Sonic Unleashed foi o segundo lançamento da era moderna de Sonic após o desastroso Sonic 2006. Lançado para Xbox 360 e PlayStation 3 em 18 de novembro de 2008, o jogo recebeu críticas mistas inicialmente, mas com o tempo sua reputação foi se recuperando.
Hoje, Sonic Unleashed não só conquistou o carinho dos fãs, como frequentemente aparece no top 10 dos melhores jogos da franquia – sendo considerado por muitos como um dos títulos mais marcantes da série.
Aproveitando o hype de Sonic Crossworlds Racing, vamos fazer uma análise completa deste que se tornou um dos melhores títulos da franquia.
O Bom
Sonic Unleashed foi o primeiro jogo a introduzir a mecânica de boost – onde Sonic ativa um “turbo” e oblitera tudo em seu caminho. O título representou uma mudança radical na fórmula da franquia: enquanto os jogos anteriores equilibravam plataforma e velocidade, Unleashed apostou em uma velocidade tão intensa que, até hoje, nenhum outro título da série conseguiu igualar.
Porém, para um jogo que atinge níveis extraordinários de velocidade, era necessário um level design à altura. E posso afirmar com segurança: o level design de Unleashed é o melhor da franquia. O jogo respeita os jogadores que preferem uma abordagem mais cautelosa, mas recompensa generosamente aqueles que se dedicam a dominá-lo.
É possível rejogar as mesmas fases inúmeras vezes e ainda descobrir novos caminhos, além de testar constantemente os reflexos do jogador, criando uma experiência desafiadora e única.

O jogo apresenta um sistema de ranking bastante diferente do que viria a se tornar padrão na franquia. Enquanto nos títulos posteriores conseguir um Rank S seria relativamente fácil – bastando apenas terminar a fase rapidamente -, aqui múltiplos fatores são considerados: tempo final, quantidade de rings coletados, inimigos derrotados e pontos acumulados. Essa complexidade transforma a conquista do Rank S num verdadeiro desafio, adicionando uma camada extra de profundidade à rejogabilidade.
O problemático
Que as fases diurnas de Sonic Unleashed são excelentes, isso já é consenso. Porém, o grande ponto de discórdia sempre foram as fases noturnas com o Werehog (ou “Sonic Lobo”, como ficou conhecido). Aqui, o jogo se transforma num hack’n’slash com elementos de exploração e combate aprofundado – justamente a parte que recebeu as críticas mais duras, já que representa cerca de 80% da experiência.
Apesar de concordar que as fases são um tanto longas e ocupam parcela significativa do jogo, confesso que tenho fraqueza pelo Werehog. Seu sistema de combate, embora baseado em combos simples, permite encadeamentos devastadores quando bem executados. O jogo oferece variedade suficiente: diferentes tipos de inimigos, QTE’s, combos especiais e finishers variados. Não chega a ser um Devil May Cry, mas proporciona diversão satisfatória.
Quanto à exploração? Impossível não apreciar. A trilha sonora – um jazz suave acompanhado de ambientações sonoras imersivas – cria o clima perfeito para coletar moedas e admirar os cenários. Falando nisso, o nível de detalhamento é ABSURDO para um jogo de 2008. Os visuais envelheceram extraordinariamente bem.

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O Werehog está longe de ser perfeito, mas sua jogabilidade diversificada e a extensão que traz à experiência (quase dobrando o tempo total de jogo) fazem dele um elemento que, no fim das conta, seja uma adição mais que bem vinda.
O ruim de dia
Um dos maiores problemas de Sonic Unleashed é, infelizmente, seu sistema de progressão. Em vez de simplesmente completar uma fase e seguir para a próxima, o jogo exige que você colete um número específico de medalhas para avançar. Isso não seria um grande problema se não fosse por Chun-Nan, onde o jogo joga na sua cara a necessidade de voltar e refazer fases anteriores em um backtracking forçado.
A ideia de revisitar fases, por si só, não é ruim — muitos jogos fazem isso bem. O problema é como isso é implementado aqui. As fases do Werehog, como já mencionado, são longas, então se você deixou muitas moedas para trás, prepare-se para uma repetição cansativa do zero. Mas o pior mesmo são as medalhas nas fases de dia.
O ruim de noite
As fases do Werehog, por terem um ritmo mais lento e foco em exploração, até que fazem sentido para procurar itens escondidos. Mas aplicar essa mesma lógica às fases de velocidade foi uma decisão questionável. Você está em um fluxo absurdo de alta velocidade, destruindo tudo pelo caminho, e de repente precisa parar, olhar para os lados, entrar em portais escondidos e vasculhar cantos. É completamente anti-intuitivo e acaba tirando a graça da fase. Algumas dessas medalhas estão em lugares tão artificiais que fica a dúvida: como alguém descobriu isso no lançamento sem um guia?

Esse sistema pode arruinar a experiência na primeira jogatina se você não estiver preparado. Mas, uma vez que você já sabe onde tudo está — ou se estiver revisitando o jogo —, o problema desaparece. Na minha quinta vez zerando, por exemplo, eu nem preciso mais fazer backtracking, porque já decorei a maioria das localizações. Mesmo assim, isso não muda o fato de que, para um jogador novo, essa barreira artificial pode ser frustrante e desnecessária.
O perfeito
Quem acompanha meus textos sabe o quanto sou apaixonado por trilha sonora – e Sonic Unleashed está simplesmente no topo absoluto quando o assunto é isso. O jogo abandona a pegada mais metal dos títulos anteriores e mergulha de cabeça em uma atmosfera mais ambiental… e não poderia ter funcionado melhor.
Basta pegar Windmill Isle – Day: sua trilha reflete perfeitamente o clima calmo e francês do local, com violinos suaves que transportam você direto para aquela paisagem serena. Ou então Chun-Nan, onde a música respira cultura chinesa, dando uma personalidade única a cada região. E as faixas noturnas? Misturam ambientação com um ritmo mais frenético, combinando perfeitamente com o combate do Werehog e elevando a imersão a outro nível.

Mas Unleashed não para por aí – fecha com chave de ouro nos visuais. Como eu já disse, esse jogo envelheceu como vinho, e cada cenário é um espetáculo à parte. Empire City transpira a energia de uma metrópole movimentada; Arid Sands captura a essência cultural do deserto com detalhes impressionantes; e Windmill Isle parece um pedacinho de paraíso que dá vontade de visitar na vida real.
O trabalho para criar cenários tão expressivos é nada menos que absurdo. Quando você junta isso com a trilha sonora impecável, o resultado é uma imersão digna de um jogo desse calibre – e uma prova de como Sonic Unleashed acertou em cheio na identidade audiovisual.
Bônus: a versão demake de ps2/wii
Quem acompanha Sonic sabe que Unleashed recebeu uma versão para PS2/Wii – basicamente um demake da edição HD. Provavelmente, a decisão veio da enorme base de jogadores desses consoles, e no fim, foi uma escolha válida. Desenvolvido pela então adorada Dimps e lançado simultaneamente, muitos jogaram essa versão sem conhecer a HD (e vice-versa). Mas será que esse demake se sustenta diante do culto que o original ganhou? Mais ou menos.
O jogo mantém a base da fórmula boost, só que um pouco mais lenta e focada em plataforma com velocidade controlada – o que, na verdade, é uma adição interessante. Além disso, divide as fases diurnas em partes menores, trazendo uma diversão extra pra quem curtiu a versão HD. Quando o assunto são as fases de dia, esse jogo é extremamente divertido, e até hoje me pego revisitando ele.

O mesmo, infelizmente, não se aplica às fases noturnas. O combate é quase inexistente, os inimigos oscilam entre estupidamente fáceis e artificialmente difíceis, e a hitbox parece ter sido feita só pra atrapalhar – te empurrando sem motivo no meio da jogatina. Hoje, esse demake funciona mais como uma relíquia da época, mas ainda acho que vale a pena experimentar, mesmo que só pela diversão das fases diurnas.
Conclusão
Sonic Unleashed não é um jogo perfeito, porém quanto mais o tempo passa, mais amor eu sinto por ele. Com um level design à frente do seu tempo, visuais incríveis e até mesmo um divertido “clone” de God of War (no caso do Werehog), para mim ele se consolida como o melhor jogo da franquia Sonic.