minha preocupação fica para o futuro, afinal, a série parece estar se esgotando um pouco em termos narrativos e criativos, repetindo fórmulas que deram certo no passado e isso pode ser um problema, afinal, nem só de um bom elenco e de nostalgia se sustenta uma produção aclamada.