Desde o seu anúncio, What If…? foi vista com muita ansiedade pelos fãs da Marvel Comics. Especialmente para aqueles que conheceram o mundo dos quadrinhos graças a estas histórias. O primeiro trailer saiu, alguns levantaram uma sobrancelha em relação ao estilo da animação, coisa que costuma ser comum ultimamente em produções estadunidenses, mas cá estamos. O Multiverso finalmente é apresentado pela Marvel Studios.
Com Jeffrey Wright (Westworld) como Uatu, o Vigia, a produção abre as portas para as infinitas possibilidades do Multiverso Marvel, ponderando a pergunta que dá título a série animada, “E se…?”. Com isso, somos apresentados a diversas versões dos personagens que já conhecemos do MCU, alguns bem parecidos, outros completamente diferentes do que conhecemos.
Oportunidade para criar histórias únicas, mesmo que semelhantes
Com 9 episódios na sua primeira temporada, What If…? nos leva por histórias um tanto quanto semelhantes ao que vimos no MCU, como o caso do episódio 1, focado em Peggy Carter, ao mesmo tempo que temos conceitos completamente diferentes e originais, possibilitando histórias que, embora ainda tenha o clima Marvel, possuem um diferencial em relação aos seus desfechos. Como vi em algum local da internet uma vez, “Aqui, o vilão pode vencer.”. Desta forma, embora em sua grande maioria os episódios tenham finais esperançosos, existe o espaço para a animação destruir o nosso coração com momentos densos e tristes. Destaco especialmente o episódio 4, focado em Stephen Strange.
Com a liberdade para criar suas histórias, a produção não poupa esforços para nos deixar na ponta da cadeira em boa parte dos episódios. Mesmo quando temos um alívio, com histórias mais engraçadas e leves, existem os momentos de apreensão, algo que muitos inclusive criticam em relação a muitas produções cinematográficas da Marvel Studios, onde a tal “fórmula Marvel” acaba fazendo com que muitos filmes perca o senso de urgência. Posso dizer com tranquilidade que aqui isso não acontece. Mesmo com altos e baixos no decorrer da primeira temporada, uma coisa bem feita é a sensação de estarmos em terreno completamente desconhecido.
Uatu e o Multiverso
Com o multiverso sendo o novo rumo para o MCU após a Saga do Infinito, utilizar uma série animada para apresentar melhor esse conceito para os espectadores é uma decisão acertada, podendo assim nos trazer de volta personagens como Tony Stark e Natasha Romanoff sem confundir os fãs menos conhecedores dos conceitos dos quadrinhos. Afinal, “eles morreram não é?”. Além disso, dificilmente esse tipo de projeto poderia ser feito em live-action por motivos óbvios, e a animação tem uma fluidez interessante, mesmo que o estilo 3D pareça estranho a princípio.
Além do multiverso, aqui também conhecemos Uatu (Jeffrey Wright), o Vigia. Personagem clássico das histórias da Marvel, o Vigia não podia ter uma voz melhor. A calma e densidade da fala de Jeffrey Wright em cada episódio, até mesmo naqueles onde Uatu se vê obrigado a interagir com os personagens, mostra uma imponência que uma entidade cósmica como ele precisa ter. Dessa forma, torço para que ele seja utilizado também em outros projetos além da animação, pois Uatu não existe somente para vigiar o multiverso, como todo bom leitor de quadrinhos sabe.
Uma vastidão de realidades e temporadas
Com a segunda temporada já confirmada, What If…? é a forma do MCU se expandir definitivamente sem se preocupar com diversas conexões ou consequências. Desse modo, utilizando o que nos for apresentado nos cinemas, podemos ter diversas temporadas daqui pra frente, mesmo que em algum momento as vozes dos atores originais não possam retornar, como já foi o caso de alguns nesse primeiro ano.
Além disso, a animação também é uma boa oportunidade da Marvel Studios “corrigir” alguns problemas vistos nos cinemas, como já foi feito em seu primeiro ano, com Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk) sendo visto pela primeira vez nos acontecimentos de O Incrível Hulk, ou então a verdadeira Era de Ultron sendo apresentada, dando o devido tom ameaçador para o vilão, completamente esquecido desde o segundo filme dos Vingadores.
Com uma montanha russa, What If…? termina seu primeiro ano com um saldo positivo. Graças ao carisma de todos os personagens apresentados, o Multiverso da Marvel Studios começa com o pé direito, e tem tudo para crescer ainda mais quando começar a explorar novas ideias ainda não utilizadas aqui. Quanto mais temporadas melhor, eu diria. Mal posso esperar para ver o que farão com Shang-Chi, Eternos, e espero muito que Ryan Reynolds apareça muito em breve como o mercenário tagarela.