Dragon Quest III: The Seeds of Salvation foi lançado no Japão em 1988 para o Famicom e chegou ao Ocidente em 1991, como Dragon Warrior III, para o Nintendinho. Após o enorme sucesso, e de ter revolucionado como funciona um RPG, criando todas as bases para o bom e velho “JRPG”, o jogo recebeu versões com para Super Nintendo, Game Boy Color, celulares e até mesmo o Wii. Porém, nunca houve um remake de fato.
Agora, a Square Enix surpreende a todos anunciando remakes dos três primeiros jogos da franquia.
O remake não somente melhora os gráficos, mas traz uma estética e abordagem nova para o universo do Dragon Quest. Ele se inspira bastante na direção artística de jogos como Octopath Traveler e Triangle Strategy.
Após uma longa análise, e tendo acesso ao jogo de forma antecipada, é perceptível o cuidado da Square Enix com uma das franquias mais revolucionárias da história dos RPGs, fazendo jus ao legado de Erdrick.
A clássica história do filho de Ortega
Anos atrás, o grande herói Ortega, pai do protagonista, partiu em uma missão para derrotar o poderoso demônio Baramos. Infelizmente, Ortega falhou, e agora, a sombra de Baramos paira sobre o mundo, ameaçando tudo com o caos.
Com a espada do pai em mãos, o jovem herói filho de Ortega é convocado pelo próprio rei para continuar a jornada e salvar o mundo.
A aventura começa em um vasto mundo, repleto de cidades, masmorras traiçoeiras e paisagens deslumbrantes, principalmente por conta da nova direção artística do game. Cada local apresenta novos desafios e mistérios, revelando a profundidade da missão que se coloca à frente do protagonista.
À medida que explora esse universo, ele descobre que a jornada vai além de enfrentar monstros: é uma experiência de crescimento e revelações, em que cada passo fortalece sua determinação em salvar o mundo.
Ao longo de sua trajetória, o protagonista forma um grupo lendário que ficará conhecido pelo mundo todo, unindo-se a companheiros com habilidades diversas e classes únicas. Essa equipe será fundamental para superar os obstáculos e inimigos que surgem ao longo do caminho.
Um JRPG raiz e difícil, como deve ser
Já no início, nós podemos escolher entre diversas vocações para os personagens aliados, sendo elas: Warrior, Martial Artist, Priest, Mage, Merchant, Thief, Gadabout, Sage e Monster Wrangler. Cada uma com habilidades e estatísticas únicas que influenciam o estilo de combate e a estratégia geral.
Podemos também realizar uma pequena customização nos personagens do nosso time, escolhendo aparências alternativas e também mudar a cor do cabelo. Além disso, há um sistema de reclassificação disponível após certo ponto da história, que permite aos personagens trocar de classe e herdar algumas habilidades da anterior.
Esse recurso adiciona camadas de estratégia ao planejamento da party, incentivando o jogador a equilibrar habilidades e explorar diferentes combinações de classes.
O combate de Dragon Quest III HD-2D Remake
Como em um bom RPG, as batalhas exigem atenção à combinação de habilidades, uso inteligente de magia e itens, e planejamento contra diferentes tipos de inimigos. Cada tipo de classe contribui para o grupo de maneira específica, como guerreiros absorvendo dano e magos causando dano em área, o que requer uma abordagem tática para enfrentar grupos de inimigos variados.
Embora Dragon Quest III não seja o RPG mais complexo em termos de gerenciamento, ele equilibra bem a dificuldade, especialmente com o aumento da variedade de inimigos e a introdução de monstros mais poderosos.
Contudo, a administração de recursos pode acabar frustrando caso a pessoa não seja familiar com o gênero e grind. Pontos de magia e itens de cura se tornam críticos em áreas longas e chefes, onde existe uma discrepância de um chefe para os inimigos normais e áreas do jogo.
Novidades do Remake
Mesmo sendo um remake extremamente fiel ao original, a Square Enix aproveitou para incluir algumas novidades no game, entre as vocações clássicas, como Guerreiro e Mago, o remake traz uma ótima adição, a vocação do Monster Wrangler.
A classe é conhecida por seu domínio sobre as criaturas icônicas do jogo, como o Slime. Essa vocação permite que o jogador faça amizade com criaturas solitárias ao longo da jornada, transformando-as em aliadas.
Nas batalhas, o Domador de Monstros traz habilidades únicas inspiradas nos próprios monstros, incluindo ataques em área que atingem múltiplos inimigos e feitiços de cura que podem salvar aliados em situações críticas.
Outra novidade que foi bem vinda nesse remake são os salvamentos automáticos após cada batalha e também o ajuste velocidade de batalha. Assim, o clássico grind do jogo se torna bem mais prático.
Não limitando só a isso de novidades, o jogo contém um mapa completamente reformulado. Nele, temos uma opção de marcar o objetivo, ficando assim mais simples e intuitivo de seguir a missão principal.
À medida que avança no remake, você pode encontrar monstros com um temperamento mais amigável do que aqueles que costuma enfrentar em batalhas. Esses monstros especiais estão escondidos em diversos pontos do mundo, como cidades, masmorras e até áreas secretas do mapa.
Ao encontrá-los, você poderá utilizá-los em uma nova função no remake: as Arenas de Monstros. Nessas arenas, você poderá formar uma equipe de três monstros, cada um com habilidades únicas, e enfrentará outros treinadores em combates estratégicos.
Embora não seja possível controlá-los diretamente, você pode definir táticas que influenciam o comportamento dos monstros durante as batalhas. Cada arena possui uma classificação própria, exigindo uma combinação de estratégia e uma equipe bem treinada para superar os maiores desafios.
Um remake extremamente fiel
Apesar das novidades e melhoria na qualidade de vida do jogo, o remake é extremamente fiel ao material original. Desse modo, muitas coisas de hoje em dia em RPGs mais modernos, como personalização de armaduras e toda parte estética, não está presente.
Isso também se reflete na parte da interface do usuário, que é bastante parecida com o game original, onde só temos um menu simples com os itens, sem imagem de como o item realmente é e o que vai mudar na aparência do personagem caso você equipe.
Essa tamanha fidelidade ao material original é um ponto muito importante e mostra atenção que a Square Enix está tendo com o jogo. Ao invés de reinventar a roda, ela está apenas melhorando o gráfico e adicionando mais conteúdos, sem encostar no material original.
Porém, caso você nunca jogou um game da franquia, algumas decisões e limitações podem causar estranheza. Contudo, elas eram comuns e revolucionárias para a época, devido às limitações de hardware. Um grande exemplo disso é o combate, que se mantém o mesmo do original.
Após escolher as ações dos personagens no início do turno, a batalha ocorre sem animações complexas dos personagens ou dos golpes. Essencialmente, só os inimigos aparecem na tela de combate, posicionados na frente, enquanto o grupo de personagens não é visível.
Em vez de animações do personagem atacando, o jogo exibe textos e efeitos visual da magia. Isso, obviamente, é bem mais simples se comparado com os jogos mais modernos.
Esses efeitos mostram que o ataque ou habilidade foi executado, mas os personagens em si não se movem nem aparecem na tela. Essa simplicidade foi uma limitação técnica da época. Ainda assim, ela cria um sistema de combate onde a estratégia e as escolhas do jogador são o foco.
Conclusão
Dragon Quest III HD-2D Remake é a versão definitiva de um jogo que revolucionou e mudou o curso do gênero RPG, é um remake extremamente fiel e muito necessário que vai agradar tanto os veteranos da franquia quanto os novos fãs que nunca jogaram um game da saga. O único ponto realmente negativo do jogo fica na ausência de legendas e dublagem em Português Brasileiro.
Esse é só o começo da saga do nosso Herói, pois a Square Enix já confirmou que o Remake de Dragon Quest I e II vão ser lançados em 2025. Dragon Quest III HD-2D Remake será lançado em 14/11 para PlayStation 5, Xbox Series S|X e PC
*O Cromossomo Nerd agradece a Square Enix e G64 por nos fornecerem uma chave de acesso no PS5 para esta análise.