O final de Vingadores: Ultimato pôs um fim à trajetória de Steve Rogers como o Capitão América, com o personagem passando o escudo para Sam Wilson, o Falcão. Está fixado que o manto do Capitão América agora terá um novo dono, mas e quanto a seu posto de líder? Kevin Feige, presidente do Marvel Studios, já deu a resposta disso em muitas de suas entrevistas, afirmando que nessa questão, a Capitã Marvel da Brie Larson seria o novo rosto que ficaria à frente do MCU.
A nova fase da Marvel nos cinemas promete trazer diversidade entre seus personagens, e Pantera Negra e a própria Capitã Marvel foram os bem-sucedidos primeiros exemplos disso. Novos Vingadores virão, e com eles, vem Carol Danvers para ocupar o totem deixado vago pelo Capitão América. Mas estaria o público nerd preparado para ver uma mulher decidida e segura de si liderando a Marvel nos cinemas? Todo o volume de ódio disseminado contra a personagem e a atriz que a interpreta dão a entender que não.
Os motivos alegados para as críticas são uma suposta arrogância compartilhada entre Brie Larson e Carol Danvers, bem como uma duvidosa insatisfação sobre a ideia da atriz em pedir mais diversidade e representação feminina nos filmes da editora, o que é comumente taxado como “lacre” na internet. É desconfortável saber que uma mulher com uma personalidade forte e segura de si possa incomodar de uma maneira tão perturbadora, a ponto das qualidades tanto da personagem quanto da atriz passem a ser confundidas com arrogância e prepotência.
Em vista disso, o fato da Capitã Marvel transparecer autoconfiança e preparo é um dos atributos que a melhor qualifica como a nova líder da próxima fase do MCU. Outro personagem que também apresentou tais características foi o próprio Rogers, durante sua fase como Capitão América. Os personagens apresentam duas personalidades distintas, mas com elementos em comum. Enquanto Steve era um idealista nato e um jovem de coração nobre, mas fisicamente limitado, Carol foi uma excluída, que teve de batalhar bastante para conseguir seu espaço num ambiente predominantemente masculino, onde muitos queriam vê-la falhar só por ser mulher.
Ele surgiu do idealismo inflamado por um mundo melhor e com liberdade, enquanto mostrava o que podia fazer ao tornar-se capaz onde era esperado seu fracasso. São situações distintas com personagens distintos, mas que dividem o mesmo modelo de comando, orientação e influência. Ademais, a postura de Carol Danvers também é diferente do Capitão, pois ela é realmente o ser mais poderoso já apresentado pela Marvel nos cinemas. Por isso, sua moral é tão acentuada. Se ela é a mais forte e poderosa, é normal que aja como tal. Agora, cabe aos insatisfeitos aceitarem ou ignorarem.
Outro tópico ainda vigente, porém extremamente vergonhoso, é o ódio disparado contra Brie Larson, intérprete da Capitã. Sem motivos críveis ou razão conhecida, os detratores praticam isso simplesmente por não gostarem da atriz. Brie é uma das profissionais mais notáveis de sua geração. Vencedora do Oscar na categoria de Melhor Atriz. Cantora. Ativista feminista. Defensora dos direitos LGBT. Uma das fundadoras do Timesup. Próxima comandante do MCU. Faturou mais de US$ 1 bilhão com sua Capitã Marvel e por aí vai.
Então, qual seria o problema de algumas pessoas com ela? Talvez, a resposta esteja no que Larson já disse e repetiu em entrevistas: Pediu mais diversidade nas turnês de imprensa de seu filme solo, mais representação feminina e LGBT nos longas da Marvel. Como se não bastasse, ainda há quem reclame por ela ser sisuda e não sorrir (?!).
Coisas simples parecem ter impactado de forma intensa o ego frágil dos que tem repulsa a aceitar que a hegemonia vigente que já começou a ser desconstruída. O mundo não deve seguir um padrão, pois ele é composto por uma diversidade rica e plural. Produções como Pantera Negra provam que a Marvel está se movendo para seguir os avanços e não vai parar. O investimento em obras desse segmento irá continuar e prosperar cada vez mais. O primeiro passo foi dado, e estejam prontos ou não, agora será uma mulher que irá liderar a maior franquia do cinema.