Doutor Estranho e o amadurecimento da Marvel nos cinemas

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Durante o tempo em que vinha sendo anunciado e com os materiais promocionais lançados, Doutor Estranho não era o tipo de filme que tinha me cativado, e sequer estava com interesse de assistir ao filme nos cinemas, confesso que nunca fui muito próximo do personagem em seu material base, os quadrinhos, e talvez isso tenha feito com que não me sentisse atraído pela produção. De qualquer forma, como parte do meu dever como criador de conteúdo para o site, fui assistir à produção para escrever esta crítica e tive uma surpresa extremamente positiva com o que foi me apresentado.

Doutor Estranho não é um filme dotado do glamour dos já estabelecidos vingadores e muito menos um personagem conhecido pelo grande público, dificultando sua adesão nos cinemas, mas o já consolidado nome Marvel Studios torna isso muito mais fácil, o que claramente lotou o cinema (pelo menos o que eu fui ver) de pessoas em busca de sanar a curiosidade sobre o filme, ou apenas buscando a tradicional diversão casual.

O filme começa com uma boa apresentação do personagem em seu habitat natural: o hospital, e o claro brilhantismo do Doutor Stephen Strange e a excelência de seu trabalho (me lembrando muito o Dr. House com sua arrogância/petulância que acaba sendo relevada devido a sua maestria na medicina), Stephen Strange se mostra uma pessoa extremamente convencida e segura de si mesmo e essa sensação é transmitida pelo excelente trabalho de Benedict Cumberbatch que apenas naquela cena de introdução já demonstrava o excelente trabalho que estaria por vir.

Ao longo do filme, vemos toda a arrogância de Stephen sendo quebrada, para que algo novo e melhor nascesse. Os personagens secundários são extremamente importantes nesse desenvolvimento e todos conseguem destaque por igual, criando uma harmonia com o personagem principal, tornando o desenvolvimento da história muito mais agradável (destaque especial para Capa de Levitação, que mesmo não sendo um personagem de carne e osso, consegue ser extremamente carismática, algo como o tapete mágico do Aladdin).

O CGI de Doutor Estranho consegue ser deslumbrante como imaginado, inclusive, devo ressaltar que é um dos mais bem feitos em um filme da Marvel que já vi até hoje, misturando cenas extremamente coloridas e psicodélicas, onde eles conseguem pegar algo mostrado no filme A Origem de Christopher Nolan e elevar à um novo patamar, sem dúvidas fizeram um excelente trabalho na construção das cenas de Doutor Estranho.

Não vou citar aqui a chamada “fórmula Marvel”, que ela existe, todos sabemos, mas Doutor Estranho me mostrou que mesmo utilizando tal fórmula, o estúdio é capaz de se reinventar e fazer algo diferente. Em nenhum momento fiquei incomodado com os alívios cômicos e sarcasmos espalhados pelo filme, achei-os de extrema importância para que a trama não ficasse densa demais (afinal estamos falando de um filme de super-heróis e não de um drama do Scorsese).

Por fim, gostaria de ressaltar que Mads Mikkelsen foi um vilão muito bom, algo que o MCU estava muito carente fazia tempos! Kaecilius teve um papel bem semelhante ao de Ronan, O Acusador, em Guardiões da Galáxia, trabalhando como mensageiro de um ser muito maior e mais poderoso, porém, foi muito melhor apresentado e desenvolvido, o que é mais um ponto positivo para o filme.

Doutor Estranho me surpreendeu de uma forma tão positiva que ouso dizer que o personagem poderá tranquilamente substituir o Homem de Ferro nos cinemas quando chegar o momento de Robert Downey Jr. “pendurar a armadura”, vi em Stephen Strange todas as características básicas de Tony Stark, porém de uma forma mais realista e honorável e não me restam dúvidas de que o personagem irá realizar grandes feitos nos cinemas nos filmes que estão por vir.