Convidados pela Disney para assistir ao mais novo projeto da Marvel Studios, pudemos constatar mais uma vez a capacidade de James Gunn como diretor e roteirista, e sua habilidade em criar profundidade e carisma por personagens completamente desconhecidos do grande público.
Assim como no primeiro longa, Guardiões da Galáxia Vol. 2 começa com uma cena de abertura marcada pelo humor e com sua tradicional trilha sonora que marcará as paradas de sucesso por um longo período. Diferente do primeiro filme, a cena de abertura é mais ambiciosa e grandiosa, em um número que envolve todos os guardiões principais e dita o tom do filme dali em diante.
Como esperado, o grande destaque é o pequeno Baby Groot. É incrível pensar o quanto personagens feitos inteiramente em CGI podem ser carismáticos (às vezes até mais do que os feitos em carne e osso), assim como Groot, Rocket é outro grande destaque, principalmente no quesito profundidade emocional, você consegue sentir o pesar e a importância do personagem para a trama e para a equipe.
Um fato curioso do novo filme é que, diferente dos demais filmes da Marvel, Guardiões da Galáxia Vol. 2 não se preocupa em focar sua história nas Joias do Infinito ou na batalha direta contra Thanos, o filme se sustenta por si só e isso é incrível, reafirmando a capacidade de Gunn em contar histórias próprias e coesas.
Diferente de seu concorrente que apresenta uma proposta similar (uma equipe de desajustados que se unem para combater um mal maior), Guardiões obtém sucesso em apresentar uma equipe com problemas de convivência e que têm defeitos, mas que conseguem superar isso para salvar seus amigos e se tornarem uma família (sem que isso pareça totalmente forçado ou clichê).
Para aqueles que insistem em criticar os filmes da Marvel por serem coloridos demais e piadistas demais, sinto lhe dizer, mas esse filme lhe causará um AVC. Assim como no primeiro filme, o roteiro é totalmente jovial e cômico, porém elevado a um novo patamar, e cor é o que não falta! Em alguns momentos achei que teria um ataque epilético, mas de uma maneira positiva. O filme possui uma fotografia lindíssima e que realmente te faz acreditar que está vivendo uma aventura espacial, tudo é muito reluzente e extremamente colorido, aliado a momentos cômicos e uma trilha sonora marcante, em 90% do tempo fiquei com um sorriso estampado no rosto enquanto assistia àquela ópera espacial.
Ainda falando sobre o humor do filme, preciso ressaltar a malícia do conteúdo apresentado, não é apenas um filme bobinho feito para crianças. Gunn parece não se importar com o fato de estar produzindo um filme de forma indireta para a Disney, ele fez um filme para a Marvel e teve (mais uma vez) êxito nisso, se for assistir ao filme legendado, prepare-se para ver piadas sujas e que com certeza fariam o Capitão América ficar com as bochechas vermelhas.
Diferente de Capitão América: Guerra Civil, Guardiões da Galáxia Vol. 2 não tem medo de apresentar consequências negativas e perdas, em meio a tanta cor e humor, o filme apresenta uma carga emocional fortíssima e uma nuance cinzenta que não o deixa se tornar mais um filme genérico de super-heróis, mas uma aula de como transportar quadrinhos para os cinemas com maestria.
Com uma overdose de referências e aparições especiais, somados a um roteiro competente, Guardiões da Galáxia vol. 2 mostra que não depende do Universo Cinematográfico Marvel para sobreviver e que tem o que é preciso para ser bem-sucedido, assim como Power Rangers, Guardiões da Galáxia sabe o seu lugar e abraça a galhofa para entregar algo primoroso e digno dos quadrinhos. Resta saber se o mesmo nível será mantido se a equipe for entregue nas mãos de outro diretor/roteirista e com uma nova formação.