Confissões do Crematório já te cativa pela capa. Um livro tão bonito e tão bem feito que ler ele no metrô, ônibus ou até mesmo na rua faz com que as pessoas olhem pra você constantemente. Não que isso seja um problema, a curiosidade para saber o que os outros estão lendo sempre existiu, mas a capa deste livro em especial triplica essa curiosidade. E como todos os livros da Darkside, ele tem capa dura e uma incrível cor vermelha na lateral das páginas.
Eu imaginei o livro era de uma forma bem diferente do que li, mas o fato de ter sido diferente não me fez desistir da leitura, na verdade me fez querer ler mais e mais. O livro conta a vida de Caitlin que tem 23 anos e decide enviar seu curriculum à diversas funerárias em busca de um emprego, já que ela é tão fascinada pela morte. Durante os capítulos, Caitlin relata diversas experiências sobre seus dias trabalhando no crematório. Desde a sua primeira experiência com a morte, até os corpos de bebês que ela precisou cremar, que tem os ossos tão pequenos que não passam na máquina de trituração e precisam ser esmagados à mão.
A história é contada de forma bem diferente do esperado, ela relata e explica muitas coisas sobre a indústria funerária dos Estados Unidos e até mesmo fala sobre fatos do passado, da história de culturas de diferentes países e sua relação com a morte. Ela também cita uma tribo brasileira canibal e a relação deles com a morte através do canibalismo. Sim, o livro é lotado de informações e é repleto de conhecimento.
Desde nova eu tive uma relação muito grande em relação a curiosidade de investigar o corpo humano. Pensei até em fazer um curso técnico de Tanatopraxia (Que é qualquer das técnicas de conservação de cadáveres) certa vez. Na teoria, creio que eu sempre gostei disso, mas não sei exatamente como lidaria com um cadáver pessoalmente e por esse motivo, segui um destino totalmente diferente.
O livro tirou várias das minhas dúvidas e eu tive alguns momentos em que me senti triste e de coração apertado. Já perdi muitos parentes próximos, mas o mais próximo de todos foi a morte da minha avó materna e em alguns momentos em que Caitlin descrevia como fazia ou preparava um cadáver, as imagens da minha avó no caixão vinham na minha mente, e eu pensava “Ela também foi preparada desta forma para o velório”. Não foi me senti bem com isso, confesso, ler e lembrar e creio que talvez alguns outros leitores tenham se sentido como eu, mas não é o suficiente para desistir de um livro tão genial e fora do comum.
Não existe romance e nem drama, o livro é totalmente empolgante e realista. No decorrer da leitura, as histórias fazem você ver a morte de uma forma completamente diferente, eu mudei muito a minha opinião depois que terminei de ler. Agregou muito à minha vida pessoal e a enxergar as pessoas que preparam os cadáveres para o funeral de uma forma diferente.
A Caitlin existe, e é a autora do livro Caitlin Doughty. Ela tem um canal no YouTube chamado Ask a Mortician. No canal ela conta diversas histórias, fatos e também responde as perguntas de seus leitores. Vale a pena conferir o canal e ter o livro na sua estante.
Para saber mais sobre o livro, vocês podem acessar a página dele no site da Darkside Books.
