Muito se fala em crise do mercado dos quadrinhos, com empresas deixando de publicar títulos ou o fechamento de bancas de jornais que vendem esses produtos, porém, não se pode deixar passar em branco o enorme e hercúleo esforço dos profissionais independentes para conseguirem publicar e distribuir suas HQs.
Um desses profissionais é o João Vitor Palermo, o tatuador e quadrinista é autor do elogiado Solidão (2017, publicada pelo selo independente Peixe de Luz) e está atualmente buscando recursos para poder levar o quadrinho Vazio para o público leitor.
A sinopse de Vazio é a seguinte:
Um homem divorciado e depressivo prefere aceitar uma vida miserável e cheia de sentimentos negativos do que acreditar que pode superar o passado. Após mais uma noite – de tantas – sem dormir, ele passa a ter alucinações que remetem a eventos do passado, que o retiram da sua zona de conforto e o colocam num poço ainda mais profundo de melancolia e desesperança, de onde ele não consegue sair. Agora, diante dessas alucinações, ele não tem outra opção senão a de encarar os fantasmas do seu passado.
A narrativa é focada nos sentimentos humanos mais sombrios e difíceis de lidar, e conta sua história toda sem texto, destacando o limbo emocional do personagem. João Vitor concedeu uma entrevista ao Cromossomo Nerd, onde falou a respeito do quadrinho, suas influências e o processo de escrita.
A temática do quadrinho envolve problemas psicológicos. Por que você decidiu incluí-los?
“Como no meu trabalho anterior, Solidão, decidi falar de assuntos que conheço para que a obra seja a mais sincera possível. Como uma pessoa que sofre de distúrbios como ansiedade e depressão, acho muito importante termos obras assim para que as pessoas que passam por isso se identifiquem, e também para as que desconhecem o assunto criem empatia.”
Como foi o processo de escrita da HQ?
“Como gosto de trabalhar com quadrinhos mudos, costumo começar com um roteiro bem simples, e deixo grande parte da criação para as thumbnails. Acho que a fluidez da narrativa gráfica é muito importante na imersão do leitor, por isso priorizo essa etapa.”
Você tem algum quadrinista que te influencie? Qual, e como?
“Will Eisner, Chabouté e Bastien Vivès são artistas que me inspiram a sempre melhorar no que amo fazer, que são os quadrinhos. Mas com certeza minha maior influência é o Jeff Lemire, suas obras transbordam sensibilidade e contam com uma narrativa impecável, coisa que tento fazer em meus trabalhos.”
Vazio é um drama sobre superação e recomeço. Como foi para você escrever sobre temas tão fortes?
“Meus quadrinhos têm muitos elementos autobiográficos, por isso trabalhar neles é quase uma terapia. Acredito que isso enriqueça a obra e também permite que eu expresse e compartilhe meus sentimentos.”
O autor conta com um financiamento online para conseguir juntar o dinheiro necessário para a publicação de sua nova obra. Você pode ajudá-lo (e ao mercado de nacional de HQs) tanto compartilhando e divulgando sobre Vazio nas redes sociais ou acessando o site e apoiando o projeto com a quantia que puder.