A Mulher-Maravilha tem mais de 75 anos de história nos quadrinhos desde sua primeira aparição na “All-Star Comics” #8, de 1948, por William Moulton Marston e Harry G. Peter. Muitos criadores celebrados deixaram sua marca na personagem desde então, mas uma das contribuições mais duradouras jaz nas mãos do escritor-desenhista George Pérez, que assumiu o quadrinho da Mulher-Maravilha em 1987, após o recomeço trazido pela Crise nas Infinitas Terras.
Durante sua passagem de cinco anos no título, Pérez seguiu o modelo da história da personagem, mas acrescentou o papel dos deuses gregos na mitologia da heroína. O papel de Pérez sem dúvida foi influente nos fãs, incluindo Patty Jenkins – A diretora do vindouro filme da Warner Bros. Mulher-Maravilha. Em comentários públicos, Jenkins citou o trabalho de Pérez como um grande ponto de referência para o filme, que se monta ao redor da origem da personagem, após a primeira performance de Gal Gadot como a icônica heroína em Batman vs Superman: A Origem da Justiça.
Nesse final de semana passado na WonderCon em Anaheim, o CBR [veículo americano da matéria original] conversou com Jenkins sobre os motivos que fizeram o trabalho de Pérez ser tão impactante nela, o que faz um bom vilão da Mulher-Maravilha, o que a empolga no fato das audiências populares aprenderem sobre a personagem e suas esperanças em contar uma “super divertida” história moderna estrelando Diana de Themyscira, seguindo esse filme de origem ambientando na Primeira Guerra.
CBR: Patty, famosa como seja a Mulher-Maravilha, ainda existe no âmbito popular a audiência que não conhece a personagem – antes de Batman vs Superman, eram mais de 35 anos desde que ela esteve em um live action. O que te empolga no fato dessas pessoas aprenderem sobre a Mulher-Maravilha coisas que eles talvez não saibam?
Patty Jenkins: A profundidade e a dimensão do amor e essas lindas ambições estão no centro do que ela acredita, e, ainda assim, nada disso a impede de ser poderosa como qualquer super-herói que você já tinha visto. Mas eu amo a moral do ponto de vista dela. Um mundo de histórias de super-herói são histórias de uma pessoa normal do dia-a-dia que foi escolhida para uma missão. E esse tipo de história é mágica e maravilhosa também. Mas, no caso dela, ela tem essa história rara de vir aqui com um propósito, com o objetivo de salvar a humanidade, porque ela acredita no sistema. Isso é pouco comum e maravilhoso.
Eu acho que vê-la e saber que cada vez que ela acerta um golpe, ela está pensando em um forte ponto de vista dos motivos que a levam a fazer aquilo – porque ela precisa, naquele momento – É uma coisa levemente diferente e mágica sobre ela.
Parece que demorou muito pra chegar aqui? Sendo que não existiu um filme da Mulher-Maravilha em 75 anos de história?
Eu não podia acreditar nisso. Foi por isso que eu quis fazer isso durante tanto tempo. Eu amo filmes de super-herói e história de origem. Então quando eu entrei no jogo e comecei a ganhar a oportunidade de ser consultada sobre os filmes que eu queria fazer, eu disse: “Mulher-Maravilha? Vocês são loucos? Eu não posso acreditar que isso ainda está aqui. Eu ia adorar fazer isso!” Poder fazer Mulher-Maravilha é uma grande honra. Eu super amei a Mulher-Maravilha quando criança; Ela era minha super-heroína. Estar aqui hoje não parece real e é uma grande honra.
Comparada com vários super-heróis de seu escalão, a Mulher-Maravilha não tem vilões que consigam a mesma quantidade de respeito. Para esse filme, veremos Ares e a Doutora Veneno. O que você acha que faz um vilão da Mulher-Maravilha ser bom, e como isso aparece nesses personagens?
Eu acho que eles têm que antagonizar com o ponto de vista moral dela. Não importa quem sejam, seus vilões precisam ter as próprias visões sobre a vida e humanidade, e o que eles merecem, e essas duas coisas precisam estar em conflito. E precisa existir diálogo.
É o que é tão bom sobre Ares. Ele tem uma crença em um sistema sobre o que a humanidade representa e o que eles merecem. Essa é uma importante disputa entre ela e ele. Porque os dois estão certos – Os dois têm razão sobre o que eles acreditam sobre a humanidade, então o que você vai fazer?
Na nossa visita à sala de edição em Londres, cerca de um mês atrás, você mencionou o trabalho de George Pérez como influente sobre o filme. Qual parte do trabalho dele na Mulher-Maravilha se conecta a você?
Eu acho que é o fato dele ter expandido o papel dos deuses. Esteve sempre lá – Nada do que ele fez contradisse o que William Marston fez e criou, eu acho que só expandiu além e materializou quem os deuses são. O que é o relacionamento entre eles e como funciona. O que foi uma coisa maravilhosa para nós pegarmos.
O filme toma lugar na Primeira Guerra Mundial, o que o torna único para um filme de super-herói, mas a personagem significava algo diferente lá do que o que significa hoje. Você espera fazer uma história da Mulher-Maravilha que se passe no presente?
Eu ia amar fazer uma história assim, eu ia amar fazer a Mulher-Maravilha na América e em outras regiões. Eu estou tão animada que esse personagem existe agora, que terá tantas histórias, assim como ela faz nos quadrinhos, todos os diferentes tipos de coisas. Mesmo as superdivertidas e diretas histórias da Mulher-Maravilha – nossa história realmente conta tudo o que leva ela a se tornar essa pessoa, e agora temos que brincar com isso, o que é maravilhoso.